Observação de aves no Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis (RJ): aves, experiências e territorialidades

Autores

  • Victória Gonçalves do Canto Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Teresópolis
  • Vitor Guniel Cunha Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis
  • Ricardo de Barros Mello Filho Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis
  • Clara Carvalho de Lemos Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
  • Henrique Rajão Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio

DOI:

https://doi.org/10.34024/rbecotur.2025.v18.19478

Palavras-chave:

Observação de Aves, Unidade de Conservação, Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis, Territorialidades

Resumo

As aves são seres dotados de peculiaridades físicas, sonoras e comportamentais, e estes aspectos despertam vínculos afetivos, curiosidade e engajamento. O turismo de observação de aves cresce cada vez mais no território nacional, e no estado do Rio de Janeiro não é diferente. Teresópolis, município localizado na região serrana, está entre os principais roteiros dos observadores de aves do RJ, e isso se dá pelo fato de estar em meio à Serra dos Órgãos e cercada por três Parques, sendo um deles o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis-PNMMT. Atualmente o PNMMT vem investindo na implementação de um roteiro de observação de aves juntamente com infraestrutura adaptada a esta atividade. O objetivo deste artigo é destacar as principais experiências, motivações e investimentos do PNMMT para o desenvolvimento da observação de aves considerando os seguintes fatores: as primeiras ações da observação no Parque; a construção do roteiro de observação de aves e; o desenvolvimento do Vem Passarinhar. Essas experiências são discutidas a partir das relações entre a gestão e os produtores rurais da região de Santa Rita, que desenvolvem territorialidades socioambientais específicas. Este trabalho se baseia na experiência direta dos autores na concepção e implementação do roteiro, além da análise das diversas fontes documentais utilizadas e desenvolvidas ao longo do processo. Quanto as primeiras ações que impulsionam o Parque na implementação da observação de aves, a publicação do livro comemorativo Admiraves foi o principal documento que reunia à época as espécies de aves da UC. Foi verificado que, a partir da estruturação do setor de biodiversidade, o incentivo da observação de aves foi despertado, principalmente a partir da criação do roteiro de observação de aves. Além disso, o investimento em infraestrutura, como torre de observação de aves e um observatório na margem do lago natural, foram fundamentais para impulsionar as atividades de observação. A implementação do Vem Passarinhar nas Montanhas de Teresópolis possibilitou que observadores de todos os perfis conhecessem a unidade de conservação. Verificou-se, também, a partir das práticas e intervenções desenvolvidas pelos gestores e autores desta pesquisa, que, apesar das tensões que são próprias da relação entre gestores e agentes do território, os serviços turísticos de apoio à observação de aves têm se fortalecido e as iniciativas institucionais estão possibilitando a formação de redes de cooperação para o turismo, o que permite a valorização e envolvimento das territorialidades socioambientais aliadas à conservação da avifauna local através da ciência-cidadã.

Biografia do Autor

  • Clara Carvalho de Lemos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

    Programa de Pos-graduação em Meio Ambiente (PPGMA), Departamento de Turismo (DTur).

  • Henrique Rajão, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio

    Departamento de Biologia. Programa de Pós-Graduação Profissional Biodiversidade em Unidades de Conservação, Escola Nacional de Botânica Tropical (ENBT), Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ).

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Publicado

15.01.2025

Como Citar

CANTO, Victória Gonçalves do; CUNHA, Vitor Guniel; MELLO FILHO, Ricardo de Barros; LEMOS, Clara Carvalho de; RAJÃO, Henrique. Observação de aves no Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis (RJ): aves, experiências e territorialidades. Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur), [S. l.], v. 18, n. 1, p. 99–121, 2025. DOI: 10.34024/rbecotur.2025.v18.19478. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/19478. Acesso em: 5 dez. 2025.
Recebido 2024-09-05
Aprovado 2024-12-10
Publicado 2025-01-15