Pensamentos em fronteiras: que lições tirar nos processos de alfabetização africanos à luz das concepções de Paulo Freire?
DOI:
https://doi.org/10.34024/olhares.2021.v9.12079Palavras-chave:
Paulo Freire, África, AlfabetizaçãoResumo
O texto apoia-se numa pesquisa de cunho bibliográfico sobre as fronteiras do pensamento de Paulo Freire e seus encontros com a África a partir de várias de suas obras. Inicialmente, são abordadas as condições políticas e ideológicas que levaram Paulo Freire a ser preso pela ditadura de 1964 no Brasil, em virtude de suas propostas educativas revolucionárias. Sua ida para o exílio no Chile, onde publicou sua obra mais famosa “Pedagogia do Oprimido”, acabou levando Freire a se envolver nas lutas de outros povos latino-americanos e africanos. No caso específico do continente africano, suas experiências remodelaram sua pedagogia e sua prática como educador. O artigo está dividido em duas partes, a saber: na primeira, trabalha-se o sentido da alfabetização freireana no seu encontro com a África. Na segunda, traça-se um pequeno histórico dos desafios e conquistas desse encontro. Finalmente, nota-se que a educação de Paulo Freire, por seu caráter político e emancipador, influenciou as políticas educacionais de países africanos que se tornaram independentes. Na conclusão, enfatiza-se que é legítimo afirmar que as “falas” de Paulo Freire se misturam com as experiências por ele vividas na África, pois não é difícil perceber marcas africanas no seu modo de ser, estar, fazer e conviver. Entender Paulo Freire como intelectual de fronteira significa dizer que seu pensamento vem se alterando em função do tempo e do contexto histórico que se encontra inserido. A atualidade do seu pensamento não se restringe a fronteiras sociais, culturais e políticas. Daí a grandeza de seu legado.
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