Turismo e desenvolvimento local na Trilha Rupestre (MS): articulações para a viabilização de um geoparque nas regiões turísticas Campo Grande dos Ipês e Cerrado Pantanal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34024/s7m6h538

Palavras-chave:

Geoparques, Patrimônio Arqueológico, Geosítios, Trilha Rupestre, Turismo Sustentável

Resumo

Os municípios das Regiões Turísticas Campo Grande dos Ipês e Cerrado Pantanal, em Mato Grosso do Sul, concentram sítios arqueológicos, geossítios e paisagens naturais com potencial para a criação de um Geoparque segundo os critérios da UNESCO. Essas áreas integram o Programa Institucional Trilha Rupestre, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que articula ações voltadas à valorização do patrimônio cultural e natural, à educação patrimonial e ao turismo sustentável.A partir dessa justificativa, elaborou-se uma pesquisa com abordagem quali-quantitativa, fundamentada na análise de dados secundários provenientes de fontes oficiais (IBGE, RAIS, SNIS, Cadastur, entre outras) e no levantamento de informações sobre políticas públicas, planejamento turístico, infraestrutura e indicadores socioeconômicos em 16 municípios. As variáveis incluíram inserção no Mapa do Turismo Brasileiro, existência de planos municipais de turismo, Conselhos e Fundos Municipais, empreendimentos cadastrados no Cadastur, unidades de conservação e sítios reconhecidos pelo IPHAN. Os resultados revelam desigualdades institucionais e estruturais entre os municípios. A Região Cerrado & Pantanal apresenta maior densidade de geossítios, experiências de articulação intermunicipal e melhores condições para uma candidatura inicial a Geoparque. Os municípios da Região Campo Grande dos Ipês, por sua vez, apresentam inserções pontuais em políticas públicas de turismo, com destaque para Campo Grande, Rio Negro e Jaraguari — os únicos incluídos no Mapa do Turismo Brasileiro —, e concentram importantes sítios arqueológicos e formações naturais com potencial para uso turístico e ações de valorização patrimonial. A implementação de um Geoparque exige ações coordenadas entre universidades, poder público e comunidades locais, com destaque para a educação patrimonial como instrumento de pertencimento e preservação ativa. Com base nos dados analisados, concluiu-se que a viabilidade inicial de implantação é mais evidente na Região Cerrado Pantanal, que reúne condições técnicas e institucionais mais favoráveis.

Biografia do Autor

  • Izac Oliveira Belino Bonfim, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

    Estágio Pós-doutoral em Turismo na Universidade do Algarve (UAlg/Portugal). Doutor em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professor do Curso de Turismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

  • Sandra Garcia Gabas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

    Doutora em Engenharia de Minas pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Bacharela em Geologia pelo Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP). Professora do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

     

  • Waldir Leonel, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)

    Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional pela Universidade Anhanguera Uniderp. Bacharel em Turismo pela Faculdade Estácio de Sá. Professor do Curso de Turismo da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). 

  • Naiade Valenzuela de Alcantara, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

    Doutoranda em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Bacharela em Administração pela Universidade Anhanguera Uniderp. 

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Publicado

18.10.2025

Edição

Seção

Anais do Congresso Nacional de Ecoturismo - Artigos Completos

Como Citar

BONFIM, Izac Oliveira Belino; GABAS, Sandra Garcia; LEONEL, Waldir; ALCANTARA, Naiade Valenzuela de. Turismo e desenvolvimento local na Trilha Rupestre (MS): articulações para a viabilização de um geoparque nas regiões turísticas Campo Grande dos Ipês e Cerrado Pantanal. Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur), [S. l.], v. 18, n. 5, p. 434–462, 2025. DOI: 10.34024/s7m6h538. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/21061. Acesso em: 5 dez. 2025.