Os efeitos da campanha de nacionalização de Vargas na comunidade sírio-libanesa monolinguismo e estratégias linguístico-identitárias na revista ‘O Oriente’
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Résumé
Para estudarmos a imigração sírio-libanesa para a cidade de São Paulo é preciso que entendamos os marcadores utilizados pela sua intelectualidade para a construção identitária como grupo social. Tal processo identitário, assim como de outros grupos diaspóricos, perpassou questões como o território, a língua, a história, a ancestralidade, as propriedades e o caráter. Analisados a partir da revista ‘O Oriente’ de Mussa Kuraiem de dezembro 1942, tais marcadores foram selecionados para permitir a discussão sobre as maneiras pelas quais a comunidade de imigrantes construiu sua identidade em paralelo ao seu imaginário em torno da figura de Getúlio Vargas. Levando em conta o contexto de entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial e as políticas monolinguísticas de Vargas frente aos imigrantes, trazemos uma análise textual e de conteúdo sobre as maneiras pelas quais a revista de dezembro ‘O Oriente’ enfrentou tais questões. Considerando que, de 1941 até 1947, os artigos em árabe foram perdendo força na Revista, a hipótese que levantamos é a de que a sobrevivência da Revista às políticas de Vargas se deu por conta de suas estratégias linguísticas de construção e/ou separação da identidade brasileira. Partindo de tal proposta, o artigo questiona a potência da política, após o fim do Estado Novo, e reitera a luta estratégica e identitária do uso da linguagem presente nas folhas da revista ‘O Oriente’.
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