Aristocracia negreira

a formação da nobreza imperial e o comércio clandestino de africanos em meados do oitocentos

Autores

  • Thiago Campos Pessoa Biblioteca Nacional

DOI:

https://doi.org/10.1590/2236-463335ea01023

Palavras-chave:

tráfico de africanos, escravidão, sociedade escravista, nobreza brasileira, Brasil Império

Resumo

Nesse artigo analisaremos como o tráfico clandestino de africanos modulou a formação da aristocracia brasileira no início do reinado de Pedro II. Utilizaremos como fonte a imprensa liberal, associada ao abolicionismo emergente no final dos anos de 1840. Por meio do estudo dos periódicos O Philantropo e O Grito Nacional evidenciaremos a constituição de uma aristocracia negreira formada por homens nobilitados pelo Estado brasileiro enquanto operavam o comércio de africanos na clandestinidade. Assim, nosso texto segue dividido em quatro momentos. Nos dois primeiros, analisaremos a filiação política dessas folhas e as denúncias sobre a formação de uma aristocracia traficante no Império. Nos dois últimos, problematizaremos a narrativa abolicionista de meados do século, evidenciando como o antilusitanismo e o compromisso com a propriedade escrava isentaram a sociedade brasileira da responsabilidade sobre a sustentação do tráfico negreiro na ilegalidade, ao passo que personificaram o traficante, exclusivamente, na figura do português

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Publicado

2023-12-15

Como Citar

Pessoa, T. C. (2023). Aristocracia negreira: a formação da nobreza imperial e o comércio clandestino de africanos em meados do oitocentos. Almanack, (35). https://doi.org/10.1590/2236-463335ea01023

Edição

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Artigos