ENTRE FRONTEIRAS E DISSIDÊNCIAS
MIGRANTES NA HISTÓRIA DE GÊNERO E SEXUALIDADE NA AMÉRICA LATINA
DOI:
https://doi.org/10.34024/hydra.2024.v8.20608Keywords:
Migração; Dissidência sexual; Gênero; Interseccionalidade; Decolonialidade; Queer/Cuir.Abstract
Este artigo analisa criticamente a figura do/a migrante na história das dissidências de gênero e sexualidade na América Latina, articulando perspectivas interseccionais e decoloniais desde o período colonial até o século XXI. A colonização ibérica instaurou normativas heteropatriarcais que reprimiram identidades dissidentes, cujas reverberações se prolongaram nas independências nacionais. Examina-se a emergência de subculturas urbanas e ativismos queer/cuir transnacionais, bem como o papel das migrações — internas e externas — na intensificação de vulnerabilidades e na criação de redes de resistência. Com base em autores como Bento, Colling e Lugones, argumenta-se que ser simultaneamente migrante e dissidente de gênero/sexualidade exacerba exclusões socioeconômicas e simbólicas. Destaca-se, ainda, a potência política do termo cuir como estratégia de contestação às normatividades brancas, colonialistas e elitistas. A visibilização das narrativas LGBTT migrantes revela-se crucial para a construção de uma memória coletiva plural e para o fortalecimento de alianças latino-americanas.
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