ART De Darwin, por Carlyle, até à Ninfa

Autores

  • Isabela Gaglianone Universidade de São Paulo – FFLCH/USP

DOI:

https://doi.org/10.34024/imagem.v3i2.16252

Palavras-chave:

Memória, Dinamograma, Símbolo

Resumo

Partindo de um fragmento de Warburg escrito em 1901 – “De Darwin via Fillipino a Botticelli / por Carlyle e Vischer até às festas e os Índios, / e por Tornabuoni e Ghirlandaio de novo / até à ninfa” –, o presente artigo pretende mostrar como a investigação warburguiana sobre a memória inscrita nas imagens promove articulação biológico-linguística. Quando Warburg afirma que a arte vem da vida, trata-se de uma referência tanto ao sentido sociológico e cultural, quanto ao sentido psicofisiológico e biológico, polissemia que caracteriza o darwinismo sociológico de Warburg, sua história intelectual à luz de Darwin. Buscaremos evidenciar que uma das grandes consequências dessa articulação conceitual encontra-se no estabelecimento da teoria da memória warburguiana, que tem em Mnemosyne seu âmago teórico e seu lugar de experimentação científica; que essa articulação embasa a compreensão warburguiana da memória como herança (cultural) e hereditariedade (genética) a um só tempo, desempenhando uma dupla função, de despertar reações patéticas originais (sobretudo fóbicas) e de projetar simultaneamente reações de conceitualização.

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Publicado

2024-01-30 — Atualizado em 2024-04-02

Versões

Como Citar

Gaglianone, I. (2024). ART De Darwin, por Carlyle, até à Ninfa. Imagem: Revista De Hist´ória Da Arte, 3(2), 196–220. https://doi.org/10.34024/imagem.v3i2.16252 (Original work published 30º de janeiro de 2024)
Recebido: 2024-01-30
Publicado: 2024-04-02