Praias turísticas do Rio Grande do Norte: as duas faces dos cartões postais

Autores

  • Maria Christina Barbosa de Araújo Universidade Federal de Pernambuco
  • Cynthia Firmino Aires Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
  • Dina Ayara Araujo de Azevedo Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Julia Fanny de Jesus Resende Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.34024/rbecotur.2025.v18.19574

Palavras-chave:

Turismo costeiro, Praias, Percepção ambiental, Gestão costeira

Resumo

O turismo de sol e praia é crucial para os municípios litorâneos, especialmente no Brasil, que possui um litoral de 8.698 km de extensão, onde quase um quarto da população vive em cerca de 400 municípios. Fatores como clima, temperatura da água, vegetação, dunas e recifes de coral aumentam o valor paisagístico das praias, principalmente no Nordeste do país. Agências de viagens, redes hoteleiras e prefeituras divulgam as praias com imagens atrativas para vender pacotes de viagens e atrair turistas. Desde a década de 2000, estudos avaliam a qualidade das praias urbanas com base na percepção dos usuários, mostrando que os turistas se tornaram mais exigentes. Este estudo comparou as condições reais de três praias turísticas do Rio Grande do Norte (Genipabu, Ponta Negra e Pirangi) com o que é divulgado em promoções turísticas e avaliou a qualidade dessas praias na perspectiva dos visitantes. Para isso, foram analisados sites de turismo para identificar como as praias são divulgadas. A pesquisa em campo foi realizada durante dois finais de semana de dezembro de 2022, nos pontos mais frequentados de cada praia ao longo do dia (entre 9h e 16h). Foram aplicados 100 questionários anônimos em cada praia, avaliando dez questões relacionadas à escolha da praia, impressões do ambiente (água e areia), paisagem, infraestrutura e principais problemas. As três praias são promovidas como paraísos com belas paisagens, sendo cartões postais do Rio Grande do Norte; no entanto, existe uma discrepância significativa entre os anúncios e a situação real. A realidade muitas vezes surpreende negativamente os visitantes, principalmente em relação ao uso desordenado, falta de infraestrutura básica e altos níveis de poluição. Os usuários identificaram vários problemas e sugeriram soluções. Para garantir o uso sustentável destas praias, as ações de gestão costeira e os investimentos públicos precisam considerar essas percepções dos usuários.

Biografia do Autor

  • Maria Christina Barbosa de Araújo , Universidade Federal de Pernambuco

    Pós-doutora em Gestão Costeira pela Universidade Federal de Pernambuco

  • Cynthia Firmino Aires, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

    Mestra em Ciências Ambientais pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte

  • Dina Ayara Araujo de Azevedo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Mestranda do programa de pós-graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

  • Julia Fanny de Jesus Resende, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Doutoranda do programa de pós-graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro 

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Publicado

01.05.2025

Edição

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Artigos

Como Citar

ARAÚJO , Maria Christina Barbosa de; AIRES, Cynthia Firmino; AZEVEDO, Dina Ayara Araujo de; RESENDE, Julia Fanny de Jesus. Praias turísticas do Rio Grande do Norte: as duas faces dos cartões postais. Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur), [S. l.], v. 18, n. 3, p. 520–537, 2025. DOI: 10.34024/rbecotur.2025.v18.19574. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/19574. Acesso em: 5 dez. 2025.
Recebido 2024-10-03
Aprovado 2025-03-18
Publicado 2025-05-01