O engajamento público na pesquisa científica em Áreas Protegidas: da pesquisa à gestão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.14314

Palavras-chave:

participação pública, Uso Público, unidades de conservação

Resumo

Há uma ampla gama de terminologias relacionadas ao engajamento público em pesquisas científicas como a ciência cidadã, monitoramento participativo, monitoramento de base comunitária e pesquisa-ação. Muitas destas são utilizadas para se referir a iniciativas promovidas no contexto do ecoturismo e dos diferentes tipos de uso público em áreas protegidas. Tendo em vista essa diversidade de termos, que em muitos casos, são apresentados como próximos ou sinônimos, o objetivo do trabalho foi analisar as correlações existentes entre os mesmos e suas implicações para a gestão. A partir de uma Análise de Conteúdo, discutimos nossos resultados à luz de quatro categorias relacionadas ao escopo de publicação das iniciativas de participação pública na pesquisa dentro de áreas protegidas - Governança, Operacional, Voluntários e Pesquisa, apresentados como categorias temáticas no presente trabalho. Evidenciamos que cada termo se relaciona de forma diferente frente às categorias, sendo a Ciência Cidadã, a única que tem contemplado todas as quatro. Da mesma forma, foi observado que a utilização de tais conceitos de forma flexível em projetos de pesquisa pode dificultar o mapeamento e a utilização dos dados para a gestão e futuras propostas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gabrielle Abreu Nunes, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP

Bacharela e Licenciada em Ciências Biológicas, Mestra em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP) na linha de pesquisa Instrumentos em Política Ambiental. Atualmente é pesquisadora de doutorado em Ecologia Aplicada na ESALQ/USP. Tem experiência com pesquisa na área de Gestão de Áreas Naturais Protegidas, atuando principalmente nos temas: Unidades de Conservação (UC); Ciência Cidadã; Monitoramento ambiental dos impactos do uso público.

Gabriela Francisco Pegler, Universidade de São Paulo, São Carlos, SP

Bacharela em Ciências Biológicas, Mestra em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Doutoranda em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP) na linha de pesquisa Instrumentos em Política Ambiental. Tem experiência com pesquisa na área de Gestão de Áreas Naturais Protegidas, atuando principalmente nos temas: Unidades de Conservação (UC); efetividade de gestão; gestão de pesquisa e impacto do uso público.

Victor Eduardo Lima Ranieri, Universidade de São Paulo, São Carlos, SP

Graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (1994), mestrado em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo (2000) , doutorado em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (2004) e livre docência pela Universidade de São Paulo (2016). Atualmente é professor associado da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Engenharia Ambiental, com ênfase na efetividade dos instrumentos de política ambiental voltados para a conservação da natureza, em especial aqueles aplicados às terras privadas.

Referências

ACEVES-BUENO, E. et al. Citizen science as an approach for overcoming insufficient monitoring and inadequate stakeholder buy- in in adaptive management: criteria and evidence. Ecosystems 18:493–506, 2015.

ALBAGLI, S.; CLINIO, A.; RAYCHTOCK, S. Ciência Aberta: correntes interpretativas e tipos de ação. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 434-450, 2014.

BÄCKSTRAND, K. Civic science for sustainability: reframing the role of experts, policy-makers and citizens in environmental governance. Global Environmental

Politics, v. 3, n. 4, p. 24-41, 2003.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo, Edições 70, 2011.

BARNARD, P.; ALTWEGG, R.; EBRAHIM, I.; UNDERHILL, L.G. Early warning systems for biodiversity in southern Africa –How much can citizen science mitigate imperfect data?. Biological Conservation. 208, 2017.

BRASIL. Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União, 19 de julho de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm>. Acesso em 31 de maio de 2023.

BENJAMINS, S. J. et al. “Evaluating the potential of photo-identification as a monitoring tool for flapper skate (Dipturus intermedius)”. Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems 28, no 6: 1360–73. 2018.

BERTO, R. M. V.; NAKANO, D.N. A produção científica nos anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção: um levantamento de métodos e tipos de pesquisa. Production, v. 9, n. 2, p. 65-75, 1999.

BICKFORD, D. et al. Science communication for biodiversity conservation. Biological Conservation, v. 151, n. 1, p. 74–76, 2012.

BONNEY, R. et al. Citizen science: a developing tool for expanding science knowledge and scientific literacy. BioScience, v. 59, n. 11, p. 977–984, 2009.

BONNEY, R. et al. Public Participation in Scientific Research: Defining the Field and Assessing Its Potential for Informal Science Education. A CAISE Inquiry Group Report. Online Submission, 2009a.< https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED519688.pdf>

BONNEY, R.; COOPER, C.; BALLARD, H. The theory and practice of citizen science: Launching a new journal. Citizen Science: Theory and Practice, v. 1, n. 1, 2016.

BORRINI, G. et al. Governance of protected areas: from understanding to action. Best practice protected area guidelines series, n. 20, 2013.

CALLAGHAN, C. T. et al. Avian monitoring–comparing structured and unstructured citizen science. Wildlife Research, v. 45, n. 2, p. 176-184, 2018.

CARR, A. J. Why do we all need community science? Society & Natural Resources, 2004.

CHANDLER, M. et al. Contribution of citizen science towards international biodiversity monitoring. Biological Conservation, v. 213, p. 280-294, 2016.

Collaboration for Environmental Evidence. Guidelines for Systematic Review and Evidence Synthesis in Environmental Management. Version 5.0. Environmental Evidence. 2018.

COHN, J. P. Citizen science: Can volunteers do real research? BioScience, v. 58, n. 3, p. 192–197, 2008.

CONRAD, C.C.; HILCHEY, K.G. A review of citizen science and communitybased environmental monitoring: issues and opportunities. Environmental monitoring and assessment, v.176, pp.273-291, 2011.

COOK, C. N.; HOCKINGS, M.; CARTER, R. W. Conservation in the dark? The information used to support management decisions. Frontiers in Ecology and the Environment, v. 8, n. 4, p. 181–186, 2010.

COOK, C. N.; POSSINGHAM, H. P.; FULLER, R. A. Contribution of Systematic Reviews to Management Decisions: Systematic Reviews. Conservation Biology, v. 27, n. 5, p. 902–915, 2013.

DANIELSEN, F.; BURGESS, N. D.; BALMFORD, A. Monitoring matters: Examining the potential of locally-based approaches. Biodiversity and Conservation, v. 14, n. 11, p. 2507–2542, 2005.

DUDLEY, N. Guidelines for applying protected area management categories. [s.l.] IUCN, 2008. Disponível em: <https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/PAG-021.pdf>. Acesso em 31 de maio de 2023.

EITZEL, M. V. et al. Citizen science terminology matters: exploring key terms. Citizen Science: Theory and Practice, v. 2, n. 1, 2017. <http://doi.org/10.5334/cstp.96>

PIRES, A.; FARIA, H.H.; ANTUNES, A.Z. Monitoramento colaborativo: a‘ciência cidadã’ atribuindo novos valores às pessoas e à conservação. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.15,n.3, pp. 414-433, 2022.

FARHADINIA, M. S. et al. Citizen science data facilitate monitoring of rare large carnivores in remote montane landscapes. Ecological Indicators, v. 94, p. 283-291, 2018.

FLESH, E. P.; BELT, J. J. “Comparing citizen science and professional data to evaluate extrapolated mountain goat distribution models”. Ecosphere, v.8, n.2. 2017.

FRITZ, S. et al. Citizen science and the United Nations sustainable development goals. Nature Sustainability, v. 2, n. 10, p. 922–930, 2019.

GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2017.

IPÊ; ICMBIO - INSTITUTO DE PESQUISAS ECOLÓGICAS; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Monitoramento Participativo da Biodiversidade: aprendizados em evolução. 2º ed, São Paulo, 2019. Disponível em: <https://ipe.org.br/publicacoes/ipe>. Acesso em 31 de maio de 2023.

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Práticas Inovadoras na Gestão de Áreas Protegidas. 1ª ed, 2014. Disponível em: <https://ava.icmbio.gov.br/pluginfile.php/70/mod_page/content/66/Revista%20Praticas%20Inovadoras%202014.pdf>. Acesso em 31 de maio de 2023.

IRVING, M. DE A. et al. Governança e políticas públicas: desafios para gestão de parques nacionais no Brasil. Politicas ambientales y gobernabilidad en America Latina, p. 79–103, 2007.

IRWIN, A. Citizen science: A study of people, expertise and sustainable development. [s.l.] Psychology Press, 1995.

JORDAN, R. C. et al. Evaluating the performance of volunteers in mapping invasive plants in public conservation lands. Environmental management, v. 49, n. 2, p. 425-434, 2012.

JUFFE-BIGNOLI, D. et al. Protected planet report 2014. UNEP-WCMC: Cambridge, UK, v. 11, 2014.

KINDON, S.; PAIN, R.; KESBY, M. Participatory action research. International encyclopaedia of human geography. Elsevier, p. 90-95, 2008.

KOBORI, H. et al. Citizen Science. Encyclopedia of Ecology (Second Edition). Elsevier, v. 1, p. 529-535. 2018.

LANE, N. F. A new bounty and its demands. Paper apresented at the AAAS addiliates meeting. February [online]. 1998. Disponível em: <https://www.nsf.gov/news/speeches/lane/nlaaas298.htm>. Acesso 31/05/2023.

LARSON, L.R. et al. Human-wildlife Conflict, Conservation Attitudes, and a Potential Role for Citizen Science in Sierra Leone, Africa. Conservation and Society 14, no 3: 205–17. 2016.

LAWRENCE, A. ‘No personal motive?’ Volunteers, biodiversity, and the false dichotomies of participation. Ethics Place and Environment, v. 9, n. 3, p. 279-298, 2006.

LEWIN, K. Action research and minority problems. Journal of social issues, v. 2, n. 4, p. 34-46, 1946.

MCTAGGART, R. (Ed.). Participatory action research: International contexts and consequences. Suny Press, 1997.

MOYER-HORNER, L.; SMITH, M.M.; BELT, J. “Citizen science and observer variability during American pika surveys”. Journal of Wildlife Management. 76, no 7: 1472–79. 2012.

NEWMAN, G. et al. Leveraging the power of place in citizen science for effective conservation decision making. Biological Conservation, v. 208, p. 55-64, 2017.

NUNES, G.A.; LINDENKAMP, T.C.M. A Ciência Cidadã e a Sustentabilidade: potencialidades da participação pública no turismo em Unidades de Conservação. Revista Eletrônica do Uso Público em Unidades de Conservação, v. 9, n. 14, p. 79-99, 2021.

PINHEIRO, R. T. Turismo de observação de aves nas Unidades de Conservação da região da Ilha do Bananal, Cantão (TO). Revista Brasileira de Ecoturismo, v.12, n.4, 2019.

PLAVÉN-SIGRAY, P. et al. The readability of scientific texts is decreasing over time. Elife, v. 6, 2017.

POUPART, J. et al. A Pesquisa Qualitativa. 2. ed., tr ed. [s.l: s.n.]. 2008

POCOCK, M. J. O. et al. Developing the global potential of citizen science: Assessing opportunities that benefit people, society and the environment in East Africa. Journal of applied ecology, v. 56, n. 2, p. 274-281, 2019.

PULLIN, A. S.; STEWART, G. B. Guidelines for systematic review in conservation and environmental management. Conservation biology, v. 20, n. 6, p. 1647-1656, 2006.

RIESCH, H.; POTTER, C. Citizen science as seen by scientists: Methodological, epistemological and ethical dimensions. Public understanding of science, v. 23, n. 1, p. 107-120, 2014.

SHIRK, J. L. et al. Public participation in scientific research: A framework for deliberate design. Ecology and Society, v. 17, n. 2, 2012.

SHUMBA, T.; MONTGOMERY, S. A.; RASMUSSEN, G. S. A. African wild dog habitat use modelling using telemetry data and citizen scientist sightings: are the results comparable?. African Journal of Wildlife Research, v. 48, n. 1, 2018.

SILVERTOWN, J. A new dawn for citizen science. Trends in ecology & evolution, v. 24, n. 9, p. 467–471, 2009.

SPEAR, D.M.; PAULY, G.B.; KAISER, K. Citizen science as a tool for augmenting museum collection data from urban areas. Frontiers in Ecology and Evolution, v. 5, n. JUL, 2017.

SWANN, D. E.; SPRINGER, A. C.; O’BRIEN, K. Using citizen science to study saguaros and climate change at Saguaro National Park. PARKScience, v. 28, n. 1, p. 69, 2011. < https://irma.nps.gov/DataStore/DownloadFile/616123>

THIEL, M. et al. Citizen scientists and marine research: volunteer participants, their contributions, and projection for the future. In: HUGHES, R. N.; HUGHES, D. J.; SMITH, I. P. Oceanography and Marine Biology: An Annual Review, v. 52, p. 257-314, 2014.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação (Coleção temas básicos de pesquisa-ação). [s.l.] São Paulo: Cortez, 1986.

VANN-SANDER, S.; CLIFTON, J.; HARVEY, E. Can citizen science work? Perceptions of the role and utility of citizen science in a marine policy and management context. Marine Policy, v. 72, p. 82-93, 2016.

VILLASEÑOR, E. et al. Characteristics of participatory monitoring projects and their relationship to decision-making in biological resource management: a review. Biodiversity and conservation, v. 25, n. 11, p. 2001–2019, 2016.

Downloads

Publicado

01.08.2023

Como Citar

Nunes, G. A., Pegler, G. F., & Ranieri, V. E. L. (2023). O engajamento público na pesquisa científica em Áreas Protegidas: da pesquisa à gestão. Revista Brasileira De Ecoturismo (RBEcotur), 16(4). https://doi.org/10.34024/rbecotur.2023.v16.14314