A contrarrevolução miguelista e o exílio político liberal

Portugal e Brasil (1828-1834)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/2236-463336ed30223

Palavras-chave:

revolução, contrarrevolução, liberalismo, emigração, reinado de d. Miguel, exílio

Resumo

Neste artigo, são abordados alguns aspectos do processo de emigração política, resultante da dinâmica entre revolução e contrarrevolução, em Portugal, nas décadas de 1820 e 1830. Ainda que os sentidos e as direções dos exílios variem de acordo com o resultado das sucessivas disputas que se travaram no país entre realistas e liberais, será quando D. Miguel ascende ao poder, em 1828, que um número estimado em quase uma dezena de milhar de pessoas, acusadas de “acérrimas liberais”, é obrigado a deixar o país. Buscando ressaltar a natureza transnacional e transcontinental desse fenômeno migratório, apontamos as condições nas quais se encontravam esses emigrados, assim como os diferentes destinos que tomaram, incluindo, entre eles, o Rio de Janeiro e outras províncias do Brasil.

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Publicado

2024-04-22

Como Citar

Gonçalves, A. L., & Martins da Silva, L. G. (2024). A contrarrevolução miguelista e o exílio político liberal: Portugal e Brasil (1828-1834). Almanack, (36). https://doi.org/10.1590/2236-463336ed30223

Edição

Seção

Dossiê: Al filo de la transición. Contrarrevolucionarios, realistas y antiliberales en la encrucijada de las independencias iberoamericanas