Subsídios para plano de visitação turística no território Potiguara: proposta aplicada às aldeias do município da Baía da Traição (PB)

Autores

  • Nielly Faustino Deolino Universidade Federal da Paraíba
  • Maria Vitória Lima da Silva Universidade Federal da Paraíba
  • Tarcianne Maria de Lima Oliveira
  • Anderson Alves dos Santos Universidade Federal da Paraíba

DOI:

https://doi.org/10.34024/gk65p746

Palavras-chave:

Ecoturismo, Turismo, Étnico, Indígena, Potiguara

Resumo

O turismo influenciado pelo modelo Fordista sofreu transformações significativas com a chegada do Pós-Fordismo na década de 1980, resultando na diversidade de experiências turísticas como o turismo cultural, ecoturismo e turismo étnico em áreas indígenas. Essas novas formas de turismo promovem a valorização de comunidades e povos tradicionais, buscando o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Diante disso, a Terra Indígena Potiguara, localizada na Paraíba, Brasil, é um exemplo de como o turismo pode ser direcionado para o desenvolvimento sustentável. Com 33 aldeias, sendo 13 no município de Baía da Traição, a região abrange riqueza cultural indígena e belezas naturais. O estudo realizado nessa área identificou pontos turísticos e rotas que valorizam a cultura Potiguara; ao mesmo tempo, enfatiza a necessidade de preservação ambiental. Porém, o turismo em terras indígenas requer uma gestão cuidadosa para evitar impactos negativos, como a perda de cultura e a exploração. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) estabeleceu a Instrução Normativa Nº 03/2015 para regulamentar o turismo em terras indígenas, visando gerar renda para as comunidades, valorizar a cultura e a preservação do meio ambiente. A proposta mostra alguns subsídios para a construção futura para um plano de visitação nas aldeias Potiguara incluindo rotas turísticas que destacam a cultura e a natureza local, com enfoque na educação ambiental e nas tradições indígenas Potiguara. Ressaltando que, para o turismo em terras indígenas ser realmente sustentável, é de suma importância o envolvimento ativo das comunidades na gestão do turismo. Incluindo a elaboração de planos de visitação contendo os interesses econômicos quanto à proteção ambiental e cultural. Buscando garantir que o turismo beneficia não apenas os visitantes, mas também contribui para o desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas e a preservação cultural.

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01.11.2025

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DEOLINO, Nielly Faustino; SILVA, Maria Vitória Lima da; OLIVEIRA, Tarcianne Maria de Lima; SANTOS, Anderson Alves dos. Subsídios para plano de visitação turística no território Potiguara: proposta aplicada às aldeias do município da Baía da Traição (PB). Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur), [S. l.], v. 18, n. 6, p. 870–890, 2025. DOI: 10.34024/gk65p746. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/19967. Acesso em: 5 dez. 2025.