Rebelião escrava e a “hidra” revolucionária em páginas de jornais
o Reino Encantado, de Araripe Júnior (1878)
DOI:
https://doi.org/10.1590/2236-463337ea02223Palavras-chave:
Imprensa, Literatura, abolicionismoResumo
O presente artigo analisará o romance-folhetim O Reino encantado: crônica sebastianista, de Tristão de Alencar Araripe Júnior, publicado na Gazeta de Notícias em 1878. A obra narra a história de um movimento messiânico que se instalou no sertão de Pernambuco entre os anos de 1836 e 1838 e que reuniu centenas de pessoas, entre elas sertanejos livres, índios e escravos fugidos. Partindo do pressuposto de que a escolha da literatura que preenchia os rodapés do jornal não se restringia a critérios comerciais, mas se pautava também pelo potencial da seção para se discutir questões sociais candentes, a proposta é realizar o estudo do folhetim articulando-o: ao conteúdo das outras colunas da Gazeta; ao contexto histórico imediato de sua publicação; aos debates sobre os caminhos da abolição no Brasil e à questão do protagonismo dos escravos nas lutas pela liberdade.
Métricas
Downloads
Referências
CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem. A elite política imperial; Teatro de Sombras. A política imperial. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ/Relume-Dumará, 1996.
CASTRO, Hélder Brinate. Poética gótica e prosa regionalista: o caso de O Reino Encantado (1878), de Araripe Júnior. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: UFRJ, 2020.
CHACON, Vamireh. História das ideias socialistas no Brasil, 2ª ed., Fortaleza: Edições UFC/Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.
CHALHOUB, Sidney; PEREIRA, Leonardo Affonso Miranda. “Apresentação”. IN: A História contada: capítulos de história social da literatura do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1998.
CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis: historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
CHALHOUB, Sidney. “Posfácio”. IN: BADARÓ, Francisco Coelho Duarte. Fantina: cenas da escravidão. Posfácio e anotações de Sidney Chalhoub. São Paulo: Chão Editora, 2019, pp. 119-174.
CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
CHARTIER, Roger. A ordem dos livros. Brasília: Editora UNB, 2017.
CLEMENTES, Débora Cavalcantes de Moura. Representações da história da Pedra do Reino no Romance O Reino Encantado (1878), de Araripe Jr. Tese. João Pessoa: UFPB, 2012.
DANTAS, Monica Duarte (org.). Revoltas, Motins, Revoluções: homens livres pobres e libertos no Brasi do século XIX. São Paulo: Alameda, 2011.
DICKIE, Maria Amélia Schmidt. Afetos e circunstâncias: um estudo sobre os Mucker e seu tempo. Tese. São Paulo: USP-FFLCH, 1996.
EINSENBERG, Peter. Homens esquecidos: escravos e trabalhadores no Brasil. Séculos XVIII e XIX. Campinas: Editora da Unicamp, 1989.
FACÓ, Rui. Cangaceiros e fanáticos: gênese e lutas. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1976.
FRIDMAN, Fania. Socialismo romântico e a cidade do Rio de Janeiro. REVISTA DO ARQUIVO GERAL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, v. 1, p. 17-41, 2017.
FUNES, Eurípedes Antonio. Nasci nas matas, nunca tive senhor: história e memórias dos mocambos do baixo Amazonas. Fortaleza: Plebeu Gabinete de Leitura, 2022.
GAY, Peter. Represálias selvagens: realidade e ficção na literatura de Charles Dickens, Gustave Flaubert e Thomas Mann. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
GINZBURG, CARLO. O fio e os rastros: verdadeiro, falso. São Paulo: Companhia das Letras 2007.
GLEDHILL, John e SCHELL, Patience A. New approaches to resistance in Brazil and Mexico. Durham, North Carolina: Duke University, 2012.
GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: mocambos, quilombos e comunidades de fugitivos no Brasil (séculos XVII-XIX). São Paulo: Editora da UNESP, 2005.
GOMES, Flávio dos Santos. Histórias de quilombolas: mocambos e comunidades de senzalas no Rio de Janeiro, século XIX [ed. revisada e ampliada]. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
GRAHAM, Richard. “Nos tumbeiros mais uma vez? O comércio interprovincial de escravos no Brasil”. Afro-Ásia, 27 (2002), pp.121-160.
HERMANN, Jacqueline. No Reino do desejado. A construção do sebastianismo em Portugal, séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
HERMANN, Jacqueline. Sebastianismo e sedição: os rebeldes do Rodeador na “cidade do paraíso terrestre”, Pernambuco – 1817-1820. Tempo, v.6, n.11, pp.131-142.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. HOLANDA, Sergio Buarque de (org.). História Geral da Civilização Brasileira. 7ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005, Tomo II: O Brasil Monárquico, vol.7: Do império à República.
KODAMA, Kaori. Os índios no Império do Brasil: a etnografia do IHGB entre as décadas de 1840 e 1860. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; São Paulo: Edusp, 2009.
LARA, Silvia Hunold e MENDONÇA, Joseli Maria Nunes (orgs.). Direitos e justiças no Brasil: Ensaios de história social. Campinas: Editora Unicamp, 2006.
LAROUSSE, Pierre. Grand Dictionnaire Universel du XIX e. Siècle. Vol. IX. Paris: Administration du Grand Dictionnaire Universel, 1866-1876.
LEONIDIO, Adalmir. “Esta palavra socialismo... Ideias socialistas no Brasil no final do século XIX”, Textos de História, 12 (1-2), 2004.
LIMA, Alexandre. A literatura e o corpo na obra de Araripe Júnior: um estudo sobre a relação entre insanidade e atividade literária no final do século XIX. Dissertação de mestrado. Campinas: UNICAMP-IEL, 2004.
LIMA, Ivana Stolze. Cores, marcar e falas: sentidos da mestiçagem no Império do Brasil. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003.
LIMA, Luciano Mendonça de. "Quebra-Quilos: uma revolta popular na periferia do Império" In: DANTAS, Mônica Duarte (org.). Revoltas, motins, revoluções: homens livres pobres e libertos no Brasil do século XIX. São Paulo: Alameda, 2011.
LINEBAUGH, Peter; REDIKER, Marcus. A hidra de muitas cabeças: marinheiros, escravos, plebeus e a história oculta do Atlântico Revolucionário. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
MACHADO, Maria Helena Pereira Toledo. Crime e escravidão: trabalho, luta, resistência nas lavouras paulistas, 1830-1888. São Paulo: Brasiliense, 1987.
MACHADO, Maria Helena Pereira Toledo. O plano e o pânico: os movimentos sociais na década da abolição. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, EDUSP, 1994.
MACHADO, Maria Helena Pereira Toledo. “Teremos grandes desastres, se não houver providências enérgicas e imediatas: a rebeldia dos escravos e a abolição da escravidão”. O Brasil Imperial 1870-1889. Tradução. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
MAGGIE, Yvone e REZENDE, Claudia Barcellos (orgs.). Raça como retórica: a construção da diferença. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
MAIO, Marcos Chor e SANTOS, Ricardo Ventura (orgs.). Raça como questão: História, Ciência e Identidades no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2010.
MENDONÇA, Joseli Maria Nunes, Entre a mão e os anéis. A Lei dos Sexagenários e os caminhos da abolição no Brasil. Campinas: Editora da Unicamp; Centro de Pesquisa em História Social da Cultura, 1999.
MEYER, Marlyse. Folhetim: uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
MONTEIRO, Vanessa Cristina. A querela anticlerical no palco e na imprensa: os lazaristas. Dissertação de Mestrado. Campinas-SP: UNICAMP-IEL, 2006.
MORAES FILHO, Evaristo de. “A proto-história do marxismo no Brasil”, in: MORAES, João Quartim de; REIS, Daniel Aarão (orgs.), História do marxismo no Brasil, v. 1, O impacto das revoluções, 2ª ed., Campinas: Editora da UNICAMP, 2007.
MOTTA, Márcia e ZARTH, Paulo (orgs.) Formas de resistência camponesa: visibilidade e diversidade de conflitos ao longo da história. São Paulo: editora da UNESP; Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento agrário, NEAD, 2008.
NEVES, Frederico de Castro. A multidão e a história: saques e outras ações de massas no Ceará. Rio de Janeiro: Relume Dumará; Fortaleza, CE: Secretaria de Cultura e Desporto, 2000.
PEREIRA, Leonardo Affonso de Miranda. O Carnaval das Letras. Literatura e folia no Rio de Janeiro do século XIX. 2a ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2004.
PIROLA, Ricardo Figueiredo. Escravos e rebeldes nos tribunais do império: uma história social da lei de 10 de junho de 1835. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2015.
PIROLA, Ricardo Figueiredo. “A lei de Lynch no ocaso da escravidão: linchamentos, justiça e polícia (1878-1888). In: OSÓRIO, Helen; XAVIER, Regina Célia Lima (org.). Do tráfico ao pós-abolição. Trabalho compulsório e livre e a luta por direitos sociais no Brasil. São Leopoldo: OIKOS, 2018.
PIROLA, Ricardo Figueiredo. “Brazilian Slave Revolts”. Oxford Research Encyclopedia of Latin American History. 1ed. Londres: Oxford Research Encyclopedias, 2021, v. 1, p. 1-28.
PRICE, Richard. “Maroon Societies in the Americas”. Oxford Research Encyclopedia of African History. Londres: Oxford Research Encyclopedia, 2020.
QUEFFÉLEC, Lise. Le roman-feuilleton français ou XIX siècle. Paris: Presses Universitaires de France, 1989.
QUEIROZ, Jonas Marçal de. Da Senzala à República: tensões sociais e disputas partidárias em São Pão (1869-1889). Dissertação de Metrado. Campinas: UNICAMP-IFCH, 1995.
Queiroz, Maria Isaura Pereira de. O Messianismo no Brasil e no Mundo. 2ª ed. rev. e aum., São Paulo: Ômega, 1976.
REIS, João José. “Quilombos e revoltas escravas no Brasil. ‘Nos achamos em campo a tratar da liberdade’”. Revista USP, São Paulo, Vol. 28, dez. 1995-fev. 1996.
REIS, João José & GOMES, Flávio dos Santos. Liberdade por um fio. História dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
REIS, João José & GOMES, Flávio dos Santos (orgs.). Revoltas escravas no Brasil. 1ed.São Paulo: Companhia das Letras, 2021.
RIBEIRO, Filipe Nicoletti. A "Constituinte constituída": o Poder Moderador, o ministério Sinimbu e o parlamento nos antecedentes da adoção da eleição direta no Império do Brasil (1878-1880). Almanack, Guarulhos, n. 20, p. 242-265, set./dez. 2018.
SANTOS, Lucinéia Alves dos. Motta Coqueiro, a fera de Macabu. Literatura e imprensa na obra de José do Patrocínio. Dissertação de mestrado. Campinas-SP: UNICAMP-IEL, 2011.
SILVA, Antonio de Moraes. Diccionario da Lingua Portugueza. Vol. I. 8 ed. ver. Rio de Janeiro: Editora Empreza Litteraria Fluminense, 1890.
SLENES, Robert W. “The Brazilian Internal Slave Trade, 1850-1888: Regional Economies, Slave Experience, and the Politics of a Peculiar Market”. In: Walter Johnson (ed), The Chattel Principle. Internal Slave Trades in the Americas. New Haven: Yale University Press, 2004, pp. 325-370.
SOARES, Cristiano Emerson de Carvalho. Pereiras e Carvalhos: uma história da espacialização das relações de poder (Serra Talhada – PE). Dissertação de Mestrado. Natal-RN: UFRN-História, 2015.
SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
TRIZOTTI, Patrícia Trindade. Ao pé da página: o espaço tipográfico do folhetim na imprensa paulistana (1851-1946). Tese de doutorado em Letras, Universidade Estadual Paulista, Assis, 2016.
VIEIRA, Frei Domingos. Grande dicionário português: Tesouro da língua portuguesa. Porto, Portugal: Ernesto Chardron, Bartolomeu H. de Moraes, 1876.
YOUSSEF, Alain El. O império do Brasil na segunda era da abolição, 1861-1880. Tese de Doutorado: FFLCH-USP, 2019.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Ana Flávia Cernic Ramos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.









Esta revista é licenciada pela licença