Os Escravagistas nas “Festas da Modernidade”:
o Centro da Lavoura e do Comércio nas exposições internacionais (1880-1888)
DOI:
https://doi.org/10.1590/2236-463329ea00221Palavras-chave:
Centro da Lavoura e do Comércio, Clube da Lavoura, Exposições Universais, crise da segunda escravidão, Império do Brasil, associativismo senhorial.Resumo
O artigo analisa a participação brasileira nas exposições internacionais oitocentistas, verdadeiras vitrines do progresso do capitalismo industrial, depois que o Império passou a ser representado nestes eventos pelo Centro da Lavoura e do Comércio, entre os anos de 1880 e 1888. Por meio da análise dos principais diretores do Centro da Lavoura demonstra-se que frações da classe senhorial, ligadas à cafeicultura do Vale do Paraíba, utilizaram as exposições e o próprio aparelho do Estado para ampliarem seus negócios e conquistarem novos mercados. Tratou-se da última tentativa dos grandes proprietários e comerciantes da bacia do centro-sul para aumentar seus lucros durante a crise da segunda escravidão.
Downloads
Métricas
Referências
ALONSO, Angela. Flores, votos e balas: o movimento abolicionista brasileiro (1868-1888). São Paulo: Companhia das Letras, 2015
ALONSO, Angela. Joaquim Nabuco. SP: Cia das Letras, 2007.
BEIGUELMAN, Paula. A Formação do Povo no Complexo Cafeeiro: Aspectos Políticos. SP: Pioneira, 1977.
BLACKBURN, Robin. “Por que segunda escravidão?” In: MARQUESE, R.; SALLES, R. Escravidão e capitalismo histórico no século XIX. Cuba, Brasil e Estados Unidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016. p.13-54.
BRASIL, Gerson. A escravidão no Brasil. RJ: Pallas, 1978.
CANO, Jefferson. “Liberdade, cidadania e política de emancipação escrava” in: Revista de História, 136 (1997), 107-120.
CONRAD, Robert. Os últimos anos da escravatura no Brasil. 2a ed, RJ: Civilização Brasileira, 1978.
COSTA, Emília Viotti da. A Abolição. 8a ed, SP: Unesp, 2008.
CARVALHO. José Murilo de. O Teatro de Sombras: a política imperial. 4 a ed, Civilização Brasileira, 2003.
CARVALHO, JOSÉ MURILO (ORG). Edição fac-similar dos anais do Congresso Agrícola, realizado no Rio de Janeiro , em 1878. RJ: FCRB, 1988.
DOLHNIKOFF. O pacto Imperial e as origens do federalismo. SP: Globo, 2005.
EISENBERG, Peter. A mentalidade dos fazendeiros no Congresso Agrícola de 1878. In: AMARAL LAPA, José Roberto do (Org.). Modos de produção e realidade brasileira. RJ: Vozes, 1980.
ELIAS, Norbert. Processo Civilizador. SP: JZE, 1993. vol I e II.
El YUSSEF, Alan; ESTEFANES, Bruno, PARRON, Tâmis. ‘Vale expandido: contrabando negreiro, consenso e regime representativo no Império do Brasil’ . In: MUAZE, Mariana & SALLES, Ricardo (org). O Vale do Paraíba e o Império do Brasil nos quadros da segunda escravidão. RJ: 7 Letras, 2015.
FERREIRA, Marieta de Moraes. A crise dos comissários de café do Rio de Janeiro. Niterói: dissertação de mestrado, ICHF/UFF, 1977.
FERREIRA, Lusirene C. França. Nas asas da imprensa: a repressão da abolição da escravatura na província do Ceará nos periódicos do Rio de Janeiro (1884-1885). Dissertação de mestrado em História. Departamento de Ciências Sociais. Universidade Federal de São João Del-Rei. São João Del-Rei, 2010.
FOOT HARDMAN, Francisco. Trem-fantasma: a ferrovia Madeira-Mamoré e a modernidade na selva. SP: Cia das Letras, 2005.
LAGE, Lana. Rebeldia Negra e Abolicionismo. RJ: Achime, 1981.
LIMA, Ivana; GRINBERG, Keila; REIS, Daniel A. Instituições Nefandas: o fim da escravidão e da servidão no Brasil, nos Estados Unidos e na Rússia. RJ: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2018.
LOURENÇO, Thiago C. P. O Império da Escravidão: o complexo Breves no vale do café (c.1850-c.1888). RJ: Arquivo Nacional, 2018.
MACHADO, Maria H. O Plano e o Pânico. Os Movimentos Sociais na Década da Abolição. RJ/SP: Edusp, 2010.
MACHADO, Maria H. Crime e Escravidão: Trabalho, Luta, Resistência nas Lavouras Paulistas. SP: Brasiliense, 1997.
MACHADO, Marina Monteiro; MARTINS, Monica de Souza Nunes. “A modernidade nas teias da floresta: o Brasil na exposição Universal da Filadélfia de 1876”. Geosul, Florianópolis, v. 32, n. 65, p. 68-86, nov. 2017.
MARQUESE, Rafael. “A paisagem da cafeicultura na crise da escravidão: as pinturas de Nicolau Facchinetti e Georg Grim”. In: Revista do IEB, 2007.
MARQUESE, Rafael; TOMICH, Dale. “O Vale do Paraíba escravista e a formação do mercado mundial do café no século XIX” In: MUAZE, Mariana & SALLES, Ricardo. O Vale do Paraíba e o Império do Brasil nos quadros da segunda escravidão. Rio de Janeiro, 7 Letras/ Faperj, 2015.
MARQUESE, Rafael. “The civil war in the United States and the crisis of slavery in Brasil” in: Doyle, Don Harrison (org). American Civil Wars: the United States, Latin America, Europe, and the crisis of the 1860’s. Chapel Hill, University of North Carolina Press, 2017.
MATTOS, Ilmar. O Tempo Saquarema. Rio de Janeiro: Acess, 1986.
MENDONÇA, Joseli. Entre a mão e os anéis. Campinas: Unicamp, 1999.
MIRANDA, Bruno da Fonseca. O Vale do Paraíba Cafeeiro contra a lei do Ventre Livre, 1865-1871, Dissertação de Mestrado, FFLECH, USP, São Paulo, 2018.
MOTTA, José Flávio; LOPES, Luciana Suarez. “Os cisnes cantam e a onda verde passa Os congressos agrícolas de 1878 e a demanda da lavoura por capitais” In: Economia e Sociedade, Campinas, v. 28, n. 2, p. 587-614, 2019 .
MONNERAT, Tanize. Abolicionismo em ação: o jornal Vinte e Cinco de Março em Campos dos Goytacazes (1884-1888). RJ: Essentia, 2015.
MUAZE, Mariana. As memórias da Viscondessa. Família e poder no Brasil Império. RJ: Zahar, 2008.
MUAZE, Mariana. “A escravidão no Vale do Paraíba pelas lentes do fotógrafo Marc Ferrez” In: CARVALHO, José Murilo de; BASTO, Lúcia. Dimensões e Fronteiras do Estado Brasileiro no Oitocentos. Rio de Janeiro, EdUerj, 2014.
MUAZE, Mariana. “Violência apaziguada: escravidão e cultivo do café nas fotografias de Marc Ferrez (1882-1885)”. Rev. Bras. Hist. [online]. 2017, vol.37, n.74, pp.33-62.
MUAZE, Mariana & SALLES, Ricardo (org). O Vale do Paraíba e o Império do Brasil nos quadros da segunda escravidão. RJ: 7 Letras, 2015.
MUAZE, Mariana; SALLES, Ricardo (org). O Império do Brasil e a Segunda Escravidão em perspectiva histórica. São Leopoldo, Ed Casa leiria, 2020.
NABUCO, Joaquim. Campanha abolicionista no Recife. Brasília: Senado Federal, 2005.
PANG, Laura. The agricultural clubs of Imperial Brazil 1860-1889. Tennesse, Vanderbilt University, PHD thesis, 1981.
PENA, Eduardo Spiller. Pajens da Casa Imperial. Campinas: Unicamp, 2005.
PESAVENTO, Sandra J. Exposições universais, espetáculo da modernidade do século XIX. SP: Hucitec, 1997.
PESSOA, Thiago campos. O Império da escravidão: o complexo Breves no vale do café (Rio de Janeiro, 1850-1888). RJ: Arquivo Nacional, 2015.
SALLES, Ricardo. E o Vale era escravo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
SALLES, Ricardo. “Resistência escrava e abolição na província do Rio de Janeiro. O Partido Abolicionista. In: LIMA, Ivana; GRINBERG, Keila; REIS, Daniel A. Instituições Nefandas: o fim da escravidão e da servidão no Brasil, nos Estados Unidos e na Rússia. RJ: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2018.
SANTOS, Claudia. “O ativismo político da Confederação Abilicionista antes e depois do 13 de maio”. In: LIMA, Ivana; GRINBERG, Keila; REIS, Daniel A. Instituições Nefandas: o fim da escravidão e da servidão no Brasil, nos Estados Unidos e na Rússia. RJ: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2018.
STEIN, Stanley. Grandeza e decadência do café no vale do Paraíba. SP: Brasiliense, 1961.
SWEIGART, Joseph Earl. Financing and making Brazilian exportation agriculture: the coffee factors of Rio de Janeiro. University of Texas (Tesis), 1980.
TOMICH, Dale. Sob o prisma da escravidão: Trabalho, capitalismo e economia mundial. SP: Edusp, 2011.
TURAZZI, Maria Inês. Poses e Trejeitos – a fotografia e as exposições na era do espetáculo. RJ: FUNART & Rocco, 1995.
VALVERDE, Valverde. “A fazenda escravocrata de café” in: Revista Brasileira de Geografia, n. 29 (1), jan./mar., 1967, p. 37-81.
Documentos Impressos e Jornais consultados:
Breve notícia sobre a primeira exposição do Café do Brasil. Rio de Janeiro: Clube da Lavoura e do Comércio, 1882.
BONIFÁCIO, José. Representação à Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil Sobre a Escravatura. RJ: Typografia de J.E.S. Cabral, 1840.
Catálogo dos produtos nacionais e industriais remetidos para a exposição universal de Londres. Londres, Tip de C. Whiting Baeufort, 1862.
CORNELI, René. Anvers et L’ Exposition Universalle. 12a édition, Bruxelles, Typographie & Lithographie Ad. Mertens, 1886.
CUNHA, Antonio Luiz Fernandes da. Relatório geral da exposição nacional de 1861 e relatorios dos jurys especiaes, colligidos e publicados por deliberação da Commissão Directora. Rio de Janeiro: Typographia do Diário do Rio de Janeiro, 1862.
Decreto nº 9067 de 24 de novembro de 1883. Coleção de Leis do Império do Brasil - 1883, Vol. 2. Consultado em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-9067-24-novembro-1883-544515-publicacaooriginal-55973-pe.html. Acesso em 8/5/2020.
D’OLIVEIRA. Luiz Rodrigues. Exposição do Club da Lavoura em França em 1878. Relatório apresentado a diretoria. Paris, Typ Georges Charmerot, 1878.
Le Bresil a l’Exposition Internacionale de St. Petersburg. St Petersburg: Imprimerie Trenke et Fusnot, 1884.
ORTIGÃO, Ramalho. Notas de viagem. Paris e a Exposição Universal (1878-79). Typ Gazeta de Notícias, 1879.
PARANHOS, José Maria de. Relatório da Exposição Brasileira de São Petersburgo. (2/6/1884) Ano 12, n 22, 1o sem 2013, cadernos do CHDD.
PRADO, conselheiro A da Silva. Exposição Universal de Antuérpia (Anvers) – Relatório. RJ: Typ Imperial Nacional pelo conde de Villeneuve, delegado especial do governo imperial na exposição, 1886.
SILVA, José Bonifácio de Andrade. Representação à Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil Sobre a Escravatura. RJ: Typ de J.E.S. Cabral, 1840.
Diário do Rio de Janeiro.
Diário de Notícias.
Diário do Brasil
O Pharol.
Gazeta da Tarde.
Folha Nova.
Revista Ilustrada
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Mariana Muaze
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.