“Essa shawarma não é a nossa, mas tem que ser assim” a culinária e a memória sensorial da Síria em um restaurante árabe de Florianópolis
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Resumo
O artigo apresentado neste texto consiste em parte da reflexão desenvolvida em minha dissertação de mestrado “‘Entre nós já existe pão e sal’: Memória e técnica em restaurantes árabes da cidade de Florianópolis”. Nele, procuro refletir, a partir de meu trabalho de campo em uma lanchonete árabe da capital de Santa Catarina, sobre as maneiras por meio das quais a relação com a culinária e os estímulos sensoriais provenientes do preparo e consumo dos pratos originários da cultura de meu anfitrião, um imigrante deslocado pelo conflito sírio, atuam para evocar e presentificar, na experiência cotidiana, suas memórias da Síria anteriores à Guerra Civil no país. A análise baseia-se no conceito de memória dos sentidos para analisar, sob um viés etnográfico, os processos de subjetivação experimentados por imigrantes árabes em êxodo forçado, e como a relação de meu anfitrião, que torna-se proprietário e cozinheiro em um restaurante de comida árabe como resultado do processo migratório, com os cheiros e sabores das receitas da sua cultura intermedia e afeta sua relação com as lembranças de seu país de origem. Ao mesmo tempo, avalia-se se estes pratos atuam também como parte na narrativização destas memórias e das relações construídas por ele com seus clientes e outros sujeitos da comunidade islâmica de Florianópolis.
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