A PÍTIA DE DELFOS
GÊNERO E PROFECIA ATRAVÉS DAS EMISSÕES MONETÁRIAS DE CROTONA
DOI:
https://doi.org/10.34024/hydra.2024.v8.20405Palavras-chave:
Pítia; Iconografia monetária; DelfosResumo
Este artigo tem como objetivo investigar a importância simbólica e social da Pítia, sacerdotisa do oráculo de Apolo, no contexto da religiosidade grega, a partir da análise da iconografia monetária da pólis de Crotona. Por meio da presença recorrente do trípode — símbolo oracular diretamente associado a Apolo — nas moedas crotoniatas, torna-se possível compreender como a imagem de Apolo foi mobilizada para legitimar a fundação da cidade e fortalecer vínculos com o mundo helênico. A escolha desse símbolo revela a dimensão religiosa e política da colonização grega no Ocidente, ao mesmo tempo em que reforça o papel central da mediação profética no imaginário coletivo. A figura da Pítia, embora ausente fisicamente na iconografia, é evocada pelo trípode como intermediária indispensável entre o divino e o humano, destacando uma presença feminina recorrente em um contexto patriarcal. A análise se apoia em fontes textuais antigas, como Heródoto e Diodoro Sículo, e nas contribuições da arqueologia pós-processual e dos estudos de gênero, buscando compreender como a memória e os símbolos oraculares contribuíram para a construção identitária das pólis coloniais.
Referências
HERÓDOTO. Histórias. Trad. Pierre Henri Larcher. Disponível em: https://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/historiaherodoto.pdf. Acesso em: 16 fev. 2025.
DIODORUS SICULUS. Diodorus of Sicily. Vol. 4-8. Trad. C. H. Oldfather. Cambridge, Mass.: Harvard University Press; Londres: William Heinemann, 1989. Disponível em: http://data.perseus.org/citations/urn:cts:greekLit:tlg0060.tlg001.perseus-eng1:16.26.6. Acesso em: 18 fev. 2025.
Documentação numismática:
BRITISH MUSEUM. Coleção Numismática: Crotone. Disponível em: https://www.britishmuseum.org/collection/search?place=Crotone%20%28town%29. Acesso em: 22 mar. 2025.
WIKIMEDIA COMMONS. Croton AR Nomos (SNG ANS 398ff). Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Croton_AR_SNGANS_398ff.jpg. Acesso em: 22 mar. 2025.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BEARD, Mary. Mulheres e poder: um manifesto. São Paulo: Planeta, 2018.
DA SILVA, A. C. A adivinha de Esaú e Jacó. Principia, n. 21, p. 27–37, 2010.
DEELEY, Quinton. The Pythia at Delphi: A Cognitive Reconstruction of Oracular Possession. 2019.
DE ANGELO LAKY, Lilian. Crotona e suas conexões religiosas e políticas com Olímpia nos séculos VI, V e IV a.C.: As evidências das imagens monetárias de águias e raios. História: Questões & Debates, v. 69, n. 1, 2021.
EURÍPIDES. Ifigênia entre os Tauros. Tradução de Jaime Bruna. São Paulo: Escala, 2007. p. 52–54.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, 1984.
FRANCISCO, J. Pythagoras and the Incuse Coins of Magna Graecia.
GIORDANO, Cristiano. Antropologia do mundo antigo: mitologia e sociedade na Grécia clássica. São Paulo: Odysseus, 2000. p. 383.
GIORDANO, Manuela. From Gaia to the Pythia: Prophecy Suits Women. Journal of Ancient Judaism, v. 6, 2015.
JÚNIOR, Gilmar Kruchinski. A função dos oráculos no livro I das Histórias de Heródoto. 2015. Dissertação (Mestrado em Estudos Clássicos) – Universidade de Coimbra, Coimbra, 2015.
MÜLLER, Karl Otfried. Sobre os tripés. Amalthea, v. 3, 1825.
PONTIN, Patrícia. O oráculo de Delfos e a colonização grega: a construção de uma ideologia política. Interações, v. 9, n. 17, p. 171–185, 2008.
ULLUCCI, Daniel. Sacrifice in the Ancient Mediterranean: Recent and Current Research. Religious Compass, v. 6, n. 8, p. 310–322, 2012.
ÉSQUILO. Oresteia: Agamêmnon, Coéforas, Eumênides. Tradução, introdução e notas de Mário da Gama Kury. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. p. 277–278.