Turismo de observação de aves no PN Lagoa do Peixe: oportunidades ou ameaças?

Autores

  • Silvia Maria Kaiser Universidade dos Açores, Horta, Territorio Autonomo dos Açores https://orcid.org/0000-0002-7359-7755
  • Joao Manuel dos Anjos Goncalves Universidade dos Açores, Horta, Territorio Autonomo dos Açores https://orcid.org/0000-0001-7717-658X
  • Luís Fernando Carvalho Perelló Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP

DOI:

https://doi.org/10.34024/rbecotur.2022.v15.11994

Palavras-chave:

Observação de aves; Parque Nacional; Birdwatching; Ecoturismo; Áreas Protegidas.

Resumo

Observadores de aves ou “birdwatchers” podem integrar um nicho de mercado importante no âmbito do ecoturismo, contribuindo com o aporte econômico e conscientização ambiental. Observação de aves tornou-se um segmento do turismo de natureza, constituindo um mercado especializado. No Brasil, o “birdwatching” atrai turistas para mais de 50 destinos. Hoje existe em torno de 37 mil observadores de aves no Brasil e a atividade tem crescido exponencialmente. Estima-se que nos últimos dez anos houve um incremento de 1.650% neste número e a maioria dos observadores está vinculada à plataforma colaborativa WikiAves. O Brasil figura entre um dos mais importantes destinos para quem quer praticar a observação de aves. Neste estudo foi investigado se os observadores de aves reúnem perfil socioeconômico capaz de alavancar uma cadeia de ecoturismo no litoral médio do Rio Grande do Sul, onde se localiza o Parque Nacional da Lagoa do Peixe. A pesquisa verificou qual o peso econômico que o turismo de “birdwatching” poderá ter na região. Também foram listadas as deficiências que os observadores de aves apontaram na estrutura turística local e o que sugerem para melhorá-la. Foi apurado se existem espécies mais assediadas e as ferramentas empregadas na observação, como o playback. A amostra pesquisada demonstrou que os observadores de aves que frequentam a região são pessoas em sua maioria já estabelecidas profissionalmente, com situação financeira estável e real capacidade de consumo. Demonstram preocupação com a sustentabilidade da atividade e sugerem a criação de normativas para regular a atividade na região. O trabalho concluiu que a categoria tem condições de ajudar na implantação de uma cadeia turística local.

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Biografia do Autor

Silvia Maria Kaiser, Universidade dos Açores, Horta, Territorio Autonomo dos Açores

Possui Mestrado em Estudos Integrados dos Oceanos, pela Universidade dos Açores (2020), Portugal, Pós Graduação em Gestão da Qualidade para o Meio Ambiente pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2012), Graduação em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2002).

Luís Fernando Carvalho Perelló, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP

Biólogo, Mestre em Biologia e Doutor em Ciências pela Universidade Federal de São Carlos (São Paulo), com ênfase em Ecologia e Recursos Naturais. Entre suas linhas de pesquisa estão o planejamento da conservação voltado para áreas protegidas (zoneamento e o uso público). Mantém estreita relação com a pesquisa aplicada onde tem especial interesse por espécies exóticas invasoras, ecologia de áreas úmidas e licenciamento ambiental. É revisor de periódicos. Acumula experiência de dez anos como consultor em licenciamentos ambientais. É Analista da Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul (Fepam) onde já atuou com licenciamentos de mineração, rodovias, portos e parcelamento de solo e no momento lotado na Divisão de Infraestrutura e Saneamento. Entre 2012 e 2014 coordenou a Assessoria Técnica da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura; ocupou a Direção Geral do órgão tendo sido nomeado Secretário de Estado Adjunto. Atuou na docência superior (PUCRS e Uniritter) nos últimos 11 anos.

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Publicado

01.02.2022

Como Citar

Kaiser, S. M. ., Goncalves, J. M. dos A., & Perelló, L. F. C. . (2022). Turismo de observação de aves no PN Lagoa do Peixe: oportunidades ou ameaças?. Revista Brasileira De Ecoturismo (RBEcotur), 15(1). https://doi.org/10.34024/rbecotur.2022.v15.11994
Recebido: 2021-04-11
Aceito: 2021-10-14
Publicado: 2022-02-01

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