Escravidão na marcha para o oeste paulista:

continuidade e ruptura na composição das senzalas de Campinas, 1790 – 1810

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34024/hydra.2021.v5.11525

Palavras-chave:

Escravidão, Demografia Histórica, Lista Nominativa de Habitantes

Resumo

Este artigo objetiva compreender a formação das senzalas da vila de Campinas, interior de São Paulo, entre os anos de 1790 e 1810. O recorte temporal desta pesquisa advém de um momento crucial para a região do Oeste Paulista, quando houve um brusco aumento do preço do açúcar no mercado internacional e um rápido investimento em engenhos na região. Com a utilização de dezessete listas nominativas de habitantes de Campinas entre 1790 e 1810, este artigo propõe uma análise longitudinal a fim de identificar as possibilidades de permanência de escravizados, por anos a fio, numa mesma senzala. Para tal objetivo, foram selecionadas cinco senzalas de 1790 que possuíam 10 cativos ou mais, a partir das quais foram elaborados extensos mapas, nos quais cada cativo foi acompanhado individualmente. Como resultado da análise, percebeu-se nas escravarias uma impressionante estabilidade, apesar de muitos cativos desaparecerem em determinado ano e, por vezes, voltarem posteriormente. Muitos escravizados permaneceram por até 20 anos na mesma senzala. No que diz respeito aos sexos, mantiveram uma tendência de equilíbrio entre homens e mulheres, mas com os casados sendo mais representativos nessa continuidade em relação aos solteiros.

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Publicado

2021-04-14

Como Citar

Nicolette, C. E. (2021). Escravidão na marcha para o oeste paulista: : continuidade e ruptura na composição das senzalas de Campinas, 1790 – 1810. Revista Hydra: Revista Discente De História Da UNIFESP, 5(9), 229–252. https://doi.org/10.34024/hydra.2021.v5.11525