ENTRE AUSÊNCIAS E PRESENÇAS: mulheres negras no Roda Viva

Autores

  • Paula Fernanda Oliveira Souza UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
  • Cirlene Cristina de Sousa UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS https://orcid.org/0000-0003-3086-8081
  • Diego Lopes da Cruz UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

DOI:

https://doi.org/10.34024/olhares.2025.v13.18982

Palavras-chave:

mulheres negras, Roda Viva, insurgências

Resumo

Como parte da dissertação de mestrado, intitulada “Djamila Ribeiro no programa Roda Viva: racializando a ciência na partilha de saberes”, o presente artigo traz como temática “a relação televisão e mulheres negras” e como problemática “a participação de mulheres negras no programa Roda Viva da TV Cultura”. Para tanto, analisou-se um quadro histórico sobre a presença de mulheres negras neste programa. Tal quadro foi organizado em dois recortes, a saber: o primeiro denominado “Tempo das Ausências”, contexto dos anos de 1980 e 1990. O segundo denominado “Tempo das Presenças”, contexto das décadas de 2000 a 2020. Após análise do material coletado, observou-se que na década 1980 nenhuma mulher negra foi convidada a ocupar o centro do Roda Viva, na década de 1990 foram duas mulheres e na década de 2000 foram entrevistadas 29 mulheres negras. No papel de entrevistadoras, a maior participação dessas mulheres foi no ano de 2020. Como mediadoras, não houve a participação de nenhuma mulher negra. Nesse sentido, conclui-se que a participação das mulheres negras no Roda Viva é pequena em relação aos demais participantes, quais sejam: homens brancos (maioria), mulheres brancas e homens negros. Porém, ao se fazerem presentes nessa mídia televisiva, as mulheres negras produzem aí rasuras via histórias, ancestralidades, lutas e saberes do povo negro, transgredindo a veia colonial da TV brasileira.

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Biografia do Autor

  • Paula Fernanda Oliveira Souza, UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

    Graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (2012). Mestra em Educação e Formação Humana pela Universidade do Estado de Minas Gerais (2024). Atualmente é professora de história na rede estadual de Minas Gerais. Pesquisadora do Observatório das Juventudes da UEMG.

  • Cirlene Cristina de Sousa, UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

    Professora do Programa de Pós-graduação em Educação e dos cursos de graduação em História e Pedagogia da UEMG. Possui graduação em História (2000), mestrado em Comunicação (2007) e doutorado em educação (2014), todos obtidos na Universidade Federal de Minas Gerais.

  • Diego Lopes da Cruz, UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

    Discente do curso de Letras Português/Inglês da UEMG. Licenciado no curso de licenciatura em História na Universidade Estácio de Sá (UNESA). Foi estudante Bolsista no Projeto de Pesquisa intitulado, Como a Roda Gira? Papéis educadores das personalidades negras no programa Roda Viva.

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Publicado

2025-05-05

Edição

Seção

SEÇÃO TEMÁTICA: Educação para as Relações Étnico-Raciais: os vinte anos da lei 10639/03 e seus desdobramentos

Como Citar

Souza, P. F. O., Sousa, C. C. de, & Cruz, D. L. da. (2025). ENTRE AUSÊNCIAS E PRESENÇAS: mulheres negras no Roda Viva. Olhares: Revista Do Departamento De Educação Da Unifesp, 13(1). https://doi.org/10.34024/olhares.2025.v13.18982