Apagando a nota que diz escrava Efigênia da Silva, o batismo, o compadrio, os nomes, as cabeças, as crias, o tráfico, a escravidão e a liberdade (Luanda, c. 1770-c. 1811)

Autores

  • Roberto Guedes Ferreira UFRRJ
  • Roquinaldo Ferreira

Palavras-chave:

batismo, compadrio, escravidão, liberdade, Luanda.

Resumo

Mediante registros de batismo da freguesia de Nossa Senhora da Conceição de fins do século XVIII, o artigo analisa aspectos da escravidão urbana em Luanda. Salienta que, em um contexto marcadamente impactado pelo tráfico atlântico de cativos, o batismo e o compadrio serviram aos pais, sobretudo às mães, como prolafixia política contra a deportação via comércio de cativos. O simples fato de ser batizado e de receber nomes cristãos diferenciava os batizados e seus genitores das milhares de cabeças e crias igualmente batizadas, mas sem sequer receberem nomes cristãos no ritual do batismo, posto que eram destinadas ao tráfico atlântico de cativos. Isto significa que a hierarquia escravista se manifestou explicitamente nas formas de nomeação cristãs. Assim, não obstante suas dimensões religiosas, católicas ou não, o batismo e o compadrio (re)definiam estatutos jurídico-sociais na cidade, diferenciavam livres de forros e escravos, e podiam levar à alforria. Conclui-se que o cristianismo católico, a escravidão em Luanda e o comércio atlântico de cativos estavam umbilicalmente ligados.

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Publicado

2020-12-23

Como Citar

Ferreira, R. G., & Ferreira, R. (2020). Apagando a nota que diz escrava Efigênia da Silva, o batismo, o compadrio, os nomes, as cabeças, as crias, o tráfico, a escravidão e a liberdade (Luanda, c. 1770-c. 1811). Almanack, 1(26), 1–57. Recuperado de https://periodicos.unifesp.br/index.php/alm/article/view/9793

Edição

Seção

Dossiê Igreja Católica oitocentista numa perspectiva transnacional