Intercâmbios educacionais em tempos de guerra

os apontamentos de Robert K. Hall sobre as reformas do ensino secundário no Estado Novo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34024/hydra.2021.v5.12194

Resumo

este artigo analisa os principais apontamentos do pesquisador estadunidense Robert King Hall acerca das reformas do ensino secundário realizadas durante o Estado Novo. Em 1940, Hall cursava doutorado em educação comparada pela Universidade de Michigan (UM) e visitou o Brasil para realizar um estudo sobre nossa educação secundária. Esta viagem foi possível com o auxílio de uma bolsa de pesquisa obtida através de um convênio, assinado entre o Instituto Brasil-EUA (IBEU) e a UM, para promoção de intercâmbios educacionais entre os dois países. Tal iniciativa era resultado do contexto de aproximação entre Brasil e Estados Unidos promovida pela Política de Boa Vizinhança.  Utilizando dos conceitos de “circulação” e “moving localities”, busco discutir o processo de produção e fluxo de ideias entre educadores das duas nações a partir dos contatos estabelecidos por Hall com instituições e intelectuais brasileiros. Analisando a tese produzida pelo pesquisador, foi possível constatar críticas ao centralismo da educação brasileira e aos programas do curso secundário, recomendando-se uma maior flexibilização desta modalidade de ensino, de acordo com as diferenças regionais.

Palavras-chave: Educação Secundária; Política da Boa Vizinhança; Robert King Hall.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BOMENY, Helena M. Três decretos e um ministério: a propósito da educação no Estado Novo. In: PANDOLFI, Dulce (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1999.

BOMENY, Helena. Os intelectuais da educação. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

CERVO, Amado. Relações internacionais da América Latina: de 1930 aos nossos dias. 3ª ed., São Paulo: Saraiva, 2013.

DALLABRIDA, Norberto. A reforma Francisco Campos e a modernização nacionalizadora do ensino secundário. Educação, vol. 32, n. 02, maio/ago. 2009, p.185-191.

ESPINOSA, J. Manuel. Inter-American Beginnings of U.S. Cultural Diplomacy (1936-1948). Washington, D.C.: Department of State, 1977, p.69.

FARIA, Lina. Saúde e Política: a Fundação Rockefeller e seus parceiros em São Paulo. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007.

GONDRA, José Gonçalves. Apresentação do dossiê: viagens de educadores, circulação e produção de modelos pedagógicos. Revista Brasileira de História da Educação, n. 22, p.13-16, jan./abr. 2010.

KROPF, Simone P. Circuitos da boa vizinhança: Diplomacia cultural e intercâmbios educacionais entre Brasil e Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Varia História, Belo Horizonte, vol.36, n. 71, p.91-118, maio/ago. 2020.

LIMA, Mario Hélio Gomes de. Gilberto Freyre. Coleção Educadores. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2010.

MACCANN, Frank D. Aliança Brasil-Estados Unidos (1937-1945). Tradução: Jayme Taddei e José Lívio Dantas. 1. ed. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1995.

LOCHERY, Neill. Brasil: os frutos da guerra. Tradução: Lourdes Sette. 1ª ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015.

MOURA, Gerson. Autonomia na dependência. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

NINKOVICH, Frank A. The Diplomacy of Ideas: U.S. foreign policy and cultural relations (1938-1950). Cambridge University Press, 1981.

PALMER, Steven. Gênese da saúde global: a Fundação Rockefeller no Caribe e na América Latina. Tradução: Annabella Blyth. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2015.

RAJ, Kapil. Além dos pós-colonialismo... e pós-positivismo: circulação e a história global da ciência. Revista Maracanan, n. 12, dez./2015, p. 164-175.

RAJ, Kapil. Conexões, cruzamentos, circulações: a passagem da cartografia britânica pela Índia, séculos XVII-XIX. Cultura: Revista de História e Teorias das Ideias, v. 24, 2007, p. 155-179.

RAPOSO, Pedro M. P.; SIMÕES, Ana; PATINIOTIS, Manolis; BERTOMEU-SANCHEZ, José R. Moving localities and creative circulation: travels as knowledge production in 18th-century Europe. Centaurus, 2014, p. 167-188.

ROBERTS, Lisa. Situating Science in global history: local exchanges and networks of circulation. Itinerario, v. 33, issue 01, march 2009, p. 9-30.

ROCHA, Ana Cristina Santos Matos. Entre o Brasil e os Estados Unidos: intelectuais, ideias e projetos de educação (1927-1935). Rio de Janeiro: Editora PUC, Editora Fiocruz, 2020.

ROCHA, Ana Cristina Santos Matos. Experiências norte-americanas e projetos de educação no Distrito Federal e em São Paulo (1927-1935): Anísio Teixeira, Noemi Silveira, Isaías Alves e Lourenço Filho. 2016. 258f. Doutorado em História das Ciências e da Saúde – Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro, 2016.

SILVA, André Cândido Felipe da. A diplomacia das cátedras: a política cultural externa alemã e o ensino superior paulista – os casos da USP e da Escola Paulista de Medicina (1934-1942). História (São Paulo), v.32, n.01, p.401-431, jan./jun. 2013.

SILVA, André Felipe Cândido da. Dimensões históricas da internacionalização: o papel da diplomacia cultural alemã na mobilidade acadêmica transnacional (1919-1945). Política e Sociedade, Florianópolis, Vol. 17, Nº 38, Jan./Abr. de 2018, p. 256-303.

SOUZA, Josefa Eliana. O programa de instrução pública de Tavares Bastos (1861-1873): concepções a partir do modelo norte-americano. São Cristóvão: Editora UFS, 2012.

TOTA, Antonio Pedro. O imperialismo sedutor. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

VALIM, Alexandre Busko. O triunfo da persuasão: Brasil, Estados Unidos e o cinema na política de boa vizinhança durante a II Guerra Mundial. São Paulo: Alameda, 2017.

WARDE, Mirian Jorge. Americanismo e educação: um ensaio no espelho. São Paulo: Perspectiva, 2000, vol. 14, n.2, p.37-43.

Downloads

Publicado

2021-09-30

Como Citar

Mendonça Cunha, A. (2021). Intercâmbios educacionais em tempos de guerra: os apontamentos de Robert K. Hall sobre as reformas do ensino secundário no Estado Novo. Revista Hydra: Revista Discente De História Da UNIFESP, 5(10), 226–258. https://doi.org/10.34024/hydra.2021.v5.12194