Revista Completa

Autores

  • Equipe Olh@res Universidade Federal de São Paulo

Resumo

A Revista Eletrônica Olh@res, criada em 2011 pelo Departamento de Educação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo Universidade Federal de São Paulo, constitui um espaço de divulgação e debates das questões voltadas para a  formação de professores e gestores educacionais da escola básica.

O segundo número do primeiro volume, que ora apresentamos, pretende contribuir para essa finalidade em suas várias seções. Na primeira delas, traz um conjunto de cinco artigos, compondo um dossiê, organizado para tratar de questões relacionadas ao sucesso e ao insucesso escolar, em especial, a fatores que interferem positiva ou negativamente na trajetória escolar de crianças e jovens.

Com essa perspectiva, Marcos Cezar de Freitas analisa práticas de bullying como uma dimensão do fracasso escolar e ViolaîneBigot relata suas pesquisas sobre a integração escolar de estudantes cuja língua materna é diferente daquela da comunidade em que esses estudantes vivem, tendo como finalidade estabelecer os nexos dessa condição com a aprendizagem escolar.

Outro estudo, desenvolvido por Frederica Padilha, Vanda Mendes Ribeiro, Antônio Augusto Gomes Batista, Luciana Alves, Hamilton Carvalho-Silva, em uma região da cidade de São Paulo, busca compreender como as desigualdades socioespaciais impactam as oportunidades escolares e revela que esse efeito é diferenciado para alunos com recursos socioculturais distintos.

Telma Leal Ferraz, Ana Carolina Perrusi Brandão, Fabiana Belo dos Santos Almeida, Erika Souza Vieira realizam uma importante reflexão sobre a alfabetização como direito das crianças brasileiras. A pesquisa que empreenderam discute as diferentes dimensões relativas ao ensino da leitura e da escrita, nas séries iniciais do ensino fundamental, e trata das convergências entre a abordagem da alfabetização, na perspectiva do letramento, e a proposta de formação de professores presente no Programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, do Governo Federal.

Completa o conjunto do dossiê o texto de Ruth Helena Pinto Cohen que, com base na Psicanálise, propõe que “grupos de conversação” possam constituir uma estratégia a ser considerada para a discussão do fracasso escolar para a formação de professor.

Os temas discutidos no dossiê não esgotam os problemas que afetam a trajetória escolar de crianças e jovens; apenas apontam alguns com que a escola se depara.  No entanto, o que fica marcado é a centralidade de se tratar a questão do insucesso escolar, haja vista que, no momento, um dos grandes desafios que os sistemas de ensino têm de enfrentar, sem dúvida, é garantir a permanência com aprendizagem.

Na sequência, está a entrevista, concedida à Revista Olh@res, do sociólogo e professor Bernard Lahire, da Universidade de Lyon II, na França, e diretor do Grupo de Pesquisa sobre Socialização (CNRS). Conhecido por seus estudos sobre as formas populares de apropriação da escrita, sobre a relação entre o sucesso escolar e a necessidade de criação de condições culturais e pedagógicas satisfatórias às crianças e suas famílias, sua entrevista retoma questões do dossiê, ao enfatizar que, em grande parte, o sucesso escolar de crianças dos meios populares exige políticas que tenham referência na lógica da realidade social e não na lógica burocrática que fragmenta os problemas sociais. Além disso, ao relacionar seus estudos à realidade brasileira, chama a atenção para aspectos importantes da nossa educação como o número baixo de horas de aula oferecida aos alunos nos anos iniciais do ensino fundamental e a má remuneração dos professores que atuam nesses anos. Lahire entende que, melhorando a qualidade e a remuneração dos professores e aumentando o número de horas no Ensino Fundamental I, o Brasil mudaria radicalmente a relação dos cidadãos para com o saber e a cultura.

A seguir, estão dois relatos de experiência e mais treze artigos de temáticas variadas que são reveladoras dos desafios vividos pelos pesquisadores e docentes do ensino superior no que se refere à formação de educadores.

Os “diários de estudos”, produção individual de alunos de um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, são objeto de análise da experiência relatada por Rosana dos Santos Jordão que utiliza esses diários para avaliar a aprendizagem dos alunos. Outra experiência, conduzida por Ana Paula Teixeira Bruno Silva e Ivanda Maria Martins Silva, ambientada em um curso de Licenciatura em Física, na modalidade de educação a distância, prioriza a prática do estágio na educação não -formal, com a intenção de contribuir para responder à necessidade de formar profissionais não apenas para atuar na escola.

Os artigos que se seguem aos relatos descortinam uma variedade de questões como as que abrangem a formação de professores em diferentes áreas do conhecimento, como os respectivos trabalhos de Magda MedhatPechliye, de Gabriela QuartinMarzari e de Fabiana Giovani.

A formação no âmbito do sistema prisional é outro tema presente, pesquisado por Marieta Gouvea de Oliveira Penna e Andressa Baldini Silva que mostram as fragilidades dessa formação e as dificuldades que as educadoras presas têm em suas práticas pedagógicas.

Os estágios curriculares em espaços não formais são mais uma vez tratados neste número da Revista, agora com outro enfoque e no âmbito das Ciências Biológicas. Especificamente, trata-se de uma discussão sobre formação do profissional dessa área para atuar em museus científicos, apresentada por Gustavo Lopes Ferreria, Helena Morais Pacheco, Luiz Paulo Costa e Silva, Fernanda Nogueira-Ferreria, Daniela Franco Carvalho Jacobucci. Ainda relacionado a estágios curriculares, há o trabalho de Antonio Almir Silva Gomes que se refere a práticas de formação para a Educação Escolar Indígena.

A Educação de Jovens e Adultos também está representada entre os temas no estudo realizado por Andrea da Conceição Cândido Rosado e Cássia do Carmo Pires Fernandes sobre as políticas e as concepções que fundamentam a prática de um grupo de docentes de escolas públicas, participantes da pesquisa.

Completam essa significativa diversidade: a educação a distância, objeto de análise de Dulce Márcia Cruz, em Curso de Licenciatura em Inglês da Universidade Aberta do Brasil; as estratégias para o desenvolvimento da criatividade em contexto escolar, apresentadas por Andréa Gomes de Alencar; a identificação de significados e sentidos construídos por crianças a respeito do espaço escolar e captados por meio da fotografia, feita por Isis Naiane Santos; os novos paradigmas adotados pelos mais recentes Livros Didáticos de Língua Portuguesa, analisados por Silvio Profirio da Silva e Tatiana Simões e Luna; o estudo de Ilsa do Carmo Vieira Goulart, também sobre livros didáticos, com foco na a materialidade do impresso a partir da análise dos dispositivos tipográficos e textuais e as concepções de um bom professor na visão de alunos de uma escola pública estudadas por Jefferson Peixoto Silva.

Por fim, na última parte da Revista, há duas resenhas, uma delas, sobre o livro A escola e o fracasso escolar, a autora, Vivian Batista da Silva, assinala a relevância do texto não apenas pela sua temática, mas principalmente pela forma como conduz as discussões. Na outra resenha, de Gabriela Marino Silva, o livro Payerlesprofsaumérite?é muito recomendado, entre outras razões, por problematizar uma questão tão atual que é a remuneração dos professores em função dos resultados de seus alunos.

Trata-se, portanto, considerando o conjunto das leituras, de um grande leque de possibilidades para a reflexão sobre a escola e seus agentes.

 

 

Boa leitura!

Equipe Editorial

Novembro de 2013

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Publicado

2013-11-30

Como Citar

Olh@res, E. (2013). Revista Completa. Olhares: Revista Do Departamento De Educação Da Unifesp, 1(2), 01–484. Recuperado de https://periodicos.unifesp.br/index.php/olhares/article/view/179