"Chegamos ao Rio e não sabemos onde estamos" refugiados sírios e o comércio de esfihas e quibes no Rio de Janeiro

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Gisele Fonseca Chagas
Houda Blum Bakour

Résumé

O artigo aborda como jovens sírios, que chegaram ao Rio de Janeiro para solicitar refúgio em decorrência da guerra na Síria, narram suas experiências cotidianas na cidade por meio da venda de salgados árabes, como esfihas e quibes. Essa atividade não apenas constituiu sua principal fonte de renda, mas também um meio de conquistar visibilidade no espaço público local, embora não sem conflitos e ambiguidades. Propomos que o relativo êxito alcançado por esses jovens na comercialização de salgados nas ruas cariocas está relacionado à presença histórica da comunidade árabe na cidade e aos diferentes modos de pertencimento à Síria. A pesquisa que fundamenta o artigo consistiu na realização de trabalho de campo etnográfico em diferentes períodos entre os anos de 2016 e 2018, com atualizações em 2019 e 2024.

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Dossiê

Biographies des auteurs

Gisele Fonseca Chagas, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Antropologia. Universidade Federal Fluminense. Vice-coordenadora do Núcleo de Estudos do Oriente Médio (NEOM/UFF). Bolsista de Produtividade CNPq e Cientista do Nosso Estado (FAPERJ). 

Houda Blum Bakour, Universidade de São Paulo

Psicóloga, mestre em antropologia, sírio-brasileira, pesquisadora do Núcleo de Estudos do Oriente Médio (NEOM/UFF). Atualmente é Bolsista de Treinamento Técnico (TT5) da Fapesp (Fapesp / Processo: 23/09438-0) no Projeto Temático: "Do Coração das Guerras à Poética da Plasticidade: Criação e Engajamento no Pensamento Artístico em Contextos Africanos dos anos 1980 a nossos dias".

Comment citer

"Chegamos ao Rio e não sabemos onde estamos": refugiados sírios e o comércio de esfihas e quibes no Rio de Janeiro. EXILIUM Revue d’Études de la Contemporanéité, [S. l.], v. 6, n. 10, p. 155–168, 2025. DOI: 10.34024/c94mg783. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/exilium/article/view/20694. Acesso em: 5 déc. 2025.

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