ESCREVIVÊNCIAS COM O CORPO-TERRITÓRIO NEGRO: uma cartografia com professores de Biologia
DOI:
https://doi.org/10.34024/olhares.2025.v13.19006Palavras-chave:
Subjetividade Negra, Pertencimento Étnico-racial, RacismoResumo
Este artigo versa sobre um excerto da dissertação de mestrado da primeira autora, que se debruça sobre os processos de produção de escrevivências, buscando mapear as subjetividades de docentes de Biologia na produção de seus corpos-territórios negros. A pesquisa se inscreve na perspectiva das pesquisas pós-críticas em educação, se inspirando na cartografia deleuziana, em diálogo com as escrevivências de Conceição Evaristo, no sentido de produzir com os cartógrafos uma narrativa e uma escrita de si. Os participantes dessa pesquisa foram docentes da educação básica, autodeclarados negros e egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas de uma universidade pública do interior do estado da Bahia. A pesquisa-intervenção se caracterizou por encontros virtuais, que ocorreram na plataforma Google Meet, que denominamos “Encontros Cartográficos”. Nestes encontros, os debates foram iniciados a partir de questões mobilizadoras, que eram apresentadas aos participantes. A partir dos mapeamentos realizados no primeiro encontro cartográfico, que foi o recorte deste artigo, foi possível socializar as experiências que os docentes vivenciaram em diferentes fases da vida e que contribuíram (ou não) para o sentimento de pertencimento étnico-racial. A partir dos encontros foi possível cartografar as escrevivências do corpo-território negro e docente de Biologia, refletir sobre o colorismo, a identidade racial, entre outros processos que interferem no reconhecimento racial e refletem no racismo que atravessa a população negra brasileira.
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