Aristocracia negreira
a formação da nobreza imperial e o comércio clandestino de africanos em meados do oitocentos
DOI:
https://doi.org/10.1590/2236-463335ea01023Palavras-chave:
tráfico de africanos, escravidão, sociedade escravista, nobreza brasileira, Brasil ImpérioResumo
Nesse artigo analisaremos como o tráfico clandestino de africanos modulou a formação da aristocracia brasileira no início do reinado de Pedro II. Utilizaremos como fonte a imprensa liberal, associada ao abolicionismo emergente no final dos anos de 1840. Por meio do estudo dos periódicos O Philantropo e O Grito Nacional evidenciaremos a constituição de uma aristocracia negreira formada por homens nobilitados pelo Estado brasileiro enquanto operavam o comércio de africanos na clandestinidade. Assim, nosso texto segue dividido em quatro momentos. Nos dois primeiros, analisaremos a filiação política dessas folhas e as denúncias sobre a formação de uma aristocracia traficante no Império. Nos dois últimos, problematizaremos a narrativa abolicionista de meados do século, evidenciando como o antilusitanismo e o compromisso com a propriedade escrava isentaram a sociedade brasileira da responsabilidade sobre a sustentação do tráfico negreiro na ilegalidade, ao passo que personificaram o traficante, exclusivamente, na figura do português
Downloads
Métricas
Referências
ALBUQUERQUE, Wlamyra. O jogo da dissimulação: abolição, raça e cidadania no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
BETHELL, Leslie. A abolição do comércio brasileiro de escravos: a Grã-Bretanha, o Brasil, e a questão do comércio de escravos (1807-1869). Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura; São Paulo: Edusp, 1976.
BARMAN, Roderick. Denouncing discrimination and crusading for equality: “Joaquim Feliciano Gomes” vision of race in O Grito Nacional, 1850-1858. In: CONGRESO INTERNACIONAL DA BRASA, 9, 2008, Nova Orleans. Disponível em: https://brasa.org/wp-content/uploads/2020/07/BRASA_IX_Program.pdf. Acesso em: 15 abr. 2023.
BLAKE, Augusto V. Alves Sacramento. Dicionário Biográfico Brasileiro. vol. 4. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1970.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Teatro das sombras: a política imperial. 3 ed. São Paulo: Civilização Brasileira, 2007.
CARVALHO, Marcus J. M. de. O desembarque nas praias: o funcionamento do tráfico de escravos depois de 1831. Revista de História, São Paulo, n. 167, p. 223-260, jul./dez. 2012.
CARVALHO, Wagner Melo de. “O norte branda constituinte”: projetos na imprensa liberal no Brasil Império, 1850-1852. Trabalho de conclusão de curso (Bacharel em História). Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2022.
CHALHOUB, Sidney. A força da escravidão: ilegalidade e costume no Brasil oitocentista. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
COSTA E SILVA, Alberto. Um rio chamado Atlântico: a África no Brasil e o Brasil na África. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Ed. UFRJ, 2003.
COSTA-LIMA NETO, Luiz. Entre o Lundu, a ária e a aleluia: música, teatro e história nas comédias de Luiz Carlos Martins Pena (1833-1846). Rio de Janeiro: Folha Seca, 2018.
COSTA-LIMA NETO, Luiz. Costa-Lima Neto, L. (2023). A vitória das coristas francesas sobre a diretoria do Teatro de São Pedro de Alcântara (1850-1853). Revista Sala Preta, São Paulo, Vol. 22, n. 22, p.85-113, 2023. https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v22i2p85-113
CUPELLO. Rafael. O marquês de Barbacena: política e sociedade no Brasil imperial (1796-1841). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2022.
DE PAULA, Ryan Araújo. A repercussão da Praieira na imprensa: Rio de Janeiro, Minas Gerais e Ceará, 1848-1850. Trabalho de conclusão de curso (Bacharel em História). Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2020.
EL YOUSSEF, Alain. Imprensa e escravidão: Política e tráfico negreiro no Império do Brasil (Rio de Janeiro, 1822-1850). São Paulo: Intermeios; FAPESP, 2016.
FARIA, Sheila de Castro. Fortuna e família em Bananal do século XIX. In: MATTOS, Hebe; SCHNOOR, Eduardo (org). Resgate: uma janela para os oitocentos. Rio de Janeiro: Top Books, 1995. p. 63-97
FLORENTINO, Manolo; FRAGOSO, João. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil em uma economia colonial tardia. Rio de Janeiro, c.1790 – c.1840. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
GUIZELIN, Gilberto da Silva. No rastro dos traficantes retornados e foragidos para Portugal: A “Intelligencia Saquarema” no combate ao tráfico de africanos de escravos depois de 1850. Almanack, Guarulhos, n. 30, p. 1-42, 2022. https://doi.org/10.1590/2236-463330ea01920
GORENSTEIN, Riva; MARTINHO, Lenira M. Negociantes e Caixeiros na sociedade da independência. Rio de Janeiro: Departamento de Documentação e Informação Cultural da Cidade do Rio de Janeiro, 1992.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
KODAMA, Kaori. Os debates pelo fim do tráfico no periódico O Philantropo (1849-1852) e a formação do povo: doenças, raças e escravidão. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 28, n. 56, p. 407-430, 2008.
MAMIGONIAN, Beatriz. Africanos livres: a abolição do tráfico de escravos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
MATTOS, Ilmar. O tempo saquarema. 5 ed. São Paulo: Hucitec, 2004.
MESQUITA, João Marcos. O comércio ilegal de escravos no atlântico: a trajetória de Manoel Pinto da Fonseca, c.1831 – c.1850. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.
NEEDELL, Jeffrey. The Party of Order: The Conservatives, the State, and Slavery in the Brazilian Monarchy, 1831-1871. Stanford: Stanford University Press, 2006.
PARRON, Tamis. A Política da escravidão no império brasileiro: 1826-1865. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
PESSOA, Thiago Campos. A “Delação Alcoforado” e o comércio ilegal de africanos: notas de pesquisa. In: XAVIER, Regina; OSÓRIO, Helen (org). Do tráfico ao pós-abolição: trabalho compulsório e livre e a luta por direitos sociais no Brasil. São Leopoldo: Oikos, 2018. p.165-206.
PESSOA, Thiago Campos. Sob o signo da ilegalidade: o tráfico de africanos na montagem do complexo cafeeiro (Rio de Janeiro, c. 1831-1850). Tempo, v. 24, n. 3, p. 422-449, 2018. https://doi.org/10.1590/TEM-1980-542X2018v240302
PESSOA, Thiago Campos. Sobre o que se quis calar: o tráfico de africanos no litoral norte de São Paulo em tempos de pirataria. História (São Paulo), v.39, p.1-30, 2020. https://dx.doi.org/10.1590/1980-4369e2020030
PESSOA, Thiago Campos; ALMICO, Rita; SARAIVA, Luís Fernando. Vida, fortuna e morte: a trajetória de José Bernardino de Sá – Barão e Visconde de Villa Nova do Minho. In: SARAIVA; Luiz Fernando; SANTOS, Silvana Andrade dos; PESSOA, Thiago Campos (org). Tráfico & traficantes na ilegalidade: o comércio proibido de escravos para o Brasil (c.1831-1850). São Paulo: Hucitec, 2021. p. 25-70
PEREIRA, Walter Luiz Carneiro de Mattos. A trama da ilegalidade: tráfico de africanos no Sudeste brasileiro (1850-1860). In: XAVIER, Regina Célia Lima; OSÓRIO, Helen (org). Do tráfico ao pós-abolição: trabalho compulsório e livre e a luta por direitos sociais no Brasil. São Leopoldo: Oikos, 2018. p. 207-237
REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835. Edição revista e ampliada. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
RIBEIRO, Gladys S. Liberdade em construção: identidade nacional e conflitos antilusitanos no Primeiro Reinado. 2 ed. Niterói: Edduff, 2022.
RODRIGUES, Jaime. O infame comércio: Propostas e experiências no final do tráfico de africanos para o Brasil (1800-1850). São Paulo: Editora da Unicamp/Cecult, 2000.
VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o golfo do Benin e a baía de Todos os Santos: dos Séculos XVII ao XIX. 4 ed. Salvador: Corrupio, 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Thiago Campos Pessoa
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.