A etnoconservação em duas comunidades rurais tradicionais da mesorregião sudeste paranaense

Autores

  • Vanderlei Marinheski Universidade Estadual de Ponta Grossa/SEED-PR

DOI:

https://doi.org/10.34024/revbea.2024.v19.15434

Palavras-chave:

Faxinais, Sociobiodiversidade, Etnopesquisa, Capacidade de uso da terra, Conservação da natureza

Resumo

Este trabalho foi desenvolvido em dois faxinais do Paraná, Lageado de Baixo em Mallet e Lageado dos Mello em Rio Azul. O Sistema Faxinal foi organizado com base na racionalidade de convivência comunitária, nas práticas, nos costumes, nas tradições, na religiosidade dessas populações, nas formas de manejar a vegetação e na criação de animais em espaços de uso coletivo. Com objetivo de entender a dinâmica em relação ao uso e ocupação do solo nos dois faxinais e com base na aptidão produtiva desses territórios, foi discutida a etnoconservação em território faxinalense. A principal metodologia utilizada nesta pesquisa foi o diagnóstico participativo com os sujeitos locais, através de questionários semiestruturados. A confecção dos produtos cartográficos foi realizada com o software QGIS versão 2.18. O mapa de capacidade de uso da terra, proposto para as duas comunidades, aponta que mais de 33% da área, não apresenta aptidão para agricultura e deve ser usada para culturas permanentes ou preservação da flora e fauna na classe VIII. Por outro lado, no mapa de conflito de uso das terras, evidencia-se que 95%, da área dos dois faxinais, está com uso adequado para aptidão produtiva. A partir da interface dos resultados da pesquisa no território dos faxinais, Lageado de Baixo - PR e Lageado dos Mello – PR, foi discutido a etnoconservação em território faxinalense, as resiliências e perspectivas futuras quanto a conservação da biodiversidade e dos aspectos socioculturais dessas comunidades tradicionais.

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Publicado

01-02-2024

Como Citar

Marinheski, V. (2024). A etnoconservação em duas comunidades rurais tradicionais da mesorregião sudeste paranaense. Revista Brasileira De Educação Ambiental (RevBEA), 19(1), 166–191. https://doi.org/10.34024/revbea.2024.v19.15434

Edição

Seção

Artigos
Recebido: 2023-07-23
Aceito: 2023-12-05
Publicado: 2024-02-01