A síntese histórica por meio da arte:
o romance histórico n’o filme O Desafio (1965)
DOI:
https://doi.org/10.34024/hydra.2017.v2.9109Palavras-chave:
O Desafio, Romance Histórico, Ditadura civil-militarResumo
O presente artigo tem como objetivo analisar o romance presente no filme O Desafio (1965) de Paulo César Saraceni, encenado pelos personagens Marcelo (Oduvaldo Vianna Filho) e Ada (Isabella Cerqueira Campos). Para tal análise acerca da forma romanesca, utilizaremos as contribuições estéticas de György Lukács e metodológicas de Carlos Nelson Coutinho com o intuito de elucidar elementos categoriais do romance histórico presentes na narrativa fílmica e, particularmente, no personagem Marcelo. Defendemos que além do antagonismo de classe expressado na relação entre Marcelo – representante da esquerda – e Ada – representante da burguesia – há, consequentemente, um conflito no interior do romance entre os dois, onde ambos se posicionam distintamente. Igualmente, esses conflitos particulares – encontrados no romance – sintetizam os próprios conflitos sociais universais do período no qual o filme está inserido. Sintetiza também as incertezas das esquerdas, imediatamente após o golpe civil-militar de 1964, estabelecendo uma relação dialógica permanente entre o ficcional e o real, onde o primeiro consegue apreender os elementos fundamentais do segundo.
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