Turismo de observação de mamíferos aquáticos: benefícios, impactos e estratégias

Autores

  • José Martins da Silva Júnior Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Fernando de Noronha, PE

DOI:

https://doi.org/10.34024/rbecotur.2017.v10.6614

Palavras-chave:

Ecoturismo, Benefícios, Impactos, Baleia, Golfinho, Peixe-boi.

Resumo

Entendemos que o turismo de observação de mamíferos aquáticos no Brasil pode ser tratado nos moldes do significado internacional de "Whale Watching", incluindo a observação de peixes-boi. O objetivo deste trabalho é apresentar o conhecimento atualizado sobre turismo de observação de mamíferos aquáticos com discussão sobre benefícios, impactos e estratégias de conservação desta atividade, especialmente no Brasil. A metodologia deste trabalho compreendeu amplo levantamento bibliográfico, discussão em eventos científicos, pesquisa científica e realização de visita técnica em 51 localidades de turismo de observação de mamíferos aquáticos. Apesar de existirem muitos textos sobre o ecoturismo como instrumento de conservação, ainda não existe uma conclusão única. Os benefícios podem ser psicológicos, econômicos, ambientais, fisiológicos, sociais e educacionais. Os impactos mais observados são: alterações comportamentais em resposta ao tráfego de barcos; inibição de comportamentos biologicamente importantes, como alimentação, repouso e reprodução; indução a deslocamentos desnecessários, que não ocorreria naturalmente; diminuição das oportunidades de alimentação; aumento das possibilidade de predação; diminuição do cuidado parental; lesão e mortalidade por atropelamento. Um agravante do impacto do turismo de observação de mamíferos aquáticos é que estes animais atualmente estão expostos a vários outros estressores, como mudanças climáticas, agentes patogênicos, interação com pesca, tráfego de embarcações, indústria de óleo e gás, poluição química e sonora. As estratégias para minimizar o impacto da interação humana com mamíferos aquáticos incluem a limitação do número de barcos e a frequência e duração das interações de barco, fechamento de áreas e programas de educação para visitantes e prestadores de serviço. O turismo de observação de mamíferos aquáticos no Brasil começou na Amazônia, nos anos 80, e também cresceu rapidamente. Mesmo que grande parte das interações turísticas com mamíferos aquáticos no Brasil envolva espécies ameaçadas de extinção, manifestações de perturbações e alterações comportamentais, bem como acidentes de atropelamento têm sido relatados por diversos autores brasileiros. Atualmente, a legislação de proteção a mamíferos aquáticos consiste de vários instrumentos que não atendem à preservação dos mamíferos aquáticos, principalmente em função do crescimento e diversificação do turismo de observação de mamíferos aquáticos e da falta de detalhamento do que é “molestamento intencional”. A estratégia urgente do Brasil para que o turismo de observação de mamíferos aquáticos tenha o máximo de benefícios possível e o mínimo de impacto é a edição de uma Instrução Normativa atualizada para coibir o molestamento de mamíferos aquáticos no Brasil. Whale Watching: benefits, impacts and strategies ABSTRACT We understand that the tourism of observation of aquatic mammals in Brazil can be treated of "Whale Watching", includes the observation of manatees. The objective of this work is to present the updated knowledge about aquatic mammal observation tourism with a discussion about benefits, impacts and conservation strategies of this activity, especially in Brazil. The methodology of this work included a wide bibliographical survey, discussion in scientific events, scientific research and technical visits in 51 aquatic mammal observation sites. Although there are many texts on ecotourism as a conservation tool, there is still no single decision. The benefits can be psychological, economic, environmental, physiological, social and educational. The most observed impacts are: behavioral control in response to boat traffic; Inhibition of biologically important behaviors, such as feeding, rest and reproduction; Induction to unnecessary displacements, which do not occur naturally; Decreased feeding opportunities; Increased possibilities of predation; Decreased parenting; Injury and fatalities due to running over. An aggravating impact of aquatic mammal tourism is that these animals are exposed to various other stressors such as climate change, pathogens, interaction with fishing, vessel navigation, oil and gas industry, chemical and noise pollution. Measures to minimize the impact of human interaction with aquatic mammals include a limitation on the number of vessels and a frequency and timing for boat interactions, closure of areas and education programs for visitors and service providers. The tourism of observation of aquatic mammals in Brazil began in the Amazon in the 80s, and grew rapidly. Even though most of the tourism interactions with non-Brazilian aquatic mammals involve endangered species, manifestations of disturbance and behavioral change, as well as run-off acids and have been reported by several Brazilian authors. Currently, legislation to protect aquatic mammals consists of several instruments that do not address the preservation of aquatic mammals, mainly due to the growth and diversification of aquatic mammal observation tourism and the lack of detail of what is "intentional harassment". A strategy for aquatic mammal observation tourism with maximum benefits may be a minimum impact for an edition of an Normative Instruction for the development of aquatic mammals in Brazil. KEYWORDS: Ecotourism; Benefits; Impacts; Whale; Dolphin; Manatee.

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Biografia do Autor

José Martins da Silva Júnior, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Fernando de Noronha, PE

Núcleo de Gestão Integrada de Fernando de Noronha do ICMBio

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Publicado

31.05.2017

Como Citar

Silva Júnior, J. M. da. (2017). Turismo de observação de mamíferos aquáticos: benefícios, impactos e estratégias. Revista Brasileira De Ecoturismo (RBEcotur), 10(2). https://doi.org/10.34024/rbecotur.2017.v10.6614

Edição

Seção

Artigos
Recebido: 2016-10-30
Aceito: 2017-05-05
Publicado: 2017-05-31