A ATIVIDADE DE ENSINO DE MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS, APRENDIZAGEM E VULNERABILIDADE SOCIAL
DOI:
https://doi.org/10.34024/olhares.2022.v10.14381Palavras-chave:
Atividade de Ensino de Matemática, Vulnerabilidade social, Teoria Histórico-Cultural.Resumo
O texto apresenta uma pesquisa de mestrado que investigou o movimento dos sentidos atribuídos por professoras, que ensinam matemática nos anos iniciais, à organização do ensino para promover a aprendizagem do estudante em situação de vulnerabilidade social. Para isso, partindo da Teoria Histórico-Cultural, desenvolveu-se uma formação continuada em que as professoras estudaram o conceito de vulnerabilidade social e elaboraram situações desencadeadoras de aprendizagem ancoradas no conceito de Atividade Orientadora de Ensino. Foram analisadas as gravações das discussões desses momentos de formação e os materiais produzidos pelas professoras. Os resultados da análise dos dados indicam que a apropriação do conceito de vulnerabilidade social, associada a um trabalho coletivo de organização do ensino da Matemática apoiado nos pressupostos da AOE, permitiram às professoras a produção de novos sentidos e novas ações decorrentes. Evidenciando que: o êxito escolar de um estudante não é determinado pela sua classe social; os estudantes em situação de vulnerabilidade social estão condicionados ao insucesso no processo de aprendizagem; e, a escola sozinha não possui os instrumentos objetivos para a superação da vulnerabilidade, os resultados da pesquisa nos permitem defender que é possível um movimento coletivo de organização de ensino de matemática que considere as especificidades vinculadas às vulnerabilidades dos estudantes e, ao criar situações desencadeadoras que coloquem o conceito como necessidade cognitiva para as crianças, ofereça condições plenas para sua aprendizagem.
Métricas
Referências
ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G.; PINHEIRO, L. C.; LIMA, F. S.; MARTINELLI, C. C.. Juventude, Violência e Vulnerabilidade Social na América Latina: desafios para políticas públicas. Brasília: UNESCO, BID, 2002. 192 p.
ADORNO, T. W. Educação e emancipação. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
ASBAHR, F. da S. F.; NASCIMENTO, C. P. Criança não é manga, não amadurece: Conceito de maturação na Teoria Histórico-Cultural. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 33, p. 414-427, 2013.
BATISTA, Mariana Lais. A unidade afeto-cognição em situações de ensino que envolvam música e matemática para a apropriação do conceito de fração. 2022. Dissertação (Mestrado em Formação Científica, Educacional e Tecnológica) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2022.
CARAÇA, B. J. Conceitos fundamentais da matemática. 9. ed. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1989.
CASTEL, R. A insegurança social: o que é ser protegido? Petrópolis: Vozes, 2005.
CEDRO, W. L.; MORAES, S. P. G. de; ROSA, J. E. da. A atividade de ensino e o desenvolvimento teórico em Matemática. Revista Ciência & Educação, v.16, n. 2, p. 427-445, 2010.
CEDRO, Wellington Lima; MOURA, Manoel Oriosvaldo. Experimento didáctico: un camino metodológico para la investigación en la educación matemática. Unión: Revista Iberoamericana deEducación Matemática, vol. 6, 22, p.53-63, 2010.
CENPEC. Educação em territórios de alta vulnerabilidade social na metrópole. Relatório de Pesquisa. São Paulo: Cenpec, 2011.
FERREIRA, Ignez Costa B.; VASCONCELOS, Ana Maria; PENNA, Nelba de Azevedo. Violência urbana: a vulnerabilidade dos jovens da periferia das cidades. In: XVI ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 16., 2008, Caxambu, MG. Anais...Caxambu: ABEP, 2008. p. 1-18.
GOMES, C. A. V.; MELLO S. A. Educação escolar e constituição do afetivo: algumas considerações a partir da Psicologia Histórico-Cultural. Perspectiva, Florianópolis, v. 28, n. 2, 677-694, jul./dez. 2010.
LAHIRE, B. Sucesso escolar nos meios populares. As razões do improvável. Editora Ática, 1997.
LEITE, S. A. da S. Afetividade nas práticas pedagógicas. Temas em Psicologia. Vol. 20, n. 2, p.355-368. 2012.
LEONTIEV, A. Uma contribuição à teoria de desenvolvimento da psique infantil. In: VIGOTSKY, L. S. et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1988.
LEONTIEV, Aleksei Nicoláievitch. Atividade. Consciência. Personalidade. Trad. Priscila Marques. Bauru, SP: Mireveja, 2021.
LURIA, A. R. Vygotsky. In: Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Editora Ícone, 1988. cap. 1. p. 21-37.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. 20. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. v.1, t.1 e t.2.
MEIRA, M. E. M.; Antunes, M. A. Psicologia escolar: teorias críticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
MORETTI, V. D. Professores de matemática em atividade de ensino: Uma perspectiva histórico-cultural para a formação docente. 2007. (Tese de doutorado, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo). São Paulo: USP, 2007.
_______. O problema lógico-histórico: aprendizagem conceitual e formação de professores de matemática. Poiésis, Tubarão, número especial, p. 29-44, jan./jun: 2014.
MOURA, M. O. Pesquisa colaborativa: um foco na ação formadora. In: BARBOSA, Raquel Lazzari Leite (Org.) Trajetórias e perspectivas da formação de educadores. São Paulo: Editora UNESP, 2004. Cap. 18, p. 257-284.
MOURA, M. O.; MOURA, A. R. L.; ROCHA, C. H. S.; SILVA, S. S. Controle de variação de quantidades: atividades de ensino. São Paulo: FEUSP, 1996.
MOURA, M. O; ARAUJO, E. S; MORETTI, V. D; PANOSSIAN, M. L; RIBEIRO, F. D. Atividade Orientadora de Ensino: unidade entre ensino e aprendizagem. Diálogo Educacional, v. 10, n.29, p. 205-229, jan./abr.2010.
OLIVEIRA SILVA, M. V. A formação de professores de matemática para a organização da atividade pedagógica envolvendo alunos em situação de vulnerabilidade social. In: Anais do XII Encontro Nacional de Educação Matemática – ENEM, 2019.
PENNA, N. A.; FERREIRA, I. B. Desigualdades socioespaciais e áreas de vulnerabilidades sociais. Mercator (Fortaleza), v. 13, p. 25-36, 2014.
PERONA, Nélida B.; ROCCHI, Graciela I. Vulnerabilidad y exclusión social. Una propuesta metodológica para el estudio de las condiciones de vida de los hogares. Kairós, v. 5, n. 8, 2001.
RIGON, A. J.; ASBABR, F. da S. F.; MORETTI, V. D. Sobre o processo de humanização. In: MOURA, M. O. A atividade pedagógica na teoria histórico-cultural. Campinas: Autores Associados, 2016. p. 15-40.
SACRISTÁN, J. G. Educação obrigatória. Seu sentido educativo e social. Porto Alegre: Artmed, 2001.
SEVALHO, G. O conceito de vulnerabilidade e a educação em saúde fundamentada em Paulo Freire. Interface- Comunicação, Saúde, Educação (Botucatu). 2018, vol.22, n.64, pp.177-188.
SILVA, Maria Vanusia De Oliveira. A organização da atividade de ensino dos professores que ensinam matemática nos anos iniciais para promover a aprendizagem dos alunos em situação de vulnerabilidade social. [Dissertação de Mestrado]. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2020.
SOUZA, F. D. de; MORETTI, V. D. Teoría histórico-cultural y educación matemática: diálogos posibles en la formación de profesores. Revista Venezolana de Investigación en Educación Matemática, 1(2), 2021.Disponível em: https://doi.org/10.54541/reviem.v1i2.8
THIN, Daniel. Para uma análise das relações entre famílias populares e escola: confrontação entre lógicas socializadoras. Revista Brasileira de Educação. São Paulo, v.11, n. 32, 2006. 211-225.
VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
VIGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
YUNES, M. A. M.; SZYMANSKI, H. Resiliência: noção, conceitos afins e considerações críticas. In: TAVARES, J. (Org.). Resiliência e educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Maria Vanusia de Oliveira Silva, Vanessa Dias Moretti

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.






