A MASCULINIDADE DE PÁRIS NO DISCURSO ILIÁDICO

CONTRASTES DE GÊNERO NA POESIA HOMÉRICA

Autores

  • Felipe Daniel Ruzene UFPR

DOI:

https://doi.org/10.34024/hydra.2024.v8.20436

Palavras-chave:

Masculinidades, Homero, Ilíada

Resumo

Este artigo investiga a masculinidade do príncipe troiano Páris na narrativa da Ilíada de Homero, contrastando-a com outros modelos heroicos suscitados pela poesia épica. Diferentemente de Aquiles e Heitor, cuja masculinidade está mais associada à guerra e à honra, Páris (ou Alexandros) é frequentemente associado à feminilidade e à sedução, sendo criticado por outras personagens como o responsável pela guerra entre gregos e troianos pelo sequestro de Helena. A análise considera como a poesia homérica constrói modelos de masculinidade e suas contradições, explorando a tensão entre força e vulnerabilidade. Além disso, examina o papel do discurso na caracterização de Páris e as implicações sociais e culturais de sua representação. Em oposição às interpretações conservadoras que argumentam o solipsismo, virilidade e violência como marcas do homem homérico, este estudo propõe que a Ilíada não apresenta um modelo único e hegemônico de masculinidade, mas um campo de disputas simbólicas que pluralizam as noções de gênero no contexto diegético da epopeia arcaica.

Referências

ASSUNÇÃO, Teodoro Rennó. Nota crítica à bela morte vernantiana. Classica: Revista Brasileira de Estudos Clássicos, [S. l.], v. 7, p. 53–62, 1995.

AUBRETON, Robert. Introdução a Homero. São Paulo: Edusp, 1968.

CONNELL, Raewyn. Masculinities. 2. ed. Berkeley: University of California Press, 2005.

DE JONG, Irene. Three off-stage characters in Euripides. In: MOSSMAN, Judith (Ed.). Euripides. New York: Oxford University Press, 2011. p. 369-389.

HOMERO. Odisseia. Tradução: Trajano Vieira. São Paulo: Editora 34, 2014.

HOMERO. Ilíada. Tradução: Trajano Vieira. São Paulo: Editora 34, 2020.

STERN, Jacob. Phanocles’ Fragment 1. Quaderni Urbinati di Cultura Classica, Pisa, v. 3, p. 135-143, 1979.

LESSA, Fábio Souza. O feminino em Atenas. Rio de Janeiro: Mauad X, 2004.

LISSARRAGUE, François. The Athenian image of the foreigner. In: HARRISON, Thomas (Ed.). Greeks and Barbarians. New York: Routledge, 2002. p. 101-124.

LLOYD, Michael. Paris/Alexandros in Homer and Euripides. Mnemosyne, Leiden, v. 42, n. 1/2, p. 76–79, 1989.

LOURENÇO, Frederico. Introdução. In: HOMERO. Ilíada. Lisboa: Quetzal Editores, 2019. p. 5-28.

MACKIE, Hilary Susan. Talking Trojan: speech and community in the Iliad. Oxford: Rowman & Littlefield Publishers, 1996.

MELLSOP, Beatrice. Homer's dream guy: an exploration of masculinity and honor in the Odyssey. Studies in Mediterranean Antiquity and Classics, Saint Paul - MN, v. 7, n. 1, p. 1-8, 2023.

NAGY, Gregory. Homeric questions. Transactions of the American Philological Association, Baltimore, v. 122, p. 17–60, 1992.

PARRY, Milman. Published works. In: PARRY, Adam (Ed.). The making of Homeric verse: the collected papers of Milman Parry. Oxford: Clarendon Press, 1971.

RANSOM, Christopher. Aspects of effeminacy and masculinity in the Iliad. Antichthon: Australasian Society for Classical Studies, Cambridge, v. 45, p. 35–57, 2011.

SANTOS, Luiz César Teixeira dos. A atividade física e a construção da corporeidade na Grécia Antiga. Revista da Educação Física, Maringá, v. 8, n. 1, p. 73-77, 1997.

SARTRE, Maurice. Virilidades gregas. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. História da virilidade: a invenção da virilidade – da Antiguidade às Luzes. Vol. 1. Petrópolis: Editora Vozes, 2013. p. 17-70.

SCOTT, John. Paris and Hector in tradition and in Homer. Classical Philology, Chicago, v. 8, n. 2, p. 160-171, 1913.

SOUZA, Renata Cardoso de. Páris épico, Páris trágico: um estudo comparado da etnicidade helênica entre Homero e Eurípides (séculos VIII e V a.C.). 2014. 120 f. Orientador: Fábio de Souza Lessa. Dissertação (Mestrado em História Comparada) – Instituto de História, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

SUTER, Anne. Paris/Alexandros: a study in Homeric technique of characterization. Tese (Doutorado em Filosofia). 1984. Department of Classics – Princeton University, Princeton, 1984.

VERNANT, Jean-Pierre. A bela morte e o cadáver ultrajado. Discurso, São Paulo, Brasil, n. 9, p. 31–62, 1978.

WERNER, Christian. O mundo dos heróis na poesia hexamétrica grega arcaica. Romanitas: Revista de Estudos Grecolatinos, Vitória-ES, n. 2, p. 20-41, 2013.

WHITMAN, Cedric. Homer and the heroic tradition. Cambridge-MA: Harvard University Press, 1958.

WORMAN. Nancy. The body as argument: Helen in four Greek texts. Classical Antiquity, Berkeley, v. 16, n. 1, p. 151-203, 1997.

Downloads

Publicado

2025-11-26

Como Citar

A MASCULINIDADE DE PÁRIS NO DISCURSO ILIÁDICO: CONTRASTES DE GÊNERO NA POESIA HOMÉRICA. (2025). Revista Hydra: Revista Discente De História Da UNIFESP, 8(16), 169-188. https://doi.org/10.34024/hydra.2024.v8.20436