MINERAÇÃO NA CAPITAL MINEIRA DO ECOTURISMO: IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO PROJETO MINAS-RIO

Autores

  • Luzia Costa Becker
  • Denise Castro Pereira
  • Josianne Cláudia Rosa

DOI:

https://doi.org/10.34024/rbecotur.2011.v4.5949

Resumo

A capital mineira do ecoturismo, Conceição do Mato Dentro (CMD), apresenta parte do seu território destinado à proteção do meio ambiente, por meio de categorias como reservas biológicas, áreas proteção ambiental e parques e se localiza em região de alta prioridade para conservação ambiental, conforme do ZEE de Minas Gerais informa. Esse território, entretanto, vem sendo submetido à atividade extrativista minerária, o que coloca em risco a biodiversidade e a sua vocação turística. Esse município apresentava-se como cenário ideal para o desenvolvimento do ecoturismo, entendido como aquele que concilia a exploração turística com o meio ambiente, harmonizando as ações com a natureza. O município de CMD integra a Reserva da Biosfera Serra do Espinhaço, dado o seu rico patrimônio natural e histórico-cultural e desde o ano de 2003, passou a reconhecer o ecoturismo como vetor de desenvolvimento local. Não obstante, a implantação do projeto mineral Minas-Rio, composto por mina, mineroduto e porto, desde o ano de 2006, por seus vários impactos socioambientais, tem provocado intensa discussão no que se refere ao processo de mudança do eixo de desenvolvimento do município, devido a transformação da sociobiodiversidade do território. Considerando tal problemática, o objetivo deste trabalho é refletir sobre os problemas resultantes da troca do eixo de desenvolvimento do município, a partir da contradição entre a conservação dos recursos naturais do território e a atividade extrativista que se instala no mesmo. Para tanto, após traçar a trajetória da política de turismo em CMD e da política minerária do estado mineiro, com destaque para a normativa do licenciamento ambiental como mecanismo de negociação e minimização dos impactos de projetos de alto impacto socioambiental, analisam-se as decisões tomadas pelo órgão ambiental do estado que entram em choque com as políticas conservacionistas locais, destacando as interpretações de membros da comunidade em seu processo de resistência à imposição do empreendimento. Este trabalho resulta da pesquisa realizada no âmbito do Laboratório de Cenários Socioambientais em municípios com mineração vinculado a Pró-reitoria de Extensão da PUC Minas, integrado ao Projeto Grandes Minas APLs e Comunidades, coordenado pelo Centro de Tecnologia Mineral. Como recursos metodológicos realizaram-se entrevistas com os atingidos pelo empreendimento, com representantes da sociedade civil organizada; a análise documental oriunda do licenciamento ambiental; a observação das reuniões do órgão ambiental; e um questionário aplicado 1,7% da população urbana de CMD. A análise dos conflitos gerados no processo de licenciamento ambiental da mina Sapo-Ferrugem em CMD evidencia os desafios que a mineração está impondo ao território para garantir a preservação da biodiversidade e dos recursos hídricos sem os quais os munícipes não poderão garantir e preservar o modo de vida tradicional e sem os quais o ecoturismo não poderá se efetivar como principal eixo de desenvolvimento do território. Ao fim da pesquisa percebe-se que o crescimento econômico pretendido com a mineração tende a promover a desigualdade social, a queda da qualidade de vida da população local, bem como a degradação dos recursos naturais essenciais a vida, como a água e a diversidade de fauna e flora.

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Publicado

24.10.2011

Como Citar

Becker, L. C., Pereira, D. C., & Rosa, J. C. (2011). MINERAÇÃO NA CAPITAL MINEIRA DO ECOTURISMO: IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO PROJETO MINAS-RIO. Revista Brasileira De Ecoturismo (RBEcotur), 4(4). https://doi.org/10.34024/rbecotur.2011.v4.5949

Edição

Seção

Arquivos Individuais
Recebido: 2011-07-01
Aceito: 2011-08-05
Publicado: 2011-10-24