“Aceitei eu, como rapariga de nenhum miolos”

o limiar da santidade e perversão, ou um duelo entre Deus e Demônio, no Piauí do século XVIII

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34024/hydra.2021.v5.11881

Palavras-chave:

Mulheres; Piauí Colonial; Transgressão.

Resumo

O presente trabalho parte da análise de duas confissões inquisitoriais realizadas pelas escravizadas Custódia Abreu e Joana Pereira de Abreu, na Capitania de São José do Piauí, em meados da década de cinquenta do século XVIII.  Nessa ocasião, elas confessam terem realizado um ritual para fins sexuais, por meio da invocação de um sujeito incógnito cuja alcunha varia entre Homem e Tundá, apesar de ser compreendido subjetivamente, do ponto de vista dos envolvidos, como demônio. Nesse interim, buscamos discutir acerca da inserção da figura feminina na escrita da História, para em seguida compreender as atuações correlatas a estas dentro do referido contexto e como eram operacionalizadas. Para este fim, levamos em conta as práticas ritualísticas como meio de uso do corpo, escoando a visão enrijecida da escravidão, na qual buscamos pensar para além da objetificação dessas sujeitas escravizadas.

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Publicado

2021-09-30

Como Citar

de Sousa Fé Barbosa, R. (2021). “Aceitei eu, como rapariga de nenhum miolos”: o limiar da santidade e perversão, ou um duelo entre Deus e Demônio, no Piauí do século XVIII. Revista Hydra: Revista Discente De História Da UNIFESP, 5(10), 40–66. https://doi.org/10.34024/hydra.2021.v5.11881