História Social do Trabalho e perspectiva de gênero no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.1590/2236-463338ef00624Palavras-chave:
Historia Social Brasileira, Estudos de Gênero, Historia Social do TrabalhoResumo
Este texto se propõe a rastrear alguns fios da trajetória da história social das mulheres da segunda metade do século XX, discutindo tensões, interações e possíveis interrupções em torno da construção de uma perspectiva de gênero no Brasil. Para isso abordaremos alguns eixos de debates atuais sobre gênero, raça e classe nos mundos do trabalho, argumentando que reconhecer a historicidade e os contextos das pesquisas históricas que contemplaram a construção da diferença sexual pode ser um passo útil para a avaliação da produção historiográfica e também para delinear agendas de pesquisa.
Métricas
Downloads
Referências
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Proletários e escravos: imigrantes portugueses e cativos africanos no Rio de Janeiro, 1850-1872. Novos Estudos CEBRAP, n. 21, 1988.
ALLEMANDI, Cecilia. “El servicio doméstico en el marco de las transformaciones de la ciudad de Buenos Aires, 1869-1914”, Diálogos, 16, 2, 2012.
ANDUJAR, Andrea; PALERMO, Silvana, “Entre conflitos y harmonias: o assistencialismo empresarial na América Latina”, Revista Mundos do Trabalho, 13, 2021.
ARIZA, Marília Bueno de Araújo. Mães infames, filhos venturosos: trabalho, pobreza, escravidão e emancipação no cotidiano de São Paulo (século XIX). São Paulo: Alameda, 2020.
BATISTA, Natália. “Precisa-se de uma menor para pequenos serviços de uma casa”: a mão de obra infanto-juvenil no serviço doméstico carioca (1880-1930). Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 10, n. 20, p. 103-123, 2018.
BONOMO, Juliana Resende. "Com gosto" e "por gosto": o ofício das quitandeiras de Minas Gerais sob uma perspectiva histórica. 2020. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.
BORIS, Eileen; Produção, Reprodução, Casa e Trabalho. Tempo Social, Revista de. Sociologia da USP, v.26, n.1, 2014.
CAULFIELD, Sueann. Em Defesa da honra: moralidade, modernidade e nação no Rio de Janeiro (1918-1940). Campinas: Ed. da Unicamp, 2000.
CHALHOUB, Sidney; SILVA, Fernando Teixeira da. Sujeitos no imaginário acadêmico: escravos e trabalhadores na historiografía brasileira desde os anos 1980. Cadernos AEL, 2009.
CHALHOUB, S.. Trabalho, lar e botequim: O cotidiano dos trabalhadores no rio de janeiro da belle époque. Rio de Janeiro, Brasiliense, 1986.
CHARTIER, Roger; LYNN, Hunt (org). A Nova História Cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
COWLING, Camillia. Conceiving Freedom: Women of Color, Gender, and the Abolition of Slavery in Havana and Rio de Janeiro. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2013.
DABAT, Christine. Cadernos de História da UFPE, vol.11, n.11, 2016.
DAMASCENO, K. S.. Para serem donas de si: mulheres negras lutando em família (Feira de Santana, Bahia, 1871-1888). Salvador: EDUFBA, 2022.
DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Hermenêutica do quotidiano na historiografia contemporânea. Projeto História, n. 17, p. 223-258, 1998.
DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Quotidiano e poder em São Paulo do século XIX. São Paulo: Brasiliense, 1995 [1984].
DAVIS, Ângela. Mulheres, raça e classe. SP: Boitempo, 2016.
DAVIS, Natalie Zemon. Culturas do povo: sociedade e cultura no início da Franca Moderna, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
ESTEVES, Martha Abreu, Meninas Perdidas. Os populares e o cotidiano do amor na Belle Époque. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
FARIA, Sheila de Castro. Mulheres forras e estigma social. Tempo, pp. 62–92, 2000.
FARIA, Juliana Barreto. Mercados Minas: africanos ocidentais na praça do Mercado do Rio de Janeiro (1830–1890). Rio de Janeiro: Arquivo Geral da Cidade, 2015.
FEITLER, Bruno. Retomar a história da RBH. Revista Brasileira de História, n.38, v.80, pp.7-11, 2019.
FIGUEIREDO, Luciano. O avesso da memória: cotidiano e trabalho da mulher em Minas Gerais no século XVIII. Rio de Janeiro: José Olympio; Brasília, DF, EDUMB, 1993.
FORTES, A.; FONTES, P.; COSTA, H. da; SILVA, F.T. da; NEGRO, Antônio. Na luta por direitos: estudos recentes em história social do trabalho. Centro de Memória Unicamp, 1999.
FRACCARO, Gláucia. Os direitos das mulheres. Feminismo e trabalho no Brasil (1917-1937) Rio de Janeiro: FGV, 2018.
FREIRE, Jonis; CARULA, Karoline (org.). Raça, gênero e classe - trabalhadores (as) livres e escravizados (as) no Brasil. Rio de Janeiro, Mauad/Faperj, 2020.
GEREMIAS, Patrícia. Como se fosse da família: arranjos formais e informais de criação e trabalho de menores pobres na cidade do Rio de Janeiro (1860–1910).PhD Dissertação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2019.
GETIRANA, Yasmin. Na casa e na causa: a organização sindical das trabalhadoras domésticas (Rio de Janeiro, 1961-1973). Rio de Janeiro: Ed. Telha, 2023.
GONZALEZ, Lélia. Por um Feminismo Afro-Latino-Americano: Ensaios, Intervenções e Diálogos. Rio Janeiro: Zahar, 2020.
GOMES, Ângela de Castro. Burguesia e trabalho: política e legislação social no Brasil (1917-1937). Rio de Janeiro: Ed. 7 Letras, 2014 (2a edição).
GRAHAM, Richard. Feeding the City: From Street Market to Liberal Reform in Salvador, Brazil,1780–1860. Austin: University of Texas Press, 2010.
HUNT, Lynn; BONNEL, Victoria. Beyond the cultural turn: new directions in the study of society and culture Berkeley: University of California Press, 1999.
KARULA, Caroline; ARIZA, Marília B.A.. Escravidão e maternidade no mundo atlântico - Corpo, saúde, trabalho, família e liberdade nos séculos XVIII e XIX. Rio de Janeiro: EDUFF, 2022.
LARA, S. H.. Escravidão, Cidadania e História do Trabalho no Brasil. Projeto História, São Paulo, USP, vol. 16, pp. 25- 38, 1998.
LARA, S. H.. Blowin’in’the wind. Thomspon e a experiência negra no Brasil. Projeto História: Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados De História, 12, 2012. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/11300.
LIMA, H. E.. Wages of Intimacy: Domestic Workers Disputing Wages in the Higher Courts of Nineteenth-Century Brazil. International Labor and Working-Class History, pp.11-29, 2015.
LIMA, H. E. POPINIGIS, F. Maids, Clerks, and the Shifting Landscape of Labor Relations in Rio de Janeiro, 1830s-1880s. International Review of Social History, Cambridge, LXII: S25, 2017, pp. 1-29.
LIMA, Tatiana Silva de. Escravos e libertos nos serviços domésticos no Recife no Século XIX: mudanças e continuidades. Orientador: Franck Ribard. Tese (Doutorado em História) - Programa de Pós-Graduação em História, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2021.
LOBO, Elizabeth Souza. A classe operária tem dois sexos. São Paulo: ed. Brasiliense, 1991.
LOBATO, Mirta Zaida. Historia de las trabajadoras en la Argentina (1869-1960), Buenos Aires, Edhasa, 2007.
LONER, Beatriz Ana. Apresentação. Revista Mundos do Trabalho, v.1, n.1, p. 1-10, 2009.
MACHADO, Maria Helena P. T.; BRITO, Luciana da Cruz;VIANA, Iamara da Silva; GOMES, Flávio dos Santos (orgs.). Ventres livres: gênero, maternidade e legislação. São Paulo : Editora Unesp, 2021.
MATTOS, Marcelo Badaró. Trajetórias entre fronteiras: o fim da escravidão e o fazer-se da classe trabalhadora no Rio de Janeiro. Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 1, n. 1, p. 51–64, 2009.
MUAZE, M de A. F.. O que fará essa gente quando for decretada a completa emancipação dos escravos? - serviço doméstico e escravidão nas plantations cafeeiras do Vale do Paraíba. Almanack [Internet], pp. 65-87, 2016.
NASCIMENTO, Álvaro Pereira do Nascimento. Trabalhadores negros e “paradigma da ausência”: contribuições à história social do trabalho no Brasil. Estudos Históricos, v. 29, n. 59, p. 607-629, 2016.
NASCIMENTO, B.. A mulher negra no mercado de trabalho. In: RATTS, Alex. Beatriz Nascimento, uma história feita por mãos negras. Rio de Janeiro, Zahar, 2021.
NEGRO, A. L.; GOMES, F. Além de senzalas e fábricas: uma história social do trabalho. Tempo Social, revista de Sociologia da USP, São Paulo, vol. 18, n. 1, p. 217-240, 2006.
OLIVEIRA, Fernanda. Luciana Lealdina de Araújo e Maria Helena Vargas da Silveira: história de mulheres negras no pós-abolição do sul do Brasil. Niterói, EDUFF, 2020.
PALMER, Bryan D.. Response to Joan Scott. International Labor and Working-Class History, no. 31, pp. 14–23, 1987. Disponível: http://www.jstor.org/stable/27671670. Acesso em: 29 set. 2024.
PATON, Diana. Gender History, Global History, and Atlantic Slavery: On Racial Capitalism and Social Reproduction. The American Historical Review, v. 127, pp. 726-754, 2022.
PEDRO, Joana Maria; NECKEL, Roselane. História das Mulheres e a Hermenêutica do Cotidiano: entrevista com Maria Odila Leite da Silva Dias. Estudos Ibero-Americanos, [S. l.], v. 47, n. 1, p. e39831, 2021. Doi: 10.15448/1980-864X.2021.1.39831. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/iberoamericana/article/view/39831. Acesso em: 6 out. 2024.
PINSKY, C. B.. Estudos de Gênero e História Social. Revista Estudos Feministas, 17(1), pp.159-189, 2009.
PIRES, Isabelle Cristina da Silva, “Queremos lutar para honrar o nosso trabalho”: gênero, legislação social e operários/astêxteis no Rio de Janeiro (1926-1944). Tese (Doutorado em História), Programa de Pós-graduação em História Social do Instituto de História da UFRJ. Rio de Janeiro, 2023.
POPINIGIS, Fabiane. Aos pés dos pretos e pretas quitandeiras: experiências de trabalho e estratégias de vida em torno do primeiro mercado público de desterro 1840-1890. Afro-Ásia, pp.193-226, 2012.
POPINIGIS, F. Laboring woman of African descent in nineteenth century in Brazil. In: CONERMANN, S.; PAES M. D.; TERRA P. (org.). Current trends in slavery studies in Brazil. Berlin: De Grutyer, 2023.
POPINIGIS, F. e SCHETTINI, C. (Org.). Dossiê: Perspectivas de gênero nos mundos do trabalho. Revista Mundos do Trabalho, n°. 2, Janeiro – Julho de 2010. PRIORE, M. Del. História das mulheres: as vozes do silêncio. In: Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, 2001.
ROWBOTHAM, Sheila. Woman´s consciousness, man´s world. Baltimore: Penguin Books, 1973.
SCHETTINI, Cristiana; SURIANO, Juan, Historias cruzadas. Diálogos historiográficos sobre el mundo del trabajo en Argnetina y Brasil. Buenos Aires: Teseo, 2019.
SEWELL JUNIOR, William H. Language and practice in cultural history: backing away from the edge of the cliff. French Historical Studies, v.21, n.2, pp.241-254, 1998.
TAYLOR, Barbara. Eve and the new Jerusalem: socialism and feminism in the Nineteenth Century. Londres: Virago, 1983.
TELLES, Lorena Féres da Silva. Libertas entre sobrados: mulheres negras e trabalho doméstico em São Paulo (1880–1920). São Paulo: Alameda, 2013.
TERRA, Paulo Cruz; SOUZA, Robério Santos. Relações raciais e racismo nos mundos do trabalho. Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 15, p. 1–6, 2023.
TILLY, L.; SCOTT, J.. Women, Work and Family. New York and London: Methuen, 274 p., 1987.
TILLY, Louise. Gênero, História social e história das mulheres. Cadernos PAGU, (3), pp.29-62, 1994.
TINSMAN, Heidi. A Paradigm of Our Own: Joan Scott in Latin American History. The American Historical Review, v. 113, pp. 1357–1374, 2008. Doi: https://doi.org/10.1086/ahr.113.5.1357.
THOMPSON, E. P.. A formação da classe operária inglesa. [Tradução: Denise Bottmann]. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1987.
RIBEIRO, G.S.. Mata galegos: os portugueses e os conflitos de trabalho na República Velha. Editora Brasiliense, 1990.
SAMPAIO, G., LIMA, I., BALABAN, M. (org). Marcadores da diferença – raça e racismo na história do Brasil. Salvador, Edufba, 2019.
SANTOS, Tainá Aparecida Silva Santos. Histórias de Mulheres Negras no mercado de trabalho: caminhos trilhados e trajetos que ainda podem ser percorridos. In: SILVA, Lúcia Helena Oliveira; RODRIGUES, Jaime; SOUZA, Airton Felix Silva (org.). Escravidão e liberdade [recurso eletrônico]: estudos sobre gênero & corpo, memória & trabalho. São Paulo: FFLCH, 2023.
SCHETTINI, Cristiana. “Que tenhas teu corpo”: uma história social da prostituição na Primeira República. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 2006.
SCOTT, Joan Wallach (2010). Gender: Still a Useful Category of Analysis. Diogenes, 57(1), pp. 7-14, 2010.
SCOTT, J.. Storytelling. History and Theory, n. 50, pp. 203-209, 2011.
SILVA, Maciel Henrique. Pretas de honra: vida e trabalho de domésticas e vendedoras no Recife do século XIX (1840–1870). Recife: Editora de Universidade Federal de Pernambuco; Salvador: Editoria de Universidade Federal da Bahia, 2011.
SLENES, R.. O que Rui Barbosa não queimou: novas fontes para o estudo da escravidão no século XIX. Estudos Econômicos, v. 13, n. 1, pp. 117-149, 1983.
SOARES, Cecília Moreira, As ganhadeiras: mulher e resistência negra em Salvador no século XIX, Revista Afro-Ásia, 1996.
SOIHET, Rachel. A história das mulheres: cultura e poder das mulheres: ensaio de historiografia, Genero (Niteroi), v.2, n.1, pp.7-30, 2001.
SOIHET, Rachel; PEDRO, Joana Maria. A emergência da pesquisa da história das mulheres e das relações de gênero. Revista Brasileira De História, 27(54), pp. 281–300, 2007.
SOUZA, C. P; TARDIVO, G. P.; HAACK, Marina Camilo. Localizando a mulher escravizada nos Mundos do Trabalho. Revista Cantareira, 34ª ed. Jan-Jun, 2021.
SOUZA, Flavia Fernandes de. Criados, escravos e empregados: o serviço doméstico e seus trabalhadores na cidade do Rio de Janeiro (1850-1920). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2019.
STANSELL, Christine. A Response to Joan Scott. International Labor and Working-Class History, no. 31, 1987, pp. 24–29. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/27671671. Acesso em 29 Set. 2024.
STOLCKE, Verena. Cafeicultura: homens, mulheres e capital (1850-1980).
São Paulo, SP: Brasiliense, 1986.
STOLCKE, Verena; HALL, Michael M.. A introdução do trabalho livre nas fazendas de café de São Paulo. Revista Brasileira de História, pp. 80-120, set. 1983.
VARIKAS, Eleni. Gênero, experiência e subjetividade: a propósito do desacordo Tilly-Scott. Cadernos Pagu (3), pp.63-84, 1994.
WALSHAM, Alexandra. “Rough music and Charivari: Letters between Natalie Zemon David and Edward Thompson 1970-1972”. Past and Present, 235, 1, 2017.
XAVIER, Giovana; FARIAS, Juliana Barreto, GOMES, Flávio (org.). Mulheres negras no Brasil escravista e do pós-abolição. São Paulo: Selo Negro, 2012.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Fabiane Popinigis, Cristiana Schettini

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.









Esta revista é licenciada pela licença