ENTRE AUSÊNCIAS E PRESENÇAS: mulheres negras no Roda Viva
DOI:
https://doi.org/10.34024/olhares.2025.v13.18982Palavras-chave:
mulheres negras, Roda Viva, insurgênciasResumo
Como parte da dissertação de mestrado, intitulada “Djamila Ribeiro no programa Roda Viva: racializando a ciência na partilha de saberes”, o presente artigo traz como temática “a relação televisão e mulheres negras” e como problemática “a participação de mulheres negras no programa Roda Viva da TV Cultura”. Para tanto, analisou-se um quadro histórico sobre a presença de mulheres negras neste programa. Tal quadro foi organizado em dois recortes, a saber: o primeiro denominado “Tempo das Ausências”, contexto dos anos de 1980 e 1990. O segundo denominado “Tempo das Presenças”, contexto das décadas de 2000 a 2020. Após análise do material coletado, observou-se que na década 1980 nenhuma mulher negra foi convidada a ocupar o centro do Roda Viva, na década de 1990 foram duas mulheres e na década de 2000 foram entrevistadas 29 mulheres negras. No papel de entrevistadoras, a maior participação dessas mulheres foi no ano de 2020. Como mediadoras, não houve a participação de nenhuma mulher negra. Nesse sentido, conclui-se que a participação das mulheres negras no Roda Viva é pequena em relação aos demais participantes, quais sejam: homens brancos (maioria), mulheres brancas e homens negros. Porém, ao se fazerem presentes nessa mídia televisiva, as mulheres negras produzem aí rasuras via histórias, ancestralidades, lutas e saberes do povo negro, transgredindo a veia colonial da TV brasileira.
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