Violência, juventude e idolatria clubística:
Uma pesquisa quantitativa com torcidas organizadas de futebol no Rio de Janeiro e em São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.34024/hydra.2016.v1.9135Palavras-chave:
Futebol, Violência, Torcida, Identidade ColetivaResumo
O presente artigo apresenta resultados de uma pesquisa quantitativa realizada com segmentos associativos de torcedores de futebol, denominados comumente de torcidas organizadas e/ou torcidas uniformizadas. A proposta geral do trabalho propôs-se a traçar um perfil socioeconômico do torcedor organizado contemporâneo, bem como a mapear a distribuição espacial das torcidas nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. A aplicação de questionários foi feita entre 2013 e 2015 e abrangeu um universo de mais de mil respondentes. Para os limites deste artigo, apresentam-se as percepções que os jovens aficcionados têm de suas próprias associações e de seus próprios comportamentos grupais nos estádios, nas sedes dos clubes, nas caravanas de viagem e nos trajetos rumo aos jogos. Marcados pelo estigma da violência, fonte de constante controvérsia por parte da opinião pública, procura-se aqui apresentar um quadro sociológico atualizado desses agrupamentos, acentuando aspectos mais compreensivos que judicativos. Evitam-se os juízos de valor e procura-se compreender de que modo os torcedores organizados veem sua atuação no universo do futebol profissional de alto rendimento, de que maneira eles se comportam diante das rivalidades clubísticas e como reconhecem suas ações coletivas segundo critérios de tipificação da violência mais ou menos aceitos, mais ou menos internalizados socialmente.
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