MENINAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA, MULHERES NO ENSINO SUPERIOR: a ausência da educação antirracista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34024/olhares.2025.v13.19220

Palavras-chave:

Realidade da Educação, Currículo antirracista, Educação antirracista

Resumo

A Educação Antirracista é uma reivindicação dos movimentos sociais negros que vem tendo avanço na Educação Básica, com a conquista da Lei 10.639/2003, mas é preciso ver como a lei está ou não sendo cumprida. Este artigo se propõe a analisar narrativas que indicam a ausência de uma Educação Antirracista na vida das estudantes na Educação Básica e no Ensino Superior. A pesquisa seguiu os procedimentos metodológicos da história oral. Foram entrevistadas 14 mulheres, egressas do Curso de Pedagogia (autodeclaradas negras, pardas e brancas), no período compreendido entre 07 de dezembro de 2021 e 06 de abril de 2022. Os resultados demonstraram o quanto a ausência da educação antirracista implicou na constituição de suas subjetividades. Também ficou evidente que a formação de todas as mulheres negras e brancas não contemplou a educação antirracista, embora algumas tenham feito o curso de graduação em Pedagogia após a Lei 10.639/2003. Por meio da análise das entrevistas foi possível discutir como a ausência da Educação Antirracista marcou a vida dessas mulheres negras que seguem sendo resistência em uma sociedade racista.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

  • Fabiana Alves de Almeida, Universidade de Taubaté - Unitau

    Pedagoga e Licenciada em Letras e Mestre em Educação pela Universidade de Taubaté. É professora da Secretaria de Estado da Educação do Estado de São Paulo.

  • Suzana Lopes Salgado Ribeiro, Universidade de Taubaté – UNITAU

    Formada em História, com graduação pela USP. Atualmente, leciona na Universidade de Taubaté e no Centro Universitário do Sul de Minas. Tem experiência em História Oral e formação docente.

  • Mariana Aranha de Souza, Universidade de Taubaté - Unitau e Centro Universitário Teresa D’Ávila - Unifatea

    Pedagoga pela Faculdade Maria Augusta Ribeiro Daher. Mestre e Doutora em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora do Mestrado Profissional em Educação e do Curso de Pedagogia da Universidade de Taubaté. Professora do Mestrado em Design, Tecnologia e Inovação e Coordenadora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Teresa D’Ávila.

Referências

ADICHIE, C. N. O perigo de uma história única / Chimamanda Ngozi Adichie; tradução Julia Romeu. - 1ª ed - São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

ALMEIDA, S. L. de. Racismo estrutural. São Paulo: Editora Jandaíra, 2020.

ALMEIDA, Fabiana Alves de. Educação antirracista na formação inicial de docentes: uma proposta de conscientização. 2023. 178 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação) – Universidade de Taubaté, Taubaté, 2023. Disponível em: https://mpe.unitau.br/wp-content/uploads/dissertacoes/2023/Fabiana-Alves-de-Almeida.pdf

BENTO, C. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022._

BRASIL. Lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003. D.O.U. de 10 de janeiro de 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm Acesso em 02 ago. 2021.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: MEC, 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/cnecp_003.pdf Acesso em 02 ago. 2021.

BRASIL. Lei 12.288/10. Estatuto da Igualdade Racial. Brasília, DF: Presidência da República, 2010. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm Acesso em 08 Jan. 2023._

CARVALHO, M.L.M; RIBEIRO, S. L. S. História Oral na Educação: memórias e identidades._São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de_São Paulo, 2013. Disponível em: http://www.cpscetec.com.br/memorias/historiaoral.pdf. Acesso em: 06/09/2021.

COLLINS, P. H.; BILGE, S. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo, 2020.

CONCEIÇÃO, H. C.; CONCEIÇÃO, A. C. L. A construção da identidade

afrodescendente. Revista África e Africanidades. Ano 2, n. 8, fev. 2010. Disponível em: http://www.africaeafricanidades.com.br/documentos/Construcao_identidade_afrodescendente.pdf Acesso em: 04 Jun. 2022._

CUTI, L. S. Quem tem medo da palavra negro? In: NAOMI, M. K.; SILVA, M. L.; ABUD, C. A. (Ed.)._O racismo e o negro no Brasil: questões para a psicanálise. São Paulo: Perspectiva, 2017, p. 197-212.

FILICE, R.C.G. Raça e classe na gestão da educação básica brasileira: a cultura da implementação de políticas públicas. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

GLASS, R. D. Entendendo raça e racismo: por uma educação racialmente crítica e antirracista. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 93, n. 235, p. 883–913, set. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/rWZGsfTHC7kJPckv3r5s48M/?lang=pt# Acesso em: 03 jun. 2021.

GOMES, N. L.. Educação, identidade negra e formação de professores/as: um olhar sobre o corpo negro e o cabelo crespo. Educação e Pesquisa, v. 29, n. 1, p. 167–182, jan. 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/sGzxY8WTnyQQQbwjG5nSQpK/abstract/?lang=pt_

Acesso em: 01 Set. 2022.

GOMES, N. L.. Movimento negro e educação: ressignificando e politizando a

raça. Educ. Soc., Campinas, v. 33, n. 120, p. 727-744, jul.-set. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/wQQ8dbKRR3MNZDJKp5cfZ4M/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 09 Mai. 2023.

GOMES, N. L. O Movimento Negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

GONZALEZ, L. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Ciências Sociais Hoje, São Paulo, v. 2, p. 223-245, 1984. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5509709/mod_resource/content/0/06%20-%20GONZALES%2C%20L%C3%A9lia%20-%20Racismo_e_Sexismo_na_Cultura_Brasileira%20%281%29.pdf Acesso em 09 Jan. 2023

GONZALEZ, L. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos / organização Flavia Rios, Márcia Lima. – 1ªed. – Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

GRION, A. O. Olhando para as práticas e aprendendo com quem faz: compreensão do fazer da educação antirracista a partir da análise das narrativas de educadores. 2017. 123 f.. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Educação/Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica-RJ, 2017. Disponível em: https://tede.ufrrj.br/jspui/handle/jspui/4389 Acesso em: 05 jun. 2021.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/ Acesso em: 20 Abr. 2022._

MACEDO, A. A gestão escolar democrática e a implementação da educação antirracista na escola. Revista Espaço Acadêmico, 2016. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/30956 Acesso em: 03 jun. 2021.

COLABORADORA.; AUTORA 2. Guia prático de história oral: para empresas,

universidades, comunidades, famílias. São Paulo: Contexto, 2011. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/002839796 Acesso em 03 jun. 2021

MUNANGA, K. Negritude: usos e sentidos. 2.ed. Ed. Ática; São Paulo, 1988.

MUNANGA, K. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999._

MUNANGA, K. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia. Cadernos PENESB (Programa de Educação sobre o Negro na Sociedade Brasileira). UFF, Rio de janeiro, n. 5, p. 15-34, 2003.

MUNANGA, K. As ambiguidades do racismo à brasileira. In: KON, N.M.; ABUD, C.C., SILVA, M.L. O racismo e o negro no Brasil: questões para a psicanálise. São Paulo: Perspectiva, 2017.

NASCIMENTO, E. L. Sankofa: Educação e Identidade Afrodescendente. In: CAVALLEIRO, E. (org.). Racismo e anti-racismo da escola: repensando nossa escola. São Paulo: Selo Negro, 2001.

NOGUEIRA, O. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem. Tempo Social, USP, v. 19, n. 1, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ts/a/MyPMV9Qph3VrbSNDGvW9PKc/?lang=pt&format=pdf Acesso em 21 Abr. 2022._

NOGUEIRA, I. B. Cor e inconsciente. In: KON, N. M., ABUD, C. C., SILVA, M. L. da. (orgs). O racismo e o negro no Brasil: questões para a psicanálise. São Paulo: Perspectiva, 2017.

PETRUCCELLI, J. L. Autoidentificação, identidade étnico-racial e heteroclassificação._In:_PETRUCCELLI,_J. L._e_SABOIA,_A._L._(eds.). Características_Étnico-Raciais_da_População:_classificação_e_identidades._Rio_de Janeiro:_IBGE,_2013, p._31-50. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63405.pdf>. Acesso em: 01 Set. 2022.

PINHEIRO, B. C. S. Como ser um educador antirracista. São Paulo: Planeta do Brasil, 2023. 160 p.

PINTO, M., FERREIRA, R. Relações raciais no Brasil e a construção da identidade da pessoa negra. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 2(9), 2014, p.257-266. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ppp/v9n2/11.pdf. Acesso 28 Ago. 2022._

RAMOS, L. D. Descolonizando práticas pedagógicas: a narrativa de uma educadora na luta pela educação antirracista. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Porto Alegre, BR-RS, 2021. 98f.

Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/220335. Acesso em 05 jun. 2021.

RAMOS, A. G. O negro no Brasil e um exame de consciência. In: NASCIMENTO, Abdias et al (org.) Relações de raça no Brasil. Rio de Janeiro: Edições Quilombo, 1950. p. 33-46.

RIBEIRO, D. Pequeno manual antirracista. 1ª ed. - São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

RIBEIRO, S. L. S.; OLIVEIRA, P.R.. Narrativas em rede: argumentos coletivos e histórias de vida na educação. RIDPHE Revista Iberoamericana do Patrimônio Histórico-Educativo, v. 4, p. 412-430, 2018. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/ridphe/article/view/9702 Acesso em: 12 de jul. 2021.

RIBEIRO, S. L. S. Narrativas e entrevistas em pesquisas qualitativas: história oral como possibilidade teórico-metodológica._Revista Ciências Humanas,_202114(1). https://doi.org/10.32813/2179-1120.2021.v14.n1.a724 Acesso em: 07/09/2021

ROSEMBERG, F._Literatura infantil e ideologia._São Paulo: Global, 1985.

SANTOS, A. M. R. ONZI, S.M. “Lápis Cor de Pele”, Cor da Pele de Quem?: Promoção da Igualdade Étnico-racial na Educação Infantil. Revista Pluri Discente, v. 1, n. 3, 16 ago. 2021. Disponível em: https://pluridiscente.cruzeirodosul.virtual.com.br Acesso em: 28 Ago. 2022.

SCHUMAN, L. V. Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo. São Paulo: Veneta, 2020._

SCHUCMAN, L.V. Famílias inter-raciais: tensões entre cor e amor. Salvador: EDUFBA, 2018._

SILVA, T. M. G. S. O colorismo e suas bases históricas discriminatórias. Revista Direito UNIFACS, nº 201, 2017. Disponível em:_

http://revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/view/4760/3121 Acesso em: 21 Abr. 2022.

SODRÉ, M. Claro e Escuros: identidade, povo e mídia no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1999.

SOUZA, M.A.; BUSSOLOTTI, J. M. ANÁLISES DE ENTREVISTAS EM PESQUISAS QUALITATIVAS COM O SOFTWARE IRAMUTEQ._Revista Ciências Humanas,_[S. l.], v. 14, n. 1, 2021. DOI: 10.32813/2179-1120.2021.v14.n1.a811. Disponível em: https://www.rchunitau.com.br/index.php/rch/article/view/811. Acesso em: 23 mar. 2025.

Downloads

Publicado

2025-05-05

Edição

Seção

SEÇÃO TEMÁTICA: Educação para as Relações Étnico-Raciais: os vinte anos da lei 10639/03 e seus desdobramentos

Como Citar

Almeida, F. A. de, Ribeiro, S. L. S., & Souza, M. A. de. (2025). MENINAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA, MULHERES NO ENSINO SUPERIOR: a ausência da educação antirracista. Olhares: Revista Do Departamento De Educação Da Unifesp, 13(1). https://doi.org/10.34024/olhares.2025.v13.19220