A História como ciência autônoma dos assuntos humanos

Collingwood e a experiência como experiência histórica

Resumo

Este artigo visa elucidar a noção de experiência própria da filosofia da história collingwoodiana. Argumentaremos que a experiência é o elemento operacional central e implícito a partir do qual Collingwood constrói os dois conceitos centrais de sua crítica à doutrina epistemológica realista, segundo a qual saber não implica nenhuma diferença do conhecido: a lógica das perguntas e respostas e a teoria das pressuposições absolutas. Primeiramente, mostraremos como ambos os conceitos surgem da própria prática de pesquisa do autor como alternativa ao exercício de práticas pseudo-históricas aninhadas no realismo e desatualizadas, como o método histórico de “cola e tesoura” e a história crítica. Em seguida, apelaremos às críticas de Quine e Davidson a dogmas do empirismo, demonstrando sua convergência com as discussões mantidas por Collingwood contra seus oponentes realistas e a comparação entre os conceitos collingwoodianos e a lógica de pesquisa semeada pelos autores, para relatar o pleno funcionamento de um conceito collingwoodiano de experiência capaz tanto de classificar efetivamente as críticas do idealismo e do relativismo histórico quanto de explicar efetivamente uma prática científica autenticamente histórica aberta à cooperação entre diferentes formas de conhecimento e modos de experiência.