“FALA DA GENTE, SABE?”: cenas de leitura do conto “Rolézim”, de Geovani Martins, com jovens em vulnerabilidade social

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34024/olhares.2022.v10.14505

Palavras-chave:

Democratização da leitura, Literatura, justiça Social.

Resumo

O artigo apresenta o recorte de uma pesquisa-ação socialmente crítica que implementou oficinas de língua portuguesa com jovens em vulnerabilidade que integram projetos de inclusão social do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e participam de projeto de extensão Letrajovem. O foco deste trabalho recai sobre a leitura do conto “Rolézim”, de Geovani Martins, o qual foi escolhido pela proximidade da variante linguística empregada, bem como das situações ficcionais, com aquelas vividas pelos participantes das oficinas. A abordagem funda-se na epistemologia freireana e na perspectiva do Letramento Crítico, compreendendo-se a educação como ato político, a literatura como direito humano e a leitura literária como experiência estética singular e multidimensional. Aplicou-se na interpretação dos dados do caderno de campo e da gravação a Análise de Conteúdo, identificando-se categorias neles recorrentes, organizadas em eixos temáticos: conhecimentos sobre o mundo; língua e poder; reconhecimento de desigualdades vividas; ilusão do real e identificação. Nas rodas, a leitura do mundo, as referências culturais e conhecimentos do grupo são acionados. Os resultados indicam que as características do conto e a estratégia de mediação favoreceram o engajamento dos jovens no processo de construção de sentidos, em que acionaram conhecimentos prévios, vivenciaram catarses e elaboraram reflexões crítica. A experiência corroborou a hipótese de que a aproximação com as vivências dos participantes estimularia a interação com o texto e reafirmou a relevância da adoção de perspectivas críticas e colaborativas na democratização da leitura literária com pessoas em vulnerabilidade social. Palavras-chave: Democratização da Leitura. Literatura. Justiça Social.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

  • Marcia Lisbôa Costa de Oliveira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Centro de Estudos Sociais - Universidade de Coimbra

    Professora adjunta do Departamento de Letras da FFP/UERJ, Docente do PROFLETRAS - FFP/UERJ, do PPLIN-FFP/UERJ e do PPGEDUFFP/UERJ.  Bolsista do Programa PROCIÊNCIA UERJ. Desenvolve investigação de pós-doutoramento no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, sob supervisão do Professor Doutor Boaventura de Souza Santos.

  • Karina Rivelli Gonçalves Lima, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    Graduada em Letras/Literaturas pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ. Durante a graduação atuou como bolsista da Extensão e Iniciação Científica no projeto Letrajovem. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística – FFP/UERJ com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ.

     

Referências

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Martins Fontes, [1979].

BOSI, A. Literatura e resistência. São Paulo, Companhia das Letras, 2002.

CANDIDO, A. O direito à literatura. In: CANDIDO, A. Vários escritos. 5. Ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2011. pp. 171-193.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 54. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra , 2013.

ISER, W. Os atos de fingir ou o que é fictício no texto ficcional. In: LIMA, L. C. (org.) Teoria da Literatura em suas fontes. 2. ed. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1984. v.2.

GADOTTI, M. História das ideias pedagógicas. 8. ed. São Paulo, Ática, 2003.

G1. Conheça a história dos 'rolezinhos' em São Paulo. São Paulo: G1, 2014. Disponível em: https://g1.globo.com/sao paulo/noticia/2014/01/conheca-historia-dos-rolezinhos-em-sao-paulo.html Acesso em 20 ago. 2022.

JANKS, H. Domination, access, diversity and design: a synthesis model for for critical litearcy education. Educational Review. Londres. V. 52, N. 2, p. 175-186, Jun. 2000. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/713664035 Acesso em: jun. 2017.

JANKS, H. Panorama sobre letramento crítico. In: JESUS, D. M.; CARBONIERI, D. (Org.) Práticas de multiletramentos e Letramento Crítico: outros sentidos para a sala de aula de línguas. São Paulo: Pontes, 2016. p.57-80.

JOUVE, Vincent. A leitura. Tradução Brigitte Hervot. – São Paulo: Editora UNESP, 2002.

MOISÉS, M. Dicionário de termos literários. 12. Ed. rev. E ampl. São Paulo: Cultrix, 2013.

NERIS, M. S. M.; SILVA, A. C. Relatório Nacional da Pesquisa de Medida Socioeducativa em Meio Aberto. Brasília: Ministério de Desenvolvimento Social, 2019.

PILLER, I. Language and Social Justice. In: STANLAW, J. M. (Ed.) The international encyclopedia of linguistic anthropology. Hoboken, NJ, USA: Wiley-Blackwell, Wiley, 2021. Pp 1-7. Disponível em: https://www.languageonthemove.com/wp content/uploads/2021/01/Piller_Language_SocialJustice.pdf Acesso em 17 out. 2022.

SANTOS, B. S. A gramática do tempo; para uma nova cultura política. 4. Ed. atualizada e ampliada. Belo Horizonte: Autêntica, 2022.

TODOROV, T. A literatura em perigo. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009.

TRIPP, D. H. Socially |Critical Action Research. Theory Into Practice. London, v. 29, n. 3, p.158-166, jul. 1990. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00405849009543449 Acesso em 10 mai. 2020.

TRIPP, D. H. Critical theory and educational research. Issues In Educational Research. Perth (Au), v. 2, n.1, pp.13-23, set. 1992. Disponível em: http://education.curtin.edu.au/iier/iier2/tripp.html Acesso em 10 mai. 2020.

Downloads

Publicado

2022-12-28

Edição

Seção

SEÇÃO TEMÁTICA: GEPPEDH 10 ANOS: Educação e pesquisa na perspectiva histórico-cultural

Como Citar

Oliveira, M. L. C. de ., & Lima, K. R. G. . (2022). “FALA DA GENTE, SABE?”: cenas de leitura do conto “Rolézim”, de Geovani Martins, com jovens em vulnerabilidade social : . Olhares: Revista Do Departamento De Educação Da Unifesp, 10(1). https://doi.org/10.34024/olhares.2022.v10.14505