Confissões de uma viajante: reflexões sobre a observação da vida silvestre a partir da autoetnografia

Resumo

A partir da autoetnografia procuro abordar aspectos socioculturais envolvidos na realização de viagens para observação da vida silvestre. Artigos acadêmicos escritos em primeira pessoa e a partir das experiências de vida do autor ainda são exceção. Muitas críticas como o egocentrismo são imputadas a esse tipo de texto. No entanto, a reflexão proposta por textos autoetnográficos permite compreender não somente as escolhas de vida do autor, mas a transformação cultural, histórica e afetiva da sociedade. Colabora também para a compreensão dos atravessamentos multiespécies que experienciamos, muitas vezes, sem notar. Essa invisibilidade da afetação que o outro nos provoca seja nas viagens, seja no dia a dia, não impede que haja transformações comportamentais e éticas individuais e coletivas. Nesse texto repleto de indagações tento demonstrar a complexidade envolvida nas relações do animal humano com o animal não-humano. Relações que são estabelecidas a partir da atividade turística para observação da vida selvagem, grupo em que estou envolvida na maioria das viagens que realizo.