A educação de superdotados na educação matemática crítica

Discriminação ou inclusão?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34024/prometeica.2023.27.15371

Palavras-chave:

educação matemática critica, superdotados, inclusão, discriminação

Resumo

O presente artigo deriva de uma pesquisa qualitativa de cunho propositivo que busca levantar questões relacionadas à diferenciação e os atendimentos voltados para estudantes com Altas Habilidades ou Superdotação, à luz da educação matemática crítica. Para tal, é necessário compreender a definição, características, dificuldades e necessidades educacionais dos educandos com altas habilidades. Dentre estas necessidades estão o estímulo intelectual, o contato com pares, menos tempo em espera e desafios à altura de seu nível cognitivo, fatores que implicam na premência da provisão de atendimento. A educação matemática tem grande impacto no resultado desse atendimento, pois participa da efetivação de ações de enriquecimento, aceleração e diferenciação que são direcionadas para os alunos superdotados. Nesse contexto, a partir dos conceitos de ‘empowerment’ e ‘disempowerment’ descritos por Skovsmose, discute-se o processo de diferenciação para compreender se ele implica no desempoderamento de certas comunidades, em especial de alunos não superdotados. Sendo a diferenciação um processo necessário para atender as necessidades dos educandos com Altas Habilidades, ela não pode ser rapidamente descartada como sendo discriminação por habilidades. Há, entretanto, atitudes e aspectos desse processo que são capazes de levar a formas de discriminação. Esta reflexão é necessária para compreender a interseccionalidade entre a educação de superdotados e a educação matemática crítica e fundamentar o trabalho dos educadores matemáticos, avançando a Educação Inclusiva e Especial.

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Biografia do Autor

  • Heloísa Gabriela Paterno, Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul

    Atua com desenvolvimento integral jovem e educação neurodivergente. É acadêmica de Licenciatura em Matemática, Técnica em Informática, e fundadora da Rocketing, iniciativa social que busca desenvolver jovens através do ensino de STEM. A sua participação em olimpíadas científicas durante o ensino básico, em que recebeu mais de 20 premiações em diferentes áreas, impulsionou seu trabalho pela democratização de oportunidades e promoção do desenvolvimento pleno entre os jovens, tendo se engajado extensivamente em projetos sociais pela educação, ciência e equidade de gênero. Atualmente estuda, pesquisa e realiza ações sobre Altas Habilidades ou Superdotação (AHSD), atuando também no Núcleo de Acessibilidade às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) do IFC Campus Rio do Sul.

  • kauane Ferrari Luiz, Instituto Federal Catarinense campus Rio do Sul

    Acadêmica do curso de licenciatura em matemática do Instituto Federal Catarinense campus Rio do Sul (IFC). Envolveu-se no Projeto de Ensino - Monitoria das disciplinas de Pesquisa e Processos Educativos (I e II), pelo IFC. Atualmente, é estagiária pela Prefeitura Municipal de Rio do Sul, atuando como profissional de apoio na Educação Infantil e Educação Especial, e participa do Programa de Residência Pedagógica (PRP). Participa também do Núcleo de Acessibilidade às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), do IFC campus Rio do Sul, em que se envolve em projetos envolvendo a Educação Não Violenta e a Educação para Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD). Tem interesse nas áreas de Educação Matemática, Educação Matemática Crítica, Educação inclusiva, Altas Habilidades/Superdotação e Educação não Violenta.

  • Larissa Hang, Instituto Federal Catarinense

    Cursa Licenciatura em Matemática no Instituto Federal Catarinense- Campus Rio do sul a partir de 2020 e desde o inicio da sua formação docente envolveu-se em atividades extracurriculares como o PIBID e atualmente participa do Programa Residência Pedagógica. Para além, atua também no Núcleo de Acessibilidade às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) e é presidente do Centro Acadêmico Leibniz (CALE). Faz parte do projeto de extensão, do IFC- Campus Rio do sul, denominado "Pluralidades no movimento Feiras" de matemática, participando de cursos de formação e avaliação das mesmas. Possui interesse nas áreas de Educação Matemática, Educação Inclusiva e Feiras de Matemática.

  • Paula Civiero, Instituto Federal Catarinense

    Pós-doutorado e Doutorado em Educação Científica e Tecnológica. (UFSC). Mestre em Ensino de Matemática (UFRGS). Especialista em Metodologia do Ensino de Matemática (UNIDAVI/UFSC). Graduada em Ciências, habilitação plena em Matemática ( FAFI- PR). Professora da Educação Básica, Técnica e Tecnológica no Instituto Federal Catarinense (IFC) - Campus Rio do Sul e Coordenadora do Curso de Licenciatura em Matemática (IFC) Membro da Comissão Permanente da Feira de Matemática. Membro do Núcleo de Pesquisa em Educação Tecnológica (NEPET/UFSC) e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Educação Matemática e suas perspectivas (NEPEMP/IFC). Linhas de pesquisa: Formação de Professores; Educação Matemática Crítica, Feiras de Matemática e Implicações Sociais da Ciência e da Tecnologia. Busca em seus estudos atuais reconhecer as variáveis contemporâneas da equação civilizatória, de modo provocar reflexões sobre o papel social da educação.

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Publicado

2023-07-27

Edição

Seção

Artigos - Dossiê 1

Como Citar

Gabriela Paterno, H., Ferrari Luiz, kauane, Hang, L. ., & Civiero, P. . (2023). A educação de superdotados na educação matemática crítica: Discriminação ou inclusão?. Prometeica - Revista De Filosofia E Ciências, 27, 731-740. https://doi.org/10.34024/prometeica.2023.27.15371