Migrações, moléstias, sobrevivências

cearenses e piauienses na Santa Casa de Misericórdia (Teresina – 1879)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/2236-463338ea02924

Palavras-chave:

Migração, Ceará, Piauí, Doenças, Febres

Resumo

A seca de 1877-1879 impulsionou a migração em diferentes pontos do Norte do Império brasileiro, seja para fora dele ou para províncias limítrofes. Do Ceará, parte da população se deslocou para o Piauí, mas ao chegarem a essa província, continuaram vivenciando dificuldades, como fome, doenças e a morte. Acometidos pelas moléstias da época, muitos recorriam à Santa Casa de Misericórdia de Teresina, onde se juntavam aos piauienses. Partindo disso, este artigo analisa a presença de cearenses e piauienses internados na Santa Casa de Misericórdia de Teresina, no ano de 1879. Utilizando como fonte o Livro de Registros de internados daquele ano, verificou-se grande presença de cearenses entre os que procuravam atendimento no hospital, em número superior ao de piauienses, reforçando a expressividade da migração do Ceará para o Piauí naquele período. As moléstias mais frequentes eram febre intermitente, febre paludosa, cachexia paludosa, úlceras, vermes e diarreias. Observou-se extensos períodos de internação, o que permitiu levantar hipóteses acerca das estratégias de sobrevivência da população pobre e migrante.

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Biografia do Autor

  • Márcio Douglas de Carvalho e Silva, Universidade Federal do Piauí

    Doutor em História - Universidade Federal do Pará

    Pós-doutorado pelo Programa de Pós-graduação em História do Brasil - Universidade Federal do Piauí 

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Publicado

2024-12-12

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Migrações, moléstias, sobrevivências: cearenses e piauienses na Santa Casa de Misericórdia (Teresina – 1879). (2024). Almanack, 38. https://doi.org/10.1590/2236-463338ea02924