INTERSECÇÕES ENTRE AUTORITARISMO, SEMIFORMAÇÃO E DISCRIMINAÇÃO INERENTES À EXPERIÊNCIA EDUCACIONAL BRASILEIRA
DOI:
https://doi.org/10.34024/olhares.2024.v12.15819Palavras-chave:
Autoritarismo, Semiformação, Discriminação, Educação brasileira , ExperiênciaResumo
O presente artigo se dedica à compreensão dos mecanismos que teceram historicamente o véu ideológico (ADORNO, 1996), envolvido com a naturalização de preconceitos e, consequentemente, a discriminação do outro diferenciado, com ênfase nas questões étnico-raciais. Partiremos da noção de que a presença do autoritarismo no desenvolvimento da sociedade brasileira seria um fator importante para explicar, no contexto brasileiro, o fenômeno da semiformação – como descrito por Theodor W. Adorno (1996), enquanto desencadeador de processos discriminatórios. Nesse sentido, discutiremos as relações entre o autoritarismo e a sustentação de preconceitos fundamentais, em seus aspectos históricos e psicológicos, em especial o racismo contra a população negra no Brasil, sustentado pelo ideário de branqueamento nos processos de miscigenação, identificado entre os fatores ideológicos para a discriminação racial, com consequências sociais importantes. Partir-se-á da análise das condições atuais aparentemente favoráveis, em que se percebe o esforço para a convivência democrática e a valorização das diferenças – amparados por leis e diretrizes gerais da educação - Contudo, há que se evidenciar e discutir as persistentes dificuldades no desenvolvimento da consciência dedicada à desconstrução dos padrões dominantes, fatores estes que determinariam os retrocessos democráticos em meio aos avanços intermitentes no contexto pedagógico e social. Espera-se fomentar a constituição da consciência crítica, por meio da elaboração do passado histórico de modo a contribuir na construção de espaços escolares e sociais dedicados a autorreflexão e o desenvolvimento de experiências significativas e emancipatórias. Além disso, espera-se que tal análise sirva posteriormente como meio para expor o fenômeno em suas manifestações internas à estrutura e dinâmica escolares
Métricas
Referências
ADORNO, Theodor Wiesengrund. Teoria da semicultura (1959). Educação e sociedade, Campinas, ano XVII, n. 56, dez. 1996.
ADORNO, Theodor Wiesengrund. Tabus acerca do magistério. In: ADORNO, Theodor Wiesengrund. Educação e Emancipação (1970). São Paulo: Editora Paz e Terra 5ª Edição, 2020. p. 97-117.
ADORNO, Theodor Wiesengrund. Educação após Auschwitz. In: ADORNO, Theodor Wiesengrund. Educação e Emancipação (1970). São Paulo: Editora Paz e Terra 5ª Edição, 2020b. p. 119-138.
ADORNO, Theodor Wiesengrund. Educação – para quê? In: ADORNO, Theodor Wiesengrund. Educação e Emancipação (1970). São Paulo: Editora Paz e Terra 5ª Edição, 2020c. p. 139-154.
ADORNO, Theodor Wiesengrund. Educação e Emancipação. In: ADORNO, Theodor Wiesengrund. Educação e Emancipação (1970). São Paulo: Editora Paz e Terra 5ª Edição, 2020d. p. 168-185.
ADORNO, Theodor Wiesengrund. Estudos sobre a personalidade autoritária (1975). São Paulo: Editora Unesp, 2019.
ADORNO, Theodor Wiesengrund; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento (1947). Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1985.
AMARAL, Mônica Guimarães Teixeira. O Espectro de Narciso na Modernidade: De Freud a Adorno. São Paulo: Estação Liberdade, 1997.
AMARAL, Mônica Guimarães Teixeira. O que o rap diz e a escola contradiz: um estudo sobre a arte de rua e a formação da juventude na periferia de São Paulo - 1. ed. São Paulo: Alameda, 2016.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir. São Paulo: Martins Fontes 2ª Edição, 2017.
BUENO, Sinésio Ferraz. Educação, paranoia e semiformação. Educação em Revista. Belo Horizonte, v. 26, n. 2, p. 299-316, ago. 2010.
CARONE, Iray. Breve Histórico de uma pesquisa psicossocial sobre a questão racial brasileira (p. 13-23). In: CARONE, I; BENTO, M. A. (orgs.) Psicologia Social do Racismo: Estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2002. P. 13-23.
FREUD, Sigmund. (1921). Psicologia de grupo e a análise do ego. Rio de Janeiro: Imago, 1974a. (ESB,18). p. 89-179.
FREUD, Sigmund. (1930 [1929]). O mal-estar na civilização. Rio de Janeiro: Imago, 1974b. (ESB, 21). p. 81-171.
GRUSCHKA, Andreas. Frieza burguesa e Educação: A Frieza como Mal-Estar Moral da Cultura Burguesa na Educação. São Paulo: Editora Autores Associados, 2014.
MAAR, Wolfgang Leo. À guisa de introdução: Adorno e a experiência formativa. In: ADORNO, Theodor Wiesengrund. Educação e Emancipação. São Paulo: Paz e Terra 5ª Edição, 2020. p.11-28.
MBEMBE, Achille. A crítica da razão negra. Lisboa: Antígona, 2014.
MUNANDA, Kabengele. Prefácio. In: CARONE, I; BENTO, M. A. (orgs.) Psicologia Social do Racismo: Estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 9-12.
OLIVEIRA, Alessandro Eleutério; ZUIN, Antonio Álvares Soares. Alunos e professores no Orkut: a educação escolar arena ciberespacial. Linhas Críticas, Brasília, v. 17, n. 34, p. 561-582, set/dez. 2011.
SILVA. Alex Sander. Auschwitz e a interrupção da poesia ou uma crítica imanente da barbárie contemporânea. Impulso, Piracicaba, v.23, n.58, p.69-79, out/dez. 2013.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e a questão racial no Brasil – 1870/1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Alessandro Lombardi Crisostomo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.