As relações políticas e comerciais luso-brasileiras
propostas de Joaquim José da Silva Maia para Brasil, Portugal e colônias africanas após a Independência (1826-1830)
DOI:
https://doi.org/10.1590/2236-463339ea20546Palavras-chave:
Independência do Brasil, Miguelismo, Política, Comércio, África, ImprensaResumo
O objetivo deste artigo é analisar as imbricações políticas e comerciais entre Brasil e Portugal no contexto do reconhecimento da Independência (1825), da regência de D. Isabel Maria (1826-1828) e das disputas entre D. Pedro e D. Miguel pelo trono português (1828-1834). Para tanto, examino os escritos do negociante e redator Joaquim José da Silva Maia (1776-1831) nos periódicos O Imparcial (Porto, 1826-1828) e O Brasileiro Imparcial (Rio de Janeiro, 1830). Neles, Maia abordou temas como o comércio luso-brasileiro de gêneros; a necessidade de um acordo comercial entre Portugal e Brasil após a Independência; o tráfico de escravizados; e a instauração de colônias agrícolas na África. Ao explorar essas conexões, o artigo contribui para um debate ainda incipiente sobre os vínculos políticos e de negócios entre Portugal e Brasil após a separação, evidenciando os interesses de grupos mercantis transatlânticos para preservar e ampliar ligações que incluíam territórios na África e na Ásia nas décadas de 1820 e de 1830.
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