Chamada para dossiê Ensino de Filosofia
Pensamento e ação, via de regra, caminham juntos. O modo pelo qual se opera esse enlace, todavia, é deveras variável. Interessa-nos aqui aludir a uma experiência de pensar que reverbera nos atos humanos, na existência, na configuração do mundo, mas cujo enlace com o agir exige uma tônica outra, com graus variáveis de dissonância e reverberação. Essa experiência é filosófica. A saber, um pensamento que, orientado por uma perplexidade originária, transtorna os esquemas que normalmente orientam os quadros a partir dos quais damos como certas as significações e o sentido das palavras, das condutas, das coisas todas que existem e compõem nosso universo. Lançar-se na direção de tal experiência, que ousa transtornar nossa paisagem interna, exige uma desconexão, um desvio em relação aos imperativos pragmáticos, à lógica operatória e eficaz que norteia nossos intuitos de sobrevivência e de perenidade. Numa palavra, a filosofia enquanto experiência de pensamento por sua própria natureza, ainda que faça do real e de tudo que ele envolve seu objeto, requer uma distância do envolvimento técnico com a coisalidade e um desvio do puro desejo de conformidade.
Em vista disto, a questão que para nós se impõe, assim se configura: essa experiência pode de fato ser ensinada? Ao sermos assim interpelados, são várias as vertentes de reflexão que se descortinam. Mencionemos algumas delas.
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