Turismo de Mergulho em Áreas Protegidas: análise das operadoras nas Ilhas dos Currais (PR)

Resumo

O presente artigo analisa a atuação da operadora Scubasul no contexto do turismo de mergulho recreativo nas Ilhas dos Currais, localizada no litoral do Paraná e integrante do Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais (PARNA). Inserida em uma Unidade de Conservação (UC) de proteção integral, essa atividade turística apresenta desafios específicos relacionados à sustentabilidade ambiental e à regulamentação do uso público em áreas marinhas protegidas. O objetivo central da pesquisa foi compreender de que maneira as operadoras de mergulho contribuem para a conservação marinha, para a educação ambiental dos visitantes e para a sustentabilidade do território em que atuam. A metodologia adotada teve caráter qualitativo, com abordagem exploratória e descritiva. Foi realizada uma entrevista semiestruturada com o fundador e operador da empresa Scubasul, ativo na região desde antes da criação oficial do parque, além de revisão bibliográfica e documental. Os resultados apontam para uma atuação comprometida com a conservação ambiental e a sensibilização dos visitantes, ainda que permeada por desafios estruturais, como a ausência de plano de manejo definitivo, limitações climáticas e baixa visibilidade subaquática. A Scubasul realiza práticas de orientação ambiental, controle do comportamento dos mergulhadores e monitoramento informal da biodiversidade local, contribuindo de forma prática para os objetivos da Unidade de Conservação. Do ponto de vista teórico, a pesquisa colabora para a ampliação do debate sobre turismo em áreas protegidas, especialmente marinhas, e sobre o papel das operadoras como mediadoras entre lazer, educação e conservação. Como contribuições práticas, o estudo oferece subsídios para a formulação de políticas públicas e o aprimoramento da gestão participativa em áreas marinhas, aproximando-se dos objetivos da Década do Oceano (2021–2030) e da Agenda 2030. Reconhece-se como limitação a análise centrada em uma única operadora e a ausência de múltiplas vozes envolvidas no turismo local. Sugere-se, para pesquisas futuras, o aprofundamento do estudo em outras UCs marinhas brasileiras e a incorporação de perspectivas complementares, como as de visitantes, gestores públicos e comunidades do entorno. Em tempos de crise climática e pressão sobre os ecossistemas costeiros, o turismo de mergulho, quando ético e orientado à conservação, mostra-se como uma ferramenta potente de educação ambiental e engajamento com o oceano.