Entre a utopia e a catástrofe
Sobre a ideia de promessa de felicidade na Teoria Estética de Adorno
DOI:
https://doi.org/10.34024/limiar.2025.v12.20222Palavras-chave:
Adorno, Teoria Crítica, Estética, FelicidadeResumo
Este artigo discute a ideia de “promessa de felicidade” na teoria estética de Theodor W. Adorno, reconstruindo brevemente sua origem na tradição filosófica e literária moderna. Em seguida, analisa-se a especificidade da abordagem adorniana, segundo a qual a promessa não se realiza de forma afirmativa, mas se mantém em confronto com a sua frustração. Sustentamos que, para Adorno, a arte carrega uma promessa que não se cumpre — e é nesta quebra que a utopia adquire densidade crítica, ao apontar para a impossibilidade de reconciliação no presente. A proposta do artigo é mostrar como a fidelidade da arte à promessa se dá por sua recusa ao cumprimento ilusório, especialmente diante das formas presentes na indústria cultural. Assim, a promessa de felicidade em Adorno é compreendida como negativamente modulada, vinculada à denúncia do sofrimento social e à resistência à integração estética.
Referências
ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética Do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos. Trad.: Guido Antonio De Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
ADORNO, T. W. “A arte é alegre?” [Ist die Kunst heiter?] In: Noten zur Literatur. Gesammelte Schriften 11. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1996. p. 599-606. Tradução de Newton Ramos-de-Oliveira. Disponível em: https://bibliotecasocialvirtual.wordpress.com/wp-content/uploads/2010/06/adorno-a-arte-e-alegre-1966-doc.pdf
ADORNO, T. W. “Über den Fetischcharakter in der Musik und die Regression des Hörens”. Zeitschrift für Sozialforschung, v. 7, n. 3, p. 321–356, 1 out. 1938; “O fetichismo na música e a regressão da audição”. Tradutor: Luiz João Baraúna. In: BENJAMIN, W. HABERMAS, J; HORKHEIMER, M.; ADORNO, T.W. Textos escolhidos. p. 165 191. São Paulo: Abril Cultural, 1975.
ADORNO, T. W. Filosofia Da Nova Música. Tradução: Magda França. Editora Perspectiva, 2020.
ADORNO, T.W. Minima Moralia: reflexões a partir da vida danificada. Tradução de Luiz. Eduardo Bica. 2. ed. São Paulo: Ática, 1993.
ADORNO, T. W. Teoria Estética. Tradução: Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 2008.
ALVES SOUZA, I. L. MÚSICA PARA NÃO SER OUVIDA: audição distraída a partir de Theodor Adorno. PÓLEMOS – Revista de Estudantes de Filosofia da Universidade de Brasília, [S. l.], v. 12, n. 26, p. 341–358, 2023. DOI: 10.26512/pl.v12i26.48605. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/polemos/article/view/48605.
ARALDI, C. L. A fisiologia da arte no Nietzsche tardio. Veritas (Porto Alegre), v. 69, n. 1, p. 1-11, 28 ago. 2024. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/veritas/article/view/44937
BAUDELAIRE, C. The Painter of Modern Life and Other Essays, and Art in Paris 1845-1862. Tradução: Ralph Manheim. Nova Iorque: Pantheon Books. 1964.
BAUDELAIRE, C. Sobre a Modernidade. Trad.: Christine Röhrig e Maria Elisa Cevasco. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2008.
CACHOPO, J. P. “Da verdade da aparência à do enigma: Para uma reavaliação contemporânea da estética de Adorno”. Artefilosofia, v. 7, n. 13, p. 89–105, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufop.br/raf/article/view/563
CACHOPO, J. P. “Para uma Dialéctica Constelar: Theodor W. Adorno à entrada do Século XXI”. Trans/Form/Ação, v. 39, p. 213–232, mar. 2016. Disponível em: https://revistas-teste.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/5811.
CACHOPO, J. P. Verdade e enigma: ensaio sobre o pensamento estético de Adorno. Lisboa: Vendaval, 2013.
CAMBEIRO, D. “Caminhos de eros sob a óptica da cristalização. Uma mirada sobre as figuras literárias de Heloisa, Mariana Alcoforado e Adéle Hugo”. Revista Brasileira de Literatura Comparada, v. 9, n. 10, p. 75–94, 1 fev. 2017. Disponível em: https://revista.abralic.org.br/index.php/revista/article/view/154
CARNEIRO, S. “A crítica a partir da fantasia: um debate entre Horkheimer e Marcuse”. Artefilosofia, v. 19, n. 35, p. 1–26, 21 jun. 2024. Disponível em: https://periodicos.ufop.br/raf/article/view/7153
CHAVES, E. “Considerações sobre o ator. Uma introdução ao projeto nietzschiano da fisiologia da arte”. Revista Trans/Form/Ação. v. 30, n. 1, p. 51-63. São Paulo. 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-31732007000100005
CHAVES, E. “L’ amour, la passion. Nietzsche e Stendhal”. In: AZEREDO, V. (org.). Falando de Nietzsche. Ijuí: Editora da Unijuí. 2005.
CONSTÂNCIO, J. “’Quem tem razão, Kant ou Stendhal?’ uma reflexão sobre a crítica de Nietzsche à estética de Kant”. Kriterion: Revista de Filosofia, v. 54, p. 475–495, dez. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/kr/a/xHnzHfm8NRsSQVkdPwZhcyM/
FLECK, A. “A possibilidade da crítica no capitalismo tardio. Sobre os remetentes e os destinatários da teoria crítica tardia de Theodor W. Adorno”. Trans/Form/Ação, Marília, SP, v. 41, n. 3, p. 145–168, 2023. Publicado originalmente em 31 de outubro de 2018. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/6308.
FINLAYSON, J. G. “The Artwork and the Promesse du Bonheur in Adorno”. European Journal of Philosophy, v. 23, n. 3, p. 392–419, set. 2015. Publicado originalmente em 07 de Junho de 2012.
FINLAYSON, J. G. “The Work of Art and the Promisse of Happiness in Adorno” in World Picture, v.3, Summer, 2009. Disponível em: http://worldpicturejournal.com/article/the-work-of-art-and-the-promise-of-happiness-in-adorno/
FREITAS, V. “Fetichismo e regressão musicais em Theodor Adorno”. Pensando – Revista de Filosofia, Vol. 8, Nº 16, p. 80–106, 2018. DOI: 10.26694/pensando.v8i16.6447. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3399
GORDON, P. E. “Social Suffering and the Autonomy of Art”. New German Critique, v. 48, n. 2 (143), p. 125–146, 1 ago. 2021.
HOHENDAHL, P. U. The fleeting promise of art: Adorno’s aesthetic theory revisited. Ithaca: Cornell University Press, 2013.
KANGUSSU, I. Leis da liberdade: A relação entre estética e política na obra de Herbert Marcuse. São Paulo: Ed. Loyola. 2008.
MARCUSE, H. “Filosofia e teoria crítica”. In: MARCUSE, Herbert. Cultura e sociedade – Vol. 1. Tradução: Robespierre de Oliveira, p.89-136, São Paulo: Paz e Terra, 1997.
MAYNE, J. “Introdução do Editor e Notas Biográficas”. Em: BAUDELAIRE, C. The Painter of Modern Life and Other Essays, and Art in Paris 1845-1862. Trad. Ralph Manheim. Nova Iorque: Pantheon Books. 1964.
NIETZSCHE, F. Genealogia da moral: uma polêmica. Tradução: Paulo César De Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
PETRY, F. B. “Theodor W. Adorno: imagens do feminino nas Minima Moralia”. ethic@ - An international Journal for Moral Philosophy, v. 13, n. 2, p. 339–362, 17 dez. 2014. Disponível em: https://doi.org/10.5007/1677-2954.2014v13n2p339
PUCIARELLI, D. “A imanência da sociedade na obra de arte”. In: DUARTE, R.; PUCIARELLI, D. (org.). A atualidade da teoria estética de Theodor Adorno. Belo Horizonte: Impressões de Minas, p.99–112, 2020.
QUEIROZ, L. M. “Utopia negativa e catástrofe: a arte como negação determinada da cultura administrada na estética de Adorno”. Griot: Revista de Filosofia, v. 15, n. 1, p. 157–172, 18 jun. 2017. DOI: 10.31977/grirfi.v15i1.745. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/745 .
STENDHAL, On love. Trad. Philip Sidney Woolf. New York: Brentano’s, 1915.
THAIDIGSMANN, E. “Das Versprechen: Metaphysische Erfahrung bei Theodor W. Adorno”. Zeitschrift für Theologie und Kirche, v. 106, n. 1, p. 118–136, 2009.
WEINTRAUB, A. “Stendhal’s Definition of Beauty, in and as Philosophy”. Romanic Review, v. 113, n. 2, p. 222–240, 1 set. 2022.
WEITZMAN, E. “No ‘Fun’: Aporias of Pleasure in Adorno’s ‘Aesthetic Theory’”. The German Quarterly, v. 81, n. 2, p. 185–202, 2008.
WIGGERSHAUS, R. A Escola de Frankfurt: história, desenvolvimento teórico, significação política. Rio de Janeiro (RJ): DIFEL, 2002.
WOTLING, P. Nietzsche et le problème de la civilisation. 2e éd ed. Paris: Presses universitaires de France, 2012.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Victor Hugo Amaro Moraes de Lima

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
