O estereótipo da loucura como instrumento de controle biopolítico sobre a mulher nos primeiros anos da república brasileira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34024/hydra.2022.v6.13684

Palavras-chave:

Histeria, Biopolítica, República brasileira

Resumo

Por anos, a mulher foi subalternizada, sendo relegada a posição de coadjuvante no relato histórico. Este trabalho objetiva retirar da escuridão essas figuras que foram sistematicamente caladas, condicionadas ao papel único de mãe e esposa, ceifadas de sua individualidade e liberdade. Com a História da Mulher intrinsecamente relacionada à História da Histeria, propõe-se uma análise da loucura enquanto estereótipo do feminino; investigando, assim, sua intervenção psiquiátrica como instrumento de controle do corpo. Com enfoque na cidade do Rio de Janeiro e na modernização que advém da Primeira República, a intenção é abordar a medicalização da “anormalidade” e a disciplinarização dos corpos sob uma ótica falocêntrica, com o controle biopolítico tendo destaque ao responder de forma eficaz aos anseios do Estado - e do modo de produção capitalista - na tentativa de se criar corpos dóceis e domesticados. Fazendo-se valer de uma ampla pesquisa bibliográfica, o presente artigo ambiciona dar voz à essas mulheres que foram por tanto tempo silenciadas. 

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Publicado

2022-11-03

Como Citar

Bessa Duarte, C. (2022). O estereótipo da loucura como instrumento de controle biopolítico sobre a mulher nos primeiros anos da república brasileira. Revista Hydra: Revista Discente De História Da UNIFESP, 6(11), 139–176. https://doi.org/10.34024/hydra.2022.v6.13684