“Tocados da mania de escrever”:

a escrita como prática de contestação e denúncia na Casa de Detenção do Recife (1861-1875)

Autores

  • Aurélio de Moura Britto Doutorando em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

DOI:

https://doi.org/10.34024/hydra.2016.v1.9134

Palavras-chave:

Prisão, correspondências, contestação

Resumo

A pretensão deste artigo é demonstrar como os detentos da Casa de Detenção do Recife utilizaram da prática da escrita como forma de tornar público o que reputavam como as irregularidades perpetradas na gestão administrador Rufino Augusto de Almeida (1861- 1875). Deste modo, aqui não enfatizamos as dinâmicas internas de funcionamento da instituição, suas rotinas cotidianas e regulamentos. Nosso desígnio é delinear como determinadas redes políticas externas à instituição e as fissuras institucionais permitiram aos presos remeter às autoridades provinciais e aos jornais de oposição seus queixumes, burlando de um modo ardiloso um conjunto de determinações regulamentares vigentes. Por outro lado, nos interessa perceber as questões que as cartas tematizavam e suas possíveis implicações sociais. Assim, o artigo se abastece na perspectiva histográfica pela qual é premente analisar as conexões e contiguidades entre prisão e sociedade, mapeando suas articulações e interfaces.

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Publicado

2019-03-25

Como Citar

Britto, A. de M. (2019). “Tocados da mania de escrever”:: a escrita como prática de contestação e denúncia na Casa de Detenção do Recife (1861-1875). Revista Hydra: Revista Discente De História Da UNIFESP, 1(2), 46–77. https://doi.org/10.34024/hydra.2016.v1.9134

Edição

Seção

Artigos Livres