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CHAMADAS PARA OS PRÓXIMOS DOSSIÊS 

 

Dossiê “Funções da Arte”.

Organização: Luciano Gatti

Submissão de artigos e resenhas até 28 de Fevereiro de 2025 pelo site da Limiar e por e-mail:

Site: https://periodicos.unifesp.br/index.php/limiar/about/submissions

Endereço eletrônico para submissão: lfgatti@unifesp.br

 

Certa vez, Walter Benjamin afirmou que o efeito exercido pelos experimentos brechtianos era, antes de tudo, pedagógico, depois, político, e só por fim poético. Sua provocação indicava que manifestações usualmente tomadas como obras de arte – a prosa literária, a lírica, o drama – podem exercer funções que ultrapassam o domínio circunscrito do artístico. Benjamin pensava no contexto de vanguardas que almejavam levar a arte para além daquela concepção de fruição desinteressada que determinara paulatinamente a consolidação de sua autonomia e da estética enquanto disciplina filosófica na Modernidade. Ao apontar funções não artísticas para fenômenos que nos acostumamos a considerar como arte, ele evidenciava a historicidade da noção de obra autônoma, considerando outras funções para textos, imagens e artefatos. Se nos voltarmos para o passado, vemos então que determinados objetos, como uma imagem a serviço da evocação de uma divindade, passaram a ser observados pelo prisma de uma arte particular, como a escultura e a pintura, em época muito posterior a seu surgimento, frequentemente sendo deslocados de seu local de origem – um templo, uma igreja, uma praça – para o ambiente por excelência destinado à contemplação de objetos sem função prática, teórica ou religiosa – o museu. Exigências do tempo presente, por sua vez, podem evidenciar que os critérios oriundos do âmbito da arte autônoma se mostram insuficientes para produções surgidas a partir de uma posição crítica perante meios artísticos consolidados. Simultaneamente, também é necessário observar que obras autônomas, em princípio sem finalidade, inevitavelmente exercem uma função social à medida que estão mediadas por condições materiais e técnicas desde o momento de sua produção até a recepção. O debate sobre sua função social não se restringe assim às estratégias para sua politização.

Com base nessas considerações, a revista Limiar propõe um dossiê destinado a pensar as “funções da arte” a partir de contextos e abordagens os mais diversos. Considerações sobre a formação da autonomia artística na estética europeia são tão bem-vindas quanto aquelas que debatam as limitações dessa tradição para a compreensão de fenômenos produzidos em outros contextos históricos, geográficos e culturais. Do mesmo modo, são igualmente pertinentes o debate de amplo escopo sobre o lugar da arte e de suas instituições no mundo contemporâneo, associado a questões sociais, políticas e culturais, e as análises de obras particulares que evidenciem o impacto da modificação dos meios e gêneros artísticos nas funções da arte. Além de artigos, a Limiar incentiva igualmente a submissão de resenhas de livros recentes, publicados no Brasil e no exterior, que debatam as questões propostas pelo dossiê.

 

  • Chamada para dossiê Ensino de Filosofia

    2025-07-22

    Pensamento e ação, via de regra, caminham juntos. O modo pelo qual se opera esse enlace, todavia, é deveras variável. Interessa-nos aqui aludir a uma experiência de pensar que reverbera nos atos humanos, na existência, na configuração do mundo, mas cujo enlace com o agir exige uma tônica outra, com graus variáveis de dissonância e reverberação. Essa experiência é filosófica. A saber, um pensamento que, orientado por uma perplexidade originária, transtorna os esquemas que normalmente orientam os quadros a partir dos quais damos como certas as significações e o sentido das palavras, das condutas, das coisas todas que existem e compõem nosso universo. Lançar-se na direção de tal experiência, que ousa transtornar nossa paisagem interna, exige uma desconexão, um desvio em relação aos imperativos pragmáticos, à lógica operatória e eficaz que norteia nossos intuitos de sobrevivência e de perenidade. Numa palavra, a filosofia enquanto experiência de pensamento por sua própria natureza, ainda que faça do real e de tudo que ele envolve seu objeto, requer uma distância do envolvimento técnico com a coisalidade e um desvio do puro desejo de conformidade.

    Em vista disto, a questão que para nós se impõe, assim se configura: essa experiência pode de fato ser ensinada? Ao sermos assim interpelados, são várias as vertentes de reflexão que se descortinam. Mencionemos algumas delas.

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  • Chamada para dossiê Razão trágica

    2025-07-07

    O trágico remete sempre a uma existência ou a uma ordem que, sob a égide da fatalidade, capitula e naufraga. Passando ao largo da ampla e divergente fundamentação sobre esse tema, deixemo-nos conduzir por Peter Szondi, para quem os heterodoxos registros que visam definir esse termo convergem para um mesmo ponto: a tragicidade se configura exatamente quando o empenho na salvação torna ainda mais determinante o colapso, a perda, o derrame da negatividade. Não é outra a dinâmica inscrita no cerne de uma razão que traz em si essa mácula.

     

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