Limpando o excesso de cinzas do passado para viver no presente:

Modos de pensar a memória e a História Oral em dois textos de Meneses (1992) e Portelli (2006)

Autores

  • Roger Camacho Barrero Junior Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • José dos Santos Costa Júnior Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.34024/hydra.2019.v4.9705

Palavras-chave:

Historiografia, Teoria da História, História e Memória

Resumo

Longe de ser uma produção que recupera um passado histórico, a memória consiste em todo um trabalho de produção com intenso investimento social de sentidos sobre as experiências passadas. Como as historiadoras e historiadores podem ler a memória como objeto da História? Por meio do diálogo com dois importantes estudiosos da relação história/memória, Alessandro Portelli e Ulpiano Bezerra de Meneses, o texto constrói uma reflexão de caráter teórico-conceitual sobre o lugar da memória na operação historiográfica. A memória pode ser tratada como objeto da história. Tal estatuto impõe a tarefa de situar temporalmente sua produção e a rede de relações em que ela se dá, além dos atores, fins e recursos materiais e simbólicos envolvidos em sua elaboração e gestão social. Fazer a História enquanto trabalho intelectual metodologicamente embasado requer o exercício heurístico, e eminentemente ético, de não naturalizar a memória, mas compreendê-la enquanto produção fisiológica, cultural e politicamente situada. Desnaturalizar a memória para elaborar a história permite multiplicar as leituras do passado e abrir novos olhares sobre o presente.

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Biografia do Autor

Roger Camacho Barrero Junior, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutorando pelo departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em História pela Universidade Fedral de São Paulo (Unifesp), bacharel e licenciado também em História pela mesma instituição. Estuda temas relacionados ao gênero, trajetórias de vida, partidos políticos e memória. Tem experiência como docente na educação pública e no Programa de Educação Tutorial (PET) do departamento de História da Unifesp. 

José dos Santos Costa Júnior, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutorando em História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em História pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Licenciado em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Áreas de atuação: história do Brasil, história da infância, teoria e metodologia da história, historiografia brasileira.

Referências

Textos analisados

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Publicado

2020-03-10

Como Citar

Barrero Junior, R. C., & Costa Júnior, J. dos S. (2020). Limpando o excesso de cinzas do passado para viver no presente:: Modos de pensar a memória e a História Oral em dois textos de Meneses (1992) e Portelli (2006). Revista Hydra: Revista Discente De História Da UNIFESP, 4(7), 170–197. https://doi.org/10.34024/hydra.2019.v4.9705