Uso público e percepção do visitante: a experiência de uma parceria público-comunitária no PNM Alto Rio do Tanque (MG)

Autores

  • Filipe Rodrigues Moura Universidade Federal de Minas Gerais; Instituto Bromélia
  • Sandra Dalila Corbari Universidade Federal do Pampa

DOI:

https://doi.org/10.34024/dqqbbg58

Palavras-chave:

uso público, parceria público-privada, PNM Alto Rio do Tanque, Visitantes

Resumo

As parcerias em unidades de conservação (UC) no Brasil têm sido estabelecidas por meio de diferentes instrumentos jurídicos, destacando-se as concessões via parcerias público-privadas, especialmente em parques nacionais e estaduais. Essa estratégia é justificada pelas limitações institucionais e orçamentárias dos órgãos gestores, pela necessidade de investimentos em infraestrutura e pela busca por eficiência na gestão do uso público. No entanto, críticas têm emergido quanto à elitização do acesso, à fragilização da governança e à desconsideração de territorialidades tradicionais. Nesse contexto, surge o conceito de Parcerias Público-Comunitárias, que propõem a valorização de arranjos institucionais ancorados no protagonismo de coletivos locais, associações e organizações da sociedade civil. Com base nisso, o artigo teve como objetivo analisar uma experiência de parceria público-comunitária no Parque Natural Municipal (PNM) Alto Rio do Tanque, localizado em Itabira (MG), envolvendo uma OSC fundada por moradores da Comunidade Serra dos Alves. A pesquisa, de natureza exploratória e descritiva, adotou abordagem quali-quantitativa e participante, com base em dados primários e secundários. Os dados quantitativos foram obtidos por meio do monitoramento da visitação e de avaliações aplicadas aos visitantes entre setembro de 2022 e agosto de 2025. Nesse período, o parque recebeu 30.497 visitantes. A média diária foi de 27,83 visitantes. A principal motivação da visita foi o lazer individual. A avaliação da recepção foi amplamente positiva e indicou alta probabilidade de recomendar o parque a terceiros. A atuação do Instituto Bromélia fortaleceu o pertencimento comunitário, a conservação ambiental e a valorização cultural local, destacando a relevância das parcerias público-comunitárias como alternativa democrática e inclusiva na gestão de áreas protegidas. O Instituto foi reconhecido por boa parte dos participantes da pesquisa, como órgão gestor da UC. No entanto, há lacunas em relação à gestão do uso público e oportunidades de melhoria.

Biografia do Autor

  • Filipe Rodrigues Moura, Universidade Federal de Minas Gerais; Instituto Bromélia

    Analista Ambiental no Instituto Bromélia, Doutorando no PPG em Zoologia - UFMG.

  • Sandra Dalila Corbari, Universidade Federal do Pampa

    Professora Adjunta na UNIPAMPA.

Referências

BARROS, L. S. C.; LEUZINGER, M. D. Panorama e potencial econômico das políticas públicas de turismo em unidades de conservação no Brasil. Revista Jurídica Cesumar - Mestrado, v. 21, n. 2, p. 467-485, maio/ago. 2021.

BOTELHO, E. S.; RAIMUNDO, S. Aporte teórico-conceitual para a noção das parcerias público-comunitárias para o lazer e o turismo em áreas protegidas. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 25-46, jun. 2023.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília, 5 out. 1988.

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 19 jul. 2000.

BRUMATTI, P. N. M. O papel do turismo de observação da vida selvagem para a conservação da natureza. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v. 6, n. 4, p. 191-206, nov. 2013.

FERREIRA, D. L. G.; CORDEIRO, J.; CALAZANS, G. M. O turismo de base comunitária como perspectiva para a preservação da biodiversidade e aspectos culturais da Serra dos Alves, Itabira (MG). Research, Society and Development, v. 8, n. 1, p. 1-19, 2019.

FIGUEIRA, T. S.; GUERREIRO, Q. L. M.; SILVA, M. J. S.; MOREIRA, J. C.; SILVA, G. V. Perfil dos Visitantes na Floresta Nacional do Tapajós, Pará, Brasil. Biodiversidade Brasileira, v. 13, n. 2, p. 1-17, 2023.

GÂNDARA, A. M.; PAULA, A. C. G.; TAVEIRA, C. O.; GOMES, L. F. O.; MOURA, F. R.; TRINDADE, F. S. Prefeitura Municipal de Itabira. Plano de Manejo do Parque Natural Municipal do Alto Rio do Tanque: Encarte I. Ecolabore Engenharia Ltda: Itabira, 2020.

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBio). Instrução Normativa nº 5/2018/GABIN/ICMBIO, de 1º de junho de 2018. Estabelece diretrizes e procedimentos administrativos para o monitoramento da visitação em unidades de conservação federais. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 10 jul. 2018.

INSTITUTO SEMEIA. Visitômetro dos Parques do Brasil: dados, desafios e boas práticas do monitoramento da visitação. S. l.: Semeia, 2025.

LIU, W.; VOGT, C. A.; LUO, J.; HE, G.; FRANK, K. A.; LIU, J. Drivers and Socioeconomic Impacts of Tourism Participation in Protected Areas. Plos One, v. 7, n. 4, e35420, 2012.

MOURA, F. R. Termo de Fomento como ferramenta para promoção da conservação: o Parque Natural Municipal do Alto Rio do Tanque e o Instituto Bromélia, Itabira, MG. SAPIS, 11; ELAPIS, 6, USP, São Paulo. Anais... São Paulo: USP, 2024.

MOURA, F. R.; OLIVEIRA, A. M.; SOARES, L. A. A parceria do Instituto Bromélia e Prefeitura Municipal de Itabira na gestão do Parque Natural Municipal do Alto Rio do Tanque: o Termo de Fomento no desenvolvimento ambiental e socioeconômico. SAPIS, 11; ELAPIS, 6, USP, São Paulo. Anais... São Paulo: USP, 2024.

OBSERVATÓRIO DE PARCERIAS EM ÁREAS PROTEGIDAS (OPAP). Carta Aberta – Parcerias em Áreas Protegidas: por uma gestão pública democrática e plural. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 435-441, maio-jul. 2020.

PINTO, A. C. L.; MOURA, F. R. A comunidade da Serra dos Alves e o Instituto Bromélia: Implementação de ações para conservação e sustentabilidade. Revista Boletim Observatório da Diversidade Cultural, v. 99, n. 1, p. 31-50, 2023.

SANCHO-PIVOTO, A.; RODRIGUES, C. G. O.; BOTELHO, E. S.; MARTINS FONSECA, V. O processo de concessão no Parque Estadual do Ibitipoca (MG): questões preliminares sobre controle social das parcerias para o turismo. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v. 15, n. 4, p. 730-748, ago.-out. 2022.

SETUR RS se reuniu com representantes do Parque Nacional de Aparados da Serra para debater preço dos ingressos. A Folha, Torres (RS), 19 set. 2024. Disponível em https://afolhatorres.com.br/setur-rs-se-reuniu-com-representantes-do-parque-nacional-de-aparados-da-serra-para-debater-preco-dos-ingressos/. Acesso em 12 jun. 2025.

SOUZA, T. V. S. B.; SIMÕES, H. B. Contribuições do Turismo em Unidades de Conservação Federais para a Economia Brasileira - Efeitos dos Gastos dos Visitantes em 2018: Sumário Executivo. Brasília: ICMBio, 2019.

THAPA, K.; KING, D.; BANHALMI-ZAKAR, Z.; DIEDRICH, A. Nature-based tourism in protected areas: a systematic review of socio-economic benefits and costs to local people. International Journal of Sustainable Development & World Ecology, v. 29, n. 7, p. 625-640, 2022.

VALLEJOS, L. R. Uso público em áreas protegidas: atores, impactos, diretrizes de planejamento e gestão. Revista Eletrônica Uso Público em Unidades de Conservação, Brasília, v. 1, n. 1, p. 13-26, 2013.

VILA VELHA. Compre seu ingresso. Disponível em: https://parquevilavelha.com.br/compre-seu-ingresso/. Acesso em 12 jun. 2025.

WHITELAW, P. A.; KING, B. E.; TOLKACH, D. Protected areas, conservation and tourism – financing the sustainable dream. Journal of Sustainable Tourism, p. 584-603, 2014.

Downloads

Publicado

18.10.2025

Edição

Seção

Anais do Congresso Nacional de Ecoturismo - Artigos Completos

Como Citar

MOURA, Filipe Rodrigues; CORBARI, Sandra Dalila. Uso público e percepção do visitante: a experiência de uma parceria público-comunitária no PNM Alto Rio do Tanque (MG). Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur), [S. l.], v. 18, n. 5, p. 159–176, 2025. DOI: 10.34024/dqqbbg58. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/21181. Acesso em: 5 dez. 2025.