Sociedade e natureza: interpretações, reflexos na Educação Ambiental no Brasil e a necessidade do devir

Autores

  • Thayanna Maria Medeiros Santos Universidade Federal da Paraíba https://orcid.org/0000-0002-0203-105X
  • Bartolomeu Israel de Souza Universidade Federal da Paraíba

DOI:

https://doi.org/10.34024/revbea.2021.v16.11852

Palavras-chave:

Meio Ambiente, Educação, Abordagens Filosóficas.

Resumo

Considerando a necessidade de trazer novos elementos para resolução da problemática que envolve a Educação Ambiental, através de um ensaio bibliográfico crítico, esse artigo efetua reflexão das relações entre a Sociedade e Natureza a partir das correntes ambientais Antropocentrismo e Biocentrismo, destacando algumas das suas consequências para a Educação Ambiental no Brasil. Foi analisado o Antropoceno como abordagem mais atual e condizente com a realidade, cuja perspectiva é transformação social, científica e tecnológica, possibilitando as sociedades tomarem consciência que integram uma “nova” Natureza, uma construção sustentável e duradoura das relações Homem-Natureza, deixando de lado o arcaísmo que compreende a Natureza intocada, com o modernismo cego da ciência cartesiana.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Bartolomeu Israel de Souza, Universidade Federal da Paraíba

Possui graduação em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba (1995), mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba (1999), doutorado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008) e pós-doutorado em Biogeografia pela Universidad de Sevilla - Espanha (2013). É professor associado da Universidade Federal da Paraíba, estando lotado no Departamento de Geociências. Leciona nos cursos de graduação em Geografia, Biologia e Engenharia Ambiental e na pós-graduação (mestrado e doutorado) em Geografia e Programa Regional de Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA). Tem experiência na área de Geografia Física e Meio Ambiente, atuando principalmente nos seguintes temas: desertificação, manejo dos solos, relação planta x microclima x solo e Biogeografia de caatinga. 

Referências

ALMEIDA, A. J. C. Concepções ambientalista dos professores: suas implicações em Educação Ambiental. Tese, Universidade Aberta, Lisboa. 2005.

AMADO, F. A. T. Direito Ambiental Esquematizado. Rio de Janeiro: Forense. 2014.

ANDRADE, D. F.; LUCA, A. Q.; CASTELLANO, M.; RISSATO, C. G.; SORRENTINO, M. Da pedagogia à política e da política à pedagogia: uma abordagem sobre a construção de políticas públicas em Educação Ambiental no Brasil. Ciência & Educação (Bauru), v. 20, p. 817-832, 2014.

ANDRADE, H. V. Mapeamento das políticas estaduais de adaptação das cidades às mudanças climáticas no Brasil. Revista Geografia Acadêmica, v.11, p. 24-49, 2017.

ARMSTRONG, S.; BOTZLER, R. Anthropocentrism. In: ARMSTRONG S. (org.). Environmental Ethics: divergence and convergence. New York: Mc-Graw-Hill, p. 270-273, 2004.

BOFF, L. O cuidado essencial: princípio de um novo ethos. Inclusão Social, v. 1, 2005. Recuperado de http://revista.ibict.br/inclusao/article/view/1503

CAROLA, C. R. Pedagogia antropocêntrica versus ecopedagogia: a ruptura necessária para uma educação libertadora. Revista Unifreire, v.1, p. 69-77, 2014.

CAROLA, C. R.; CONSTANTE, C. E .A. Antropocentrismo pedagógico e naturalização da exploração ambiental no ensino de ciências (Brasil, 1960-1970). Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 32, p. 358-379, 2015.

CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez. 2006.

CARVALHO, I. C. M.; GRÜN, M.; AVANZI, M. R. Paisagens da compreensão: contribuições da hermenêutica e da fenomenologia para uma epistemologia da Educação Ambiental. Cadernos CEDES, v. 29, p. 99-115, 2009.

CHOUERI JUNIOR, N. Investigação em torno do antropocentrismo e da atual crise ecológica. Dissertação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2010.

CRUTZEN, P. J. Geology of mankind. Revista Nature, v. 415, p. 23, 2002.

Ellis, Erle Christopher; Ramankutty, Navin. Putting people in the map: anthropogenic biomes of the world. Frontiers in Ecology and the Environment, v.6, n.8, pp. 439-447, 2008.

ELLIS, E. C.; GOLDEWIJK, K. K.; SIEBERT, S.; LIGHTMAN, D.; RAMANKUTTY, N. Anthropogenic transformation of the biomes, 1700 to 2000. Global Ecology and Biogeography, v. 19, p. 589–606, 2010.

ELLIS, E. C. Too big for nature. In: PYNE, S. J. (org.). After Preservation: Saving American Nature in the Age of Humans. University of Chicago Press, Chicago. 2015

ELLIS, E. C. Anthropogenic transformation of the terrestrial biosphere. Proceedings of the Royal Society A: Mathematical, Physical and Engineering Science v. 369, p. 1010-1035, 2011.

FELIPE, S. T. Antropocentrismo, sencientismo e biocentrismo: perspectiva éticas abolicionistas, bem-estaristas e conservadoras e o estatuto de animais não-humanos. Revista Páginas de Filosofia, v.1, p. 1-29, 2009.

FERREIRA, F.; BOMFIN, Z. A. C. Sustentabilidade Ambiental: visão antropocêntrica ou biocêntrica? Ambientalmente sustentable, v. 9, p. 37-51, 2010.

FERRÃO, J.O Antropoceno como narrativa: uma lente útil para entender o presente e imaginar o futuro? Revista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, v. 3, p. 205-221, 2017.

FLICKINGER, H. O ambiente epistemológico da Educação Ambiental. Educação e realidade, v.19, p. 197-207, 1994.

FRANCISCO, P.. Carta encíclica Laudato Si’ do Santo Padre Francisco sobre o cuidado da casa comum. Disponível em: <https://www.puc-campinas.edu.br/wp-content/uploads/2016/03/NFC-Carta-Enciclica-laudato-si.pdf>. 2011.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1987.

GADOTTI, M. Pedagogia da Terra. São Paulo: Peirópolis. 2000.

GALLO, S. Transversalidade e educação: pensando uma educação não-disciplinar. In: GARCIA, R. L.; ALVES, N. (org.). O sentido da escola. Rio de Janeiro: DP&A. 2002

GIOMETTI, A. B. R.; SILVA, T. P. A Educação Ambiental frente a questão socioambiental. In: ALMAZÁN, J. S.; GUTIÉRREZ, N. S. N. (org.). Educación y sustentabilidad: México-Brasil. Ediciones y Gráficos Eón, p. 93-107, 2016.

GONÇALVES, A. M.; CABO, P. A.; FERNANDES, A. J.; RIBEIRO, M. I. Repensar os curriculos para uma efetiva cidadania ambiental. Egitania Sciencia, Guarda, v. 9, p. 75-100, 2011.

GONZAGA, M. J. B. O naturalismo presente na visão de professores sobre meio ambiente e as marcas da Educação Ambiental conservadora. Revista Brasileira De Educação Ambiental, v. 11, p. 54-65, 2016.

GRUENEWALD, D. A. A Foucauldian Analysis of Environmental Education: Toward the Socioecological Challenge of the Earth Charter. Curriculum Inquiry, v. 34, p. 71-107, 2004.

GRÜN, M. Ética e Educação Ambiental: A conexão necessária. Campinas-São Paulo: Papirus. 2012

GUIMARÃES, M. Educadores ambientais em uma perspectiva crítica: reflexões em Xerém. Tese, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 2003

GUIMARÃES, M. Educação Ambiental Crítica. In: LAYRARGUES, P.P. (org.). Identidades da Educação Ambiental Brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, p. 25-34, 2004.

GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus. 2005

GUIMARÃES, M. Armadilha paradigmática na Educação Ambiental. In: LOUREIRO, C. F. B. (org.). Pensamento complexo, dialética e Educação Ambiental. São Paulo: Cortez, p. 15-29, 2006.

JULIANI, S. F.; FREIRE, L. M. Representações discursivas de Educação Ambiental: uma análise no âmbito da extensão universitária. Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v. 9, p. 35-60, 2016.

JUNGES, J. R. Ética ecológica: antropocentrismo ou biocentrismo? Revista Perspectiva Teológica, v. 33, p. 33-66, 2001.

JUNQUEIRA, H.; KINDEL, E. A. I. Leitura e escrita no ensino de ciências e biologia: a visão antropocêntrica. Cadernos do Aplicação (UFRGS), v. 22, p. 145-161, 2009.

KINDEL, E. A. I. Práticas pedagógicas em Ciências: espaço, tempo e corporeidade. Erechim: Edelbra. 2012

LAYRARGUES, P. P.; LIMA, G. F. C. As macrotendências político-pedagógicas da Educação Ambiental brasileira. Ambiente & Sociedade, São Paulo, v. 17, p. 23-40, 2014. Disponível

LATOUR, B. 2014. Para distinguir amigos e inimigos no tempo do Antropoceno. Revista de Antropologia, v. 57, p. 11-31, 2014.

LEINFELDER, R. Assuming Responsibilities for the Anthropocene: Challenges and Opportunities in Education. In: TRISCHLER, H. (org.). Anthropocene: Envisioning the Future of the Age of Humans. Munich, Germany: Rachel Carson Center, p. 9-28, 2013.

LEVAI, L. F. Ética ambiental biocêntrica: pensamento compassivo e respeito à vida. Revista Eletrônica de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Cruzeiro do Sul, v. 1, p. 7-20, 2011.

LEFF, E. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Cortez. 2001

LEFF, E. 2006. Racionalidade ambiental: a reapropriação social da Natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2006.

LISBOA, C. P. Itinerário de formação: reflexões acerca de um curso sobre Educação Ambiental. In: LISBOA, C. P.; KINDEL, E. A. I. (org.). Educação Ambiental: da teoria à prática. Porto Alegre: Mediação, p.99-119, 2012.

LLORO-BIDART, T. 2015. A Political Ecology of Education in/for the Anthropocene. Environment and Society: Advances in Research, v. 6, p. 128–148, 2015.

LOUREIRO, C. F. B. Trajetória e fundamentos da Educação Ambiental. São Paulo: Cortez. 2012

MAIA, J. S. S. ; TEIXEIRA, L. A. Formação de professores e Educação Ambiental na escola pública: contribuições da pedagogia histórico-crítica. Revista HISTEDBR On-Line, v. 15, p. 293-305, 2015.

MARTINI, B.; RIBEIRO, C. G. Antropoceno: a época da humanidade? Ciência Hoje, v. 48, p. 38-43, 2011.

MANTILLA, E. E. Del antropocentrismo al biocentrismo: un recorrido hacia la educación para el desarrollo sostenible. Revista Agrollanía, v. 16, p. 20-25, 2018.

MOLINARO, C. A.; D’ÁVILA, C. D. B.; NIENCHESKI, L. Z. Gaia entre mordaças dilemáticas: antropocentrismo vs ecocentrismo. Prima Facie, João Pessoa, v. 11, p. 3-20, 2012.

MÖLLERS, N. Das Anthropozän: Wie ein neuer Blick auf Mensch und Natur das Museum verändert. In: DÜSELDER, H. (org.). Umweltgeschichte: Forschung und Vermittlung in Universita¨t, Museum und Schule. Cologne: Böhlau, p. 217-229, 2014.

MORIN, E. Articular os saberes. In: GARCIA, R. L.; ALVES, N. (org.). O sentido da escola. Rio de Janeiro: DP&A, p. 65-80, 2002.

MORIN, E. Terra-Pátria. Porto Alegre: Sulina. 2003.

MORIN, E. A cabeça-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2003.

OLIVEIRA, N. A. S. Educação Ambiental e a percepção fenomenológica, através de mapas mentais. Revista eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 16, 2006.

OLIVEIRA, C. C.; SILVA, G. I.; MARTINS, I.; LAMIM-GUEDES, V. Antropoceno e a escala da interferência humana de Pierre Dansereau: atividades de Educação Ambiental. Revista Educação Ambiental em Ação, v. 58, 2016.

OLIVEIRA, F. A. G.; DIAS, M. C. Educação, Ética Animal e Ambiental: Destituindo O Paradigma Antropocêntrico. Revista Espaço Do Currículo, v. 3, p. 370-378, 2018.

RODRIGUES, A. R. S. Educação Ambiental em tempos de transição paradigmática: entrelaçando saberes "disciplinados". Ciência & Educação (Bauru), v. 20, p. 195-206, 2014

RODRIGUEZ, J. M. M.; SILVA, E. V. Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável: problemática, tendências e desafios. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora. 2016.

ROVANI, A. Ética ambiental: a problemática concepção do Homem em relação à Natureza. Revista Direitos Culturais, v. 6, p. 13-22, 2011.

SAHEB, D.; RODRIGUES, D. G. Infância e experiências em Educação Ambiental: um estudo da prática docente na educação infantil. Revista Lusófona de Educação, Lisbon, v. 43, p. 59-74, 2019.

SANTOS, M. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 2006

SANTOS, V. M. N.; JACOBI, P. R. Formação de professores e cidadania: projetos escolares no estudo do ambiente. Educação e Pesquisa, v. 37, p. 263-278, 2011.

SANTOS, T. M. M.; OLIVEIRA, J. L. S..; OLIVEIRA, H. M.; SILVA, E. Recursos hídricos: problemas ambientais e a importância da Educação e Percepção Ambiental. Revista Educação Ambiental em Ação, v. 65, 2018.

SANTOS, A. L. M.; NOBRE, S. B. Concepções de Educação Ambiental: quais os objetivos de Professores que procuram o Centro de Educação Ambiental de Sapiranga/RS (CEMEAM)? Revista Educação Ambiental Em Ação, v. 65, p. 1-6, 2018.

SAUVÉ, L. Uma cartografia das correntes em Educação Ambiental. In: CARVALHO, I. C.M.; SATO, M. Educação Ambiental: pesquisa e desafios. Porto Alegre: Artmed, p. 17-44, 2005.

SILVA, L. O.; COSTA, A. P. L.; ALMEIDA, E. A. Educação Ambiental: o despertar de uma proposta crítica para a formação do sujeito ecológico. Revista Holos, v. 1, p. 110-123, 2012.

SINGER, P. Libertação animal. São Paulo, Martins Fontes. 2010.

SOLER, A.; DIAS, E. A. A Educação Ambiental na crise ecológica contemporânea. Revista Acesso Livre, v. 9, p. 146-164, 2016.

STROPPA, T.; VIOTTO, T. B. 2014. Antropocentrismo x Biocentrismo: um embate importante. Revista Brasileira de Direito Animal, v. 13, p. 119-133, 2014.

TAYLOR, P. W. Respect for Nature: a theory of environmental ethics. New Jersey, Princeton: Princeton University Press. 1987.

TAYLOR, A. Educating for Sustainable Common Worlds at the Eve of the Anthropocene. University of Western Sydney Spring School for Sustainability. 2013.

TAYLOR, A.; PACINI-KETCHABAW, V. Learning with children, ants, and worms in the Anthropocene: towards a common world pedagogy of multispecies vulnerability. Pedagogy, Culture & Society, v. 23, p. 507-529, 2015.

TOZONI-REIS, M. F. C.; CAMPOS, L. M. L. Educação Ambiental escolar, formação humana e formação de professores: articulações necessárias. Educar em Revista, v. 3, p. 145-162, 2014.

TRISCHLER, H. Introduction. In: TRISCHLER, H. (org.). Anthropocene: Envisioning the Future of the Age of Humans. Munich, Germany: Rachel Carson Center, p. 5-8, 2013.

TRISCHLER, H. The Anthropocene. NTM, v. 24, p. 309–335, 2016.

VEIGA, J. E. A primeira utopia do Antropoceno. Ambiente e Sociedade, v. 20, p. 227-246, 2017.

Downloads

Publicado

01-08-2021

Como Citar

Santos, T. M. M., & Souza, B. I. de. (2021). Sociedade e natureza: interpretações, reflexos na Educação Ambiental no Brasil e a necessidade do devir. Revista Brasileira De Educação Ambiental (RevBEA), 16(4), 267–286. https://doi.org/10.34024/revbea.2021.v16.11852

Edição

Seção

Artigos
Recebido: 2021-03-07
Aceito: 2021-04-30
Publicado: 2021-08-01