A "Nossa História pode ser contada" – Um relato sobre alfabetização em círculos de cultura em Nazaré (RO)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34024/olhares.2021.v9.12536

Palavras-chave:

Educação Popular, Diálogo, Participação

Resumo

A desigualdade social é uma das mais fortes marcas do Brasil, mantendo grupos segregados e hierarquizados, seja por razões econômicas, étnicas, raciais, de gênero, de sexualidade e até por seus níveis de escolarização. O analfabetismo persiste em nosso país e coincide quase exatamente com a geografia da pobreza. Frente a este contexto, o presente artigo traz o relato de uma vivência com mulheres ribeirinhas cuja história, segundo uma delas: “pode ser contada”. A experiência foi realizada na comunidade de Nazaré, localizada no baixo Rio Madeira/RO, na Amazônia brasileira e ocorreu no âmbito das ações do Núcleo de Apoio às Populações Ribeirinhas da Amazônia - NAPRA. Este artigo apresenta o relato de um trabalho cujo objetivo foi o de desenvolver encontros pedagógicos com vistas à alfabetização de algumas mulheres adultas. A metodologia foi pautada nos círculos de cultura segundo o referencial freiriano. Como resultados são apontados quatro aprendizados principais: 1) a importância de estar, de forma genuína, no território onde os encontros acontecem; 2) a necessidade de articulação regional-local e da permanência para o êxito das atividades; 3) a importância do processo como gerador de potencialidades coletivas e individuais; 4) o entendimento de que, mesmo a experiência sendo pontual, pode gerar mobilização, possibilidade concreta de transformação e partilhas amorosas. Importante ressaltar que, a Amazônia tem sido foco de graves ameaças sociais e ambientais, sendo reduzida a histórias de conflito e violência. Porém, há muitas narrativas a serem compartilhadas e sempre é possível ter esperança quando conseguimos contar outra história.

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Biografia do Autor

Helen Cristiane da Silva Theodoro, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Atualmente, desenvolve pesquisa na área de Sexualidade, Educação Sexual e Deficiência Visual, além de cursar especialização em Intervenção ABA pela CBI of Miami.

 

Michele Cristina Batista Barbado, Unisal/Faveni

Graduanda em Letras pela UNIFAVENI, graduada Pedagogia (UNISAL - 2020) e em Comunicação Social pela Faculdade de Americana (2010). Trabalha como voluntária no Núcleo de Apoio à População Ribeirinha da Amazônia (NAPRA). Professora da rede estadual de ensino, acredita que o saber nunca ocupa espaço, frase essa que a direciona pela vida. 

Sophia Ricci Noronha, Fundação Getulio Vargas - FGV

Formada em Administração Pública pela FGV (Fundação Getulio Vargas), Já trabalhou em projetos de impacto socioambiental com povos ribeirinhos (NAPRA - Núcleo de Apoio às Populações Ribeirinhas da Amazônia) e é membra voluntária da Amparar (Associação de Familiares e Amigos de Presos). Hoje atua como consultora de negócios comunitários na Mandu Inovação Social.

 

Valéria Oliveira de Vasconcelos, Unisal/Faveni

Professora do Programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa CNPq/UFSCar Práticas Sociais e Processos Educativos e do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Ambiental (GEPEA-CNPq/UFSCar). Membro do Grupo de Trabalho "Educación Popular y pedagogías críticas" (CLACSO). Coordenadora do GT 06 - Educação Popular - Anped (2021-2023). 

 

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Publicado

2021-11-25

Como Citar

Theodoro, H. C. da S., Barbado, M. C. B., Noronha, S. R., & Vasconcelos, V. O. de. (2021). A "Nossa História pode ser contada" – Um relato sobre alfabetização em círculos de cultura em Nazaré (RO) . Olhares: Revista Do Departamento De Educação Da Unifesp, 9(3). https://doi.org/10.34024/olhares.2021.v9.12536